quarta-feira, 27 de junho de 2012

Um livro simpático e amigo dos pais



A Fralda Azul do Coelhinho - Uma história de amor e roupa suja
de Tatyana Feeney
Editor: Bertrand Editora
ISBN: 9789722524063



Sinopse

O Coelhinho faz tudo com a Fralda Azul. A Fralda Azul ajuda-o a pintar os seus melhores desenhos, a subir mais alto nos balouços e a ler as palavras mais difíceis. Precisam um do outro. Mas, certo dia, a mãe do Coelhinho insiste que a Fralda Azul tem de ser lavada. Diz que, depois disso, a Fralda Azul ficará como nova. Mas o Coelhinho Azul não sabe bem se gosta das coisas como novas. Será que a sua amiga alguma vez voltará a ser a mesma?
 
 
 
Achei este livro muito...  mimoso! 
Dedicado a crianças a partir dos 4 anos, acredito que meninos e meninas a partir dos 2 se conseguirão identificar com a história deste simpático coelhinho. 
O coelhinho tem uma fralda azul que adora.  Acompanha-o para todo o lado.  É o seu "objecto de conforto".  Mas, com tanta aventura vivida a dois, a fralda fica suja e tem de ser lavada.  Ora, o coelhinho gosta da sua fralda tal qual ela é...  Mas, depois de muitos minutos sentado em frente á máquina de lavar a ver a fralda a rodar de um lado para o outro, o coelhinho percebe que ela não está igual...  o cheiro não é o mesmo...  nem o toque...  Será que a fralda voltará alguma vez a ser a mesma???
Para todos os pais que têm de se debater para conseguir arrancar "aquele" peluche dos braços dos filhos, esta pode ser a história que vos dará permissão para lavá-lo!
Recomendo!

terça-feira, 26 de junho de 2012

Está quase...


O Prisioneiro do Céu
de Carlos Ruiz Zafón
Editor: Editorial Planeta
ISBN: 9789896573003


Sinopse

Barcelona, 1957. Daniel Sempere e o amigo Fermín, os heróis de A Sombra do Vento, regressam à aventura, para enfrentar o maior desafio das suas vidas. Quando tudo lhes começava a sorrir, uma inquietante personagem visita a livraria de Sempere e ameaça revelar um terrível segredo, enterrado há duas décadas na obscura memória da cidade. Ao conhecer a verdade, Daniel vai concluir que o seu destino o arrasta inexoravelmente a confrontar-se com a maior das sombras: a que está a crescer dentro de si.

Transbordante de intriga e de emoção, O Prisioneiro do Céu é um romance magistral, que o vai emocionar como da primeira vez, onde os fios de A Sombra do Vento e de O Jogo do Anjo convergem através do feitiço da literatura e nos conduzem ao enigma que se esconde no coração de o Cemitério dos Livros Esquecidos.
É já amanhã, dia 28, que chega aos escaparates nacionais a tradução do mais recente romance do espanhol Carlos Ruiz Zafón.  Retomando a linha de "A Sombra do Vento" ("O Prisioneiro do Céu" é citado como a continuação deste bestseller), este livro tem tudo para ser a grande sensação deste Verão!
Apesar de Zafón já contar com 4 livros traduzidos na nossa língua (5 se contarmos com o seu "Guia de Barcelona"), a verdade é que, até ao momento, ainda só li "A Sombra do Vento" (tenho "O Jogo do Anjo" a acumular pó, a aguardar a sua vez).  A razão para este fenómeno não é o de não ter gostado do livro...  Pelo contrário!  Gostei tanto que tive receio de pegar noutra obra do autor e decepcionar-me (por não ter a mesma qualidade ou, o que é ainda pior, por não passar de "mais do mesmo").  Mas sinto, cada vez mais, que está a chegar a altura de fazer outra visita a este autor!
Entretanto já ouvi, por mais que uma vez (que isto de se ser livreiro tem muito de conselheiro e de confidente) que há pessoas desiludidas com o seu "Marina" e "O Princípe da Neblina"...  Eu até percebo...  É que, apesar da editora portuguesa que os publica os ter direccionado para o público adulto (os que "devoraram" os outros 2), a verdade é que estes romances foram escritos para o público juvenil (Zafón ganhou mesmo o prémio de melhor obra juvenil, em Espanha).
Mas, Zafón-dependentes, nada temam:  nesta obra volta a escrita para adultos, de mestre, do autor que nos apresentou o Cemitério dos Livros Esquecidos!


domingo, 24 de junho de 2012

Genialidade Intemporal



Os Maias
de Eça de Queiroz
Editor: Livros do Brasil
ISBN: 9789897110207


Sinopse

Eça de Queiroz retrata-nos nesta obra um largo fresco da sociedade portuguesa. Como observa lucidamente Helena Cidade Moura, em Carlos da Maia, "uma educação exemplar não o liberta do peso da hereditariedade social. Personagens de um grande mundo, os netos de Afonso da Maia, vivificados e alimentados pela grande civilização europeia caem, apesar de tudo, ali numa rua ao Chiado".



E pronto, se dúvidas houvessem este post vai acabar com elas...  Admito:  sou um bocado "careta" nos meus gostos literários (ou, como diz um colega meu, "geriátrica").  Se um livro é verdadeiramente bom, há-de sê-lo sempre, independentemente da altura em que foi escrito, das modas passageiras que arrasam com obras de menor qualidade ou mesmo, como é o caso deste, da obrigatoriedade de leitura no ensino português que faz com que milhares de alunos todos os anos lhe ganhem um ódio de estimação.
Li "Os Maias" pela primeira vez na praia, ainda antes de o saber de leitura obrigatória no 12º.  Não será propriamente uma "leitura leve", mas aqueles dias em que me acompanhou até ao areal tornou as minhas tardes muito mais agradáveis.  Passo a explicar...  Sou um bicho raro que não tem um gosto particular na época balnear!  Mas, na altura, fazia parte de um grupo de amigas que vivia para o escurecimento da pele.  E lá passavam elas a tarde, a cronometrar as meias-horas de frente e de costas (para o bronze ficar uniforme), a ir poucas vezes à água (que não estavam lá para tomar banho, que isso podiam fazer em casa) e eu ali, feita mastronça, a pensar como me tinha deixado arrastar para aquilo.  E então, na biblioteca do meu pai, descobri o meu salvador!
Dizer que adorei o livro é pouco!  Confessar que já o reli algumas 5 vezes, é embaraçoso.  Admitir que "preciso" de relê-lo pois já há alguns 4 anos que não o faço, é perturbante.  Mas é verdade!  Quando passo algum tempo sem mergulhar nesta obra, começo a sentir saudades, como de um amigo querido a quem o ritmo do dia-a-dia nos impede de encontrar e por a conversa em dia. 
Sinto a falta do Carlos e da Maria Eduarda, com o seu amor proibido antecedido por jogos de sedução intemporais;  sinto falta do João da Ega, alter-ego do Eça, que me faz sempre sorrir com as suas tiradas irónicas e com as peripécias amorosas com a bela Cohen; tenho saudades do Alencar, que sempre vi como um "tio" benemérito, a voz da moral para Carlos da Maia, para quem não é mais que o amigo do pai; sinto falta do Cruges e das queijadas esquecidas;...  Até sinto falta do Eusebiozinho com as suas prostitutas espanholas num hotel em Sintra.  E sim, já que disso falo, sinto falta de ver a "Minha" Sintra imortalizada na pena de um dos maiores escritores portugueses de sempre!
Se compreendo a aversão institucionalizada d' "Os Maias"?  Sim, entendo!  Tudo o que é feito por obrigação ganha um peso moral que (quase) nos impede de o apreciar.  E sim, as primeiras cento e tal páginas descritivas do Ramalhete e afins torna o arranque difícil. 
Mas, a sério, acreditem nesta "geriátrica"...  Se lhe derem o benefício do vosso tempo e da vossa atenção, este é um livro que nunca desapontará!!!


Nota 5


A Cidade Impura
(Costa Book of The Year Award, 2011)
de Andrew Miller
Editor: Editorial Presença
ISBN: 9789722348393



Sinopse

A Cidade Impura é um romance contemporâneo britânico, publicado em 2011, que venceu o aclamado Costa Book of the Year Award relativo a esse mesmo ano, prémio inglês para escritores residentes no Reino Unido e Irlanda, também atribuído a J.K. Rowling, em 1999.

Os tempos são os que antecedem a Revolução Francesa, o local é Paris. Jean-Baptiste Baratte é um jovem engenheiro que chegou da Normandia, chamado a Versailles pelo ministro do rei, que pretende contratá-lo para um trabalho: planificar e executar a demolição do cemitério e igreja de Les Innocents, vizinhos do mercado de Les Halles, em Paris. O cemitério tem sido usado ao longo dos anos mas recentemente começou a alastrar para a zona residencial em volta, que começou a ser invadida por um cheiro desagradável. A Cidade Impura ergue-se contra todas as adversidades, fura por entre os poucos raios de luz, emerge do caos e explode como uma obra de uma enorme beleza, fabricada a partir de uma matéria putrefacta e mórbida.

No top 100 da amazon inglesa e com direitos vendidos para a Alemanha, Itália, Grécia, Taiwan, Noruega e Brasil, A Cidade Impura foi recentemente nomeado para o Southbank Award 2012 e reúne quase na totalidade a pontuação máxima do ranking de críticas da amazon. Já comparado a O Perfume pelo Daily Express, dizem ainda alguns críticos que A Cidade Impura tem muito poucas imperfeições.
 
 
Críticas de imprensa
 
«Intensamente atmosférica, embora o tema possa parecer macabro, esta eloquente obra de Miller, transborda de vitalidade e cor. A abundância de detalhes pessoais e físicos evoca Paris do século XVIII com uma surpreendente proximidade. E acima de tudo, o autor domina essa rara subtileza de levar o leitor a interessar-se por uma personagem que à partida não inspira simpatia. Se gostou de O Perfume de Patrick Süskind, vai adorar este romance.»
Daily Express

«Um dos aspetos mais brilhantes da escrita de Miller é a sua discreta capacidade de questionar, apenas pelo estilo, a nostalgia da vida tanto sob o domínio dos Bourbons como em plena destruição criativa da Revolução... Ele possui uma intuição incomparável para criar penetrantes analogias, nunca exorbitadas, que apenas geram uma sugestiva agitação... Do princípio até ao fim, a sua escrita é sempre cristalina, espontânea, acutilante e inteligente. Podemos chamar-lhe pura.»
Literary Review

«Esta recriação de Paris em vésperas da Revolução Francesa é extraordinariamente vívida e imaginativa, e a história é tão absorvente que não se consegue pôr o livro de parte antes do final.»
The Times

«Uma alucinante viagem a Paris prestes a explodir antes da Revolução Francesa.»
Daily Mail
 
 
 
Este livro chamou-me a atenção, pela sua capa, já há uns meses, quando recebemos a versão original inglesa com o título (quase) oposto ao da tradução portuguesa de "Pure".  Li a sinopse e, como adoro um bom livro com o seu lado negro e macabro e, ainda por cima, já há muito que não leio um bom romance histórico, ficou na minha lista de potenciais próximas compras.
Na altura, admito, ainda não sabia nada sobre o "tal" Prémio Costa (prémio atribuído a livros de 5 diferentes categorias - Melhor Romance, Melhor Primeiro Romance, Livro Infantil, Poesia e Biografia - entre os autores estabelecidos na Grã-Bretanha e Irlanda), mas a ideia de uma história passada nas vésperas da Revolução Francesa e com um cemitério com uma população muito acima da sua capacidade de corpos como pano de fundo pareceu-me irresistível.
Agora chegou às lojas a tradução, pela Presença.

sábado, 23 de junho de 2012

"Cocó" na livraria



Cocó na Fralda - Os desabafos de uma mulher sobre os imprevistos da vida em família
de Sónia Morais Santos
Editor: Matéria Prima
ISBN: 9789898461353


Sinopse

Este é um livro hilariante, comovente e desconcertante sobre uma mulher que, para além de excelente profissional, é também mãe de três crianças. Com uma vida repleta de incidentes e imprevistos, Sónia Morais Santos, decidiu, em 2008, criar um blogue onde narrava as suas aventuras de mãe e mulher, de jornalista e dona de casa. Com cerca de 20 mil visitas diárias, o Blogue Cocó na Fralda é um dos mais lidos em Portugal. O livro recupera alguns dos melhores textos do blogue, mas inclui muitos outros,, criados de raiz, e todos organizados por temas: Amor aos Molhos, Quando amor rima com estupor, Amor, pavor ou tirem-me deste filme se fazem favor, Coisas que eles dizem e O mundo é um lugar estranho. Porque a vida em família nem sempre é fácil, mas é possível sobreviver-lhe! E gostar!
 
 
 
Há 2 anos, estava eu de baixa devido a uma gravidez de risco, li uma reportagem numa revista em que mencionavam o blog "Cocó na Fralda".  Já não me recordo se a reportagem era sobre blogs de todas as áreas que tinham obtido grande sucesso junto ao ciber-público, se era especificamente sobre blogs de cariz maternal/familiar.  Sei, no entanto, que o nome me chamou a atenção e, sendo eu uma mãe de primeira viagem e sem amigas com prole que me podessem ajudar nessa excitante aventura, recorri à partilha de emoções de Sónia Morais Santos.  Sorri, embeveci-me e convenci-me que tudo ia correr bem e que ia iniciar o percurso mais gratificante da minha vida até ao momento.  Não me enganei!  O Alexandre entrou recentemente na fase das tiradas com piada, mas já lhe acho piada desde que nasceu... 
E, agora, chega aos escaparates o livro do "Cocó" (sim, eu sei que parece mal dizer as coisas assim, mas deixem lá isso...).  E eu já reli muitas das entradas que me fizeram (sor)rir e continuam a surtir efeito.  E cá por casa ando com o livro atrás, sob o ar admirado do namorido que deve pensar "quem és tu e o que fizeste com a Raquel?" (como já aqui comentei, sou uma viciada em clássicos e rara é a literatura "light" que tem permissão de entrar pela nossa porta).  Mas este livro, neste momento, faz-me bem...  Faz-me rir ao fim dia, quando o dia foi de chorar...  Faz-me apreciar ainda mais os momentos que tenho com o meu filhote, pois percebo que o tempo passa com uma rapidez assustadora...  Faz-me recordar os meses em que via a barriga crescer, diariamente, ansiosa por conhecer o "homem da minha vida".
Pode não ser um clássico, mas recomendo-o...  Principalmente a todas as que anseiam e aguardam a chegada dum rebento.

Acabar com a cegueira económica



O Banco - Como o Goldman Sachs dirige o mundo
de Marc Roche
Editor: A Esfera dos Livros
ISBN: 9789896263805


Sinopse

«Eu faço o trabalho de Deus.» Mesmo que seja suposto ser uma piada, esta frase do diretor executivo do Goldman Sachs, Lloyd Blankfein, resume a sede de poder de O Banco: a firma que dirige o mundo no maior secretismo.
Por detrás de uma lei do silêncio que nunca alguém ousou quebrar desde a sua fundação em 1868, o Goldman, ou GS, como se diz em Wall Street ou na City londrina - as duas grandes praças financeiras mundiais - pode realmente dominar o planeta? E se a resposta é «sim»? Como? A crise económica que começou no outono de 2008 atirou o Goldman Sachs, para as primeiras páginas dos jornais. O banco está em todo o lado: a falência do banco Lehman Brothers, a crise grega, a queda do euro, a resistência da finança a toda a regulação, o financiamento dos défices e até a maré negra do golfo do México.
Sabia que o presidente do Banco Central Europeu, Mario Draghi, foi vice-presidente do Goldman Sachs International para a Europa entre 2002 e 2005. Ele era o «sócio» encarregado das «empresas e países soberanos», o departamento que tinha, pouco antes da sua chegada, ajudado a Grécia a maquilhar as suas contas graças ao produto financeiro «swap» sobre a dívida soberana. Que António Borges, dirigente da GS entre 2000 e 2008, foi diretor do Fundo Monetário Internacional, em 2010, funções que o levaram a supervisionar alguns dos maiores empréstimos da história da instituição: à Grécia e à Irlanda. Sabia que o atual presidente do Conselho italiano, Mario Monti, foi consultor internacional do Goldman de 2005 até à sua nomeação para a chefia do governo italiano.
 
 
Esta novidade da Esfera dos Livros (que ganhou o Prémio de Livro de Economia de 2010) tem levado um grande número de pessoas à livraria onde trabalho.  Pessoas que, como a maioria dos Portugueses, têm vivido uma cegueira colectiva sobre a realidade económica mundial mas que, com a situação actual, não só do País mas do Mundo, querem, finalmente, instruir-se e tentar perceber não só como chegámos aqui, mas também o que nos mantém neste ponto tão baixo (sócio-económico) e que jogadas de interesse e de bastidores estão por trás das decisões "dos que mandam". 
Um livro a não perder para quem quer retirar a venda dos olhos.

sexta-feira, 22 de junho de 2012

Pensamentos homicidas...



Sempre Vivemos no Castelo
de Shirley Jackson
Editor: Cavalo de Ferro
ISBN: 9789896231194


Sinopse

«Chamo-me Mary Katherine Blackwood. Tenho dezoito anos e vivo com a minha irmã Constance. É frequente pensar que se tivesse tido um pouco de sorte poderia ter nascido lobisomem, porque o anular e o dedo médio das minhas mãos têm o mesmo comprimento, mas tive de me contentar com aquilo que tenho. Não gosto de me lavar, nem de cães ou barulho. Gosto da minha irmã Constance, de Ricardo Coração de Leão e do Amanita phalloides, o cogumelo da morte. Todas as outras pessoas da minha família estão mortas.» Assim inicia Shirley Jackson o seu último romance, de 1962, considerado pela crítica uma das obras-primas da literatura norte-americana. Neste, atinge o auge a sua perícia narrativa de tornar real ao leitor um mundo inverosímil, conseguindo ao mesmo tempo convencê-lo de que a loucura e o mal habitam os cenários mais comuns.
 
 
 
A-DO-REI este livro!  Gostei tanto que, ontem, estava a acabá-lo e decidi deixar as últimas 10 páginas para hoje, por não querer despedir-me já dele.  Gostei tanto que, hoje, ao aconselhá-lo a um colega da livraria, reparei que já fazia planos para relê-lo, ainda que me faltassem as 10 páginas deixadas de ontem. 
Li várias opiniões sobre este livro em sites de leitura (basicamente por não conhecer nada da obra de Shirley Jackson) e reparei que a visão geral é que o livro é muito negro...  que é difícil sentir empatia por qualquer das personagens...  que a maioria das pessoas não sabe o que achar.  Eu sei!  Acho que sim, a atmosfera do livro é negra; sim, a personagem principal não captará, facilmente, a simpatia dos leitores; sim, é um livro que nos deixa incertos...  mas é disso mesmo que gostei!  Quero dizer...  Quem de nós, no meio de um momento stressante, e confrontado com a opinião e acção antagónica das outras pessoas, não pensou "quem me dera que morressem!"?  Ok...  Talvez não necessariamente com estas palavras, mas vocês percebem a ideia!
 
Esta é a história da família Blackwood.  A família Blackwood era, até há 6 anos atrás do início da acção, o pilar central de uma pequena aldeia norte-americana.  Ricos, poderosos e pretenciosos, os Blackwood marcaram a vida da aldeia, não pelos melhores motivos.  No início do livro, vemos que da família restam 3 membros:  Marricat (Mary Katherine, 18 anos, narradora, presa nos seus 12 anos de idade), Constance (a irmã mais velha, de 28 anos, maternal, caseira), e o Tio Julian (preso a uma cadeira de rodas e a um certo dia, 6 anos antes).  Através de Marricat descobrimos que a população local foge das meninas Blackwood como "o diabo da cruz" ainda que não hesitem em importuná-la nas raras vezes que tem de se dirigir à localidade às compras. 
É que, há 6 anos, durante um jantar de família, todos os outros membros dos Blackwood morreram envenenados com arsénico colocado no açucar.  Marricat estava de castigo, tendo-se portado mal, pelo que foi para a cama sem jantar.  Constance não usava açucar em nada.  O Tio Julian usou pouco, nas amoras, pelo que ficou para sempre enfermo, mas vivo.  Os habitantes locais, convencidos da culpabilidade de Constance nas mortes da família, cantam uma canção feita por medida a Marricat, sempre que a vêm, onde insinuam a possibilidade de a irmã a envenenar.  Constance torna-se a "celebridade" local e magotes deslocam-se à propriedade da família na tentativa de vislumbrar a assassina de ar plácido.  E no meio disto tudo, restam os pensamentos de Mary Katherine ao olhar para os aldeões:  "quem me dera que estivessem todos mortos, no chão...  e eu passar-lhes-ia por cima!"
 
 
Nota 4

quinta-feira, 21 de junho de 2012

Porque comer "saudável" não significa abdicar do sabor



Apetite Saudável
de Gordon Ramsay
Editor: Civilização Editora
ISBN: 9789722634465


Sinopse

Nós somos o que comemos - e todos queremos ser saudáveis e estar em forma. Gordon Ramsay - o chef de 3 estrelas sempre em forma, corredor de maratonas e apresentador de TV cheio de energia - é um grande divulgador da comida saudável e da boa forma física. Na 3.ª série televisiva de The F Word congregou os pratos mais saborosos que estão em total sintonia com a forma como queremos comer hoje em dia. 125 receitas de fazer crescer água na boca, repletas de ingredientes frescos e vitais, cozinhados de forma saudável para realçar ao máximo o sabor. Preocupado com o nosso dia a dia, Gordon revela os seus ingredientes saudáveis favoritos e dá ideias originais para pequenos-almoços, brunches, almoços de trabalho, refeições para crianças, barbecues, jantares, sobremesas e snacks. Com fotografias coloridas e design moderno, este livro é indispensável para conseguir o enorme sucesso de Gordon Ramsay na cozinha.
 
 
 
Se é uma daquelas pessoas (como eu!) que não resiste a um programa da nova geração de chefs que passam na televisão, então já deve estar familiarizado com o nome de Gordon Ramsay.  O arqui-inimigo confesso de Jamie Oliver, compete com este em programas de televisão, restaurantes, fãs e, como se pode ver, até em livros.  Ao contrário de Jamie, que apresenta o ar de rapazola bem comportado constantemente entusiasmado pela comida, Ramsay é um homem sério, desbocado, que trabalha não só pela paixão à comida, mas também pela responsabilidade que o seu posto de chef internacional lhe dá.  Com programas de sucesso na Inglaterra e nos EUA, chega-nos agora, neste livro da Civilização, a oportunidade de também o público português se familiarizar com a cozinha do autor de "The F...  Word".

quarta-feira, 20 de junho de 2012

Mau uso de uma ideia potencialmente boa



Não Berres Comigo, Pai!
de Moni Port e Philip Waechter
Editor: Livros Horizonte
ISBN: 9789722417419



Sinopse

O pai da Helena não sabia falar normalmente. Tudo o que dizia saia-lhe da boca aos berros. A Helena estremecia mas, só por dentro. Até que um dia tomou uma decisão que deixou o pai mudo e calado. Ou quase.... Uma história que mostra como às vezes, muitas vezes aliás, os filhos também podem ensinar os pais.
 
 
 
 
 
Como já aqui disse, fui mãe de primeira viagem à pouco tempo (o baby tem quase 20 meses).  Por esse motivo, aventuro-me agora nas primeiras visitas a esse País Misterioso que é o dos Livros Infantis.  Lembro-me de o ter visitado...  Não!  De o ter habitado, feliz e conhecedora dos seus segredos.  Mas o País expandiu, aumentou, e nele surgiram novas aldeias, vilas, cidades e habitantes que me olham com olhares estranhos, que não (re)conheço.  O Alexandre ainda é novo para o habitar (apesar de adorar as visitas que lhe vai fazendo), mas eu já ando a preparar terreno para que, quando a altura chegar, ele se sinta lá tão bem como a Mamã se sentiu.

Ou seja:  ando a ler livros infantis a ver se começo a perceber alguma coisa daquilo!

E este, lamento dizê-lo, é um que não quero ver nas mãos do meu filho...  Que julgo não dever andar nas mãos de criança nenhuma...  Particularmente das (facilmente) influenciáveis crianças dos 4 aos 6 anos, que é a idade a que se destina.
Esta é a história da Helena!  A Helena vivia numa linda casa num vale, com a família.  Adora música e parece que tudo corre bem...  Bem...  Nem tudo!  O pai da Helena é um resmungão de primeira que, por tudo e por nada, desata aos berros.  A Helena farta-se e decide tomar uma decisão.  E qual é a sua decisão, que, segundo a sinopse, "mostra como muitas vezes os filhos podem ensinar os pais"?  Pois bem...  (e lembrem-se que este livro é para crianças de 4/6 anos)  A Helena foge de casa e vai pedir guarida em casa de estranhos!  Sim, é isso mesmo...  Queres ensinar os teus pais?  Desaparece, que depois eles passam dias à tua procura, a pendurar cartazes em árvores, entretanto tornas-te uma música famosa e quando se reencontram vivem felizes para sempre!
 
 
 
Nota Negativa!!!

terça-feira, 19 de junho de 2012

Um Tesourinho muito especial



O Tesourinho - Uma Nova Vida
de Maria João e Sandra Novais
Alphabetum Edições Literárias
ISBN: 978-989-96740-8-0




Sinopse:

Tinha três anos quando a sua vida girou cento e oitenta graus e transitou do abandono para uma família.
No dia 06 de Outubro de 2006, O Tesourinho começou a receber visitas daquela que seria a sua nova mãe e não temeu os estigmas da cor e da Síndrome de Down. Rendida ao amor, aceitou um quotidiano de desafios e de lutas em prol da aceitação e da não discriminação.
A partir desse dia, mãe e filho tornaram-se inseparáveis.
A felicidade é a palavra de ordem que o Tesourinho descobriu na sua nova vida.


Excerto:

"O Tesourinho nasceu no dia 06 de Outubro de 2003, às 12h46m, media 51cm e pesava 3.880Kg.
No dia 07 de Outubro de 2003 chegou a confirmação: O Tesourinho é um menino diferente (portador de Trissomia 21)."
"Foi no dia 06 de Outubro que o Tesourinho conheceu uma pessoa que viria a ser muito importante para ele. Era o dia do 3º aniversário e a prenda dele foi muito especial.
Ele recebeu “A Mãe”...
Quem sou eu?
Às vezes não sei.
Sou um menino igual a muitos outros, cor de chocolate, igual a muitos outros, e com Síndrome de Down, igual a muitos outros.
A minha vida mudou quando fiz 3 anos e houve alguém que me quis receber de braços abertos. É verdade, eu sou adoptado, e graças à minha mãe, que não olhou a diferenças, hoje sou feliz."





Lançado pela Alphabetum no mês passado, este é um relato na primeira pessoa de uma Mãe que escolheu sê-lo sem procurar facilidades.  Apaixonando-se pelo seu "Tesourinho", o facto de o menino que conquistou o seu coração ter Trissomia 21 nada fez para que questionasse a sua escolha.  Não teve dúvidas:  aquele era o SEU filho...  o SEU tesouro!  Adoptou-o, mudando de imediato a vida de ambos.
Este é um livro escrito a quatro mãos e a 3 corações:  as mãos e os corações da Mãe e da Madrinha do Tesourinho, e o coração deste, que é enorme e de valor incalculável!


(Apresentação d' "O Tesourinho, uma nova vida" na Biblioteca Municipal António Botto, em Abrantes, dia 6 de julho, às 21h30)

sábado, 16 de junho de 2012

Uma Casa-Comboio com encontro marcado... na gare da memória


A Casa-Comboio
de Raquel Ochoa
Editor: Gradiva Publicações
ISBN: 9789896163600


Sinopse

Uma família indo-portuguesa. Um século de história. Quatro gerações que evocam 450 anos de aventura mítica, nos quais a Índia longínqua era portuguesa. Em pano de fundo, a partida, o acaso e a sorte de quem se vê constantemente obrigado a fazer as malas, o desenraizamento, a inquietação, o inesperado, a imprevisibilidade dos destinos que se cruzam. A imagem dada pelo título é elucidativa: uma casa em movimento. Uma beleza poética singular. Uma verdadeira revelação.
 Este foi, uma vez mais, um caso em que (quase) me arrependi de ter uma escala de avaliação tão linear.  Gostaria de lhe dar mais meio ponto que o que vou dar.  Mas comprometi-me, no início deste blog, a dar notas "redondas" e assim vou continuar...  é que me conheço bem, e o sentimentalismo literário depressa me faria avaliar livros em 3,5; 4 e 1/3; 2 e 3/4.  E, ao contrário da escola, onde meio valor significava o arredondamento para a nota acima, neste blog tal não se verifica.

Mas, falando d' "A Casa-Comboio"...
Este livro tem andado a bailar-me nas mãos desde que primeiro chegou à loja.  Na altura foi, de imediato, um bestseller por, com ele, Raquel Ochoa ter sido a primeira vencedora do Prémio Revelação Agustina Bessa-Luís (2009).  Ássim que vi do que tratava decidi que o havia de ler.  É curioso...  Nunca me senti muito atraída pela Índia, mas já por 3 ou 4 vezes que leio livros sobre este país, dos quais gosto bastante...  Apesar do olhar cru e crítico que por norma deitam à vida social.  Este chamou-me a atenção por, quando se fala de ex-colónias, nos vir de imediato à cabeça os nomes de Angola, Moçambique, Guiné, mas tão facilmente se esquecer que Portugal deixou a sua marca na História Indiana e que, também de lá, recebeu retornados que se tornavam apátrias no "seu" próprio país.
Esta é a história da família Carcomo, do final do século XIX até ao início do século XXI.  Á História de homens e mulheres que formaram um país a milhares de quilómetros de distância.  De homens e mulheres que traziam no peito e na alma um País que, sendo seu, não conheciam.  É, também, uma história de amores, de encontros, de política e de esperança.
Gostei!
A história da família fez.me, frequentemente, sorrir por, nos pormenores magistralmente descritos pela autora, decifrar aquelas histórias que marcam todas as famílias e que, durante décadas, são relembradas qual façanhas heróicas...  ou anedotas particulares.
Gostei tanto, que gostaria de lhe dar um 4...  mas não posso.  A autora escreve, por entre a história dos Carcomo, partes da História de Portugal (para situar o leitor na época; para explicar acções/reacções das personagens; ou, apenas, para emprestar colorido à história).  E é aí, na minha opinião, que o livro perde um pouco.  Não que não ache importante essa parte.  Considero-a, até, essencial (não só porque Portugal acaba por ser mais uma personagem do livro, mas também porque gerações mais jovens - e aqui me incluo, descaradamente - não têm, muitas vezes, a noção do que era a realidade nacional durante grande parte do século passado).  O que me "entristeceu" (à falta de melhor palavra), foi o facto da abordagem ter sido tão díspare do restante tom do livro.  O livro trata de um assunto intimista, a família, e, no entanto, tive muitas vezes a impressão (ao ler as partes de História), que estava a estudar um manual escolar e não a ler um romance histórico.  Se a abordagem fosse menos escolástica e mais em termo com o restante feeling da obra, este seria um perfeito Nota 4. assim sendo...


Nota 3

quinta-feira, 14 de junho de 2012

O Primeiro Amor... Lido em Voz Alta!

 
 
O Leitor
de Bernhard Schlink
Editor: Edições Asa
ISBN: 9789724120096


Sinopse

Michael Berg, um adolescente nos anos 60, é iniciado no amor por Hanna Schmitz, uma mulher madura, bela, sensual e autoritária. Ele tem 15 anos, ela 36. Os seus encontros decorrem como um ritual: primeiro banham-se, depois ele lê, ela escuta, e finalmente fazem amor. Este período de felicidade incerta tem um fim abrupto quando Hanna desaparece de repente da vida de Michael.
Michael só a encontrará muitos anos mais tarde, envolvida num processo de acusação a ex-guardas dos campos de concentração nazis. Inicia-se então uma reflexão metódica e dolorosa sobre a legitimidade de uma geração, a braços com a vergonha, julgar a geração anterior, responsável por vários crimes. Perturbadora meditação sobre os destinos da Alemanha, O Leitor, é desde O Perfume, o romance alemão mais aplaudido nacional e internacionalmente. Já traduzido em 39 línguas, a obra foi adaptada ao cinema. Para além disso, este romance foi galardoado em 1997 com os prémios Grinzane Cavour, Hans Fallada e Laure Bataillon. Em 1999 venceu o Prémio de Literatura do Die Welt.

Críticas de imprensa:

"Podia fazer esta crítica numa única frase: brilhantemente pensado e escrito. Ficamos presos do princípio ao fim da história, primeiro para ver onde vai dar uma relação invulgar, mas cheia de ternura, e depois, na expectativa do reencontro anunciado entre os protagonistas. A ternura que unira os dois amantes nasce da simplicidade e do presente sem conhecerem o passado um do outro e sem os juízos de valor que esse olhar implicaria, sobretudo quando este passado implicava um papel activo em campos de concentração.
(...) Este é também um romance sobre a relação de amor entre uma mulher mais velha e um rapaz mais novo, e história de como, ao tentarmos proteger aqueles que mais amamos, podemos acabar por magoá-los de uma forma irreversível.
Um romance sobre o simples princípio de que todas as nossa acções, ou as nossas inacções têm consequências não só nas nossas vidas, mas também na daqueles que nos rodeiam. E isto pode afectar uma pessoa... ou o mundo inteiro.
Der Vorleser, no original, impossível de traduzir fielmente em português numa só palavra, significa aquele que lê alto para o outro. Deixo que descubram a importância deste pormenor."
Ana Vaz Pinto
 
 
 
Este foi outro livro que me ficou a pairar na ideia depois de ter visto o filme.
Acabei por o comprar em saldos, a 5€.  Dei por bem empregue o meu dinheiro, ainda que não me tenha agarrado tanto como os dois exemplares anteriores. 
Gostei que a resposta ao "porquê?" da relação entre Michael e Hanna não fosse tão óbvio como na adaptação cinematográfica (onde, muito antes do final, já tinha percebido o que se estava a passar), gostei da complexidade da relação entre os dois, gostei que o final fosse diferente do do filme...  Ou seja, gostei!...  mas não adorei. 
Está bem escrito, a história é interessante, o período conturbado...  Mas é, "apenas", um bom livro.  Não me marcou de forma especial e, apesar de o poder recomendar sinceramente a quem me pedir opinião, não me parece que venha a ser relido.
 
 
 
Nota 3

terça-feira, 5 de junho de 2012

O meu primeiro Saramago!



(apesar de ter lido a edição comemorativa da Expo '98, deixo aqui os dados da edição ainda à venda)

O Conto da Ilha Desconhecida
de José Saramago
Editor: Editorial Caminho
ISBN: 9789722123365
Peguei neste livro, em casa dos meus pais, em dia de consulta pediátrica do rebento.  Esquecera-me de levar um livro e com a experiência das salas de espera, achei melhor ir prevenida.  Este era ideal:  curto e leve!  Mas, nestas coisas, parece que fazem de propósito:  nesse dia fomos logo chamados à enfermeira e entrámos da sala directamente para o consultório.  O livro ficou esquecido no saco do Alexandre até à semana passada, em que, estando de férias, lhe fui dar vistoria.  Finalmente mergulhei no meu primeiro Saramago!
"Um homem foi bater à porta do rei e disse-lhe, Dá-me um barco. A casa do rei tinha muitas mais portas, mas aquela era a das petições. Como o rei passava todo o tempo sentado à porta dos obséquios (entenda-se, os obséquios que lhe faziam a ele), de cada vez que ouvia alguém a chamar à porta das petições fingia-se desentendido, e só quando o ressoar contínuo da aldraba de bronze se tornava, mais do que notório, escandaloso, tirando o sossego à vizinhança (as pessoas começavam a murmurar, Que rei temos nós, que não atende), é que dava ordem ao primeiro-secretário para ir saber o que queria o impetrante, que não havia maneira de se calar."
Assim começa este pequeno conto, que, apesar da curta dimensão, conseguiu encher-me as medidas!  Não sei explicar do que gostei mais:  se do retrato irónico (e, no entanto, tão real) da burocracia de um País; se da teimosia salutar do "homem" em perseguir um sonho que lhe diziam inatingível; se da constatação de que, quando menos esperamos, compreendemos que não estamos sós; se da última frase do livro "Pela hora do meio-dia, com a maré, A Ilha Desconhecida fez-se enfim ao mar, à procura de si mesma." (sei que pode parecer estranha, esta minha última opção, mas acho sempre que um livro que acabe de forma a que pensemos "que belo final!" é um livro a que, mais facilmente, retornaremos).
Não sei o que me fez gostar tanto deste conto (logo eu, que tenho um historial tão complexo com este género), mas gosto de pensar que tenha sido a escrita de Saramago...  Pelo sim, pelo não, já planeio novos assaltos à estante paterna!
Nota 4