A Sociedade Literária da Tarte de Casca de Batata
de Annie Barrows, Mary Ann Shaffer Editor: Suma de Letras
ISBN: 9789896720155
Sinopse
Londres, 1946. Depois do sucesso estrondoso do seu primeiro livro, a jovem escritora Juliet Ashton procura duas coisas: um assunto para o seu novo livro, e, embora não o admita abertamente, um homem com quem partilhar a vida e o amor pelos livros. É com surpresa que um dia Juliet recebe uma carta de um senhor chamado Dawsey Adams, residente na ilha britânica de Guernsey, a comunicar que tem um livro que outrora pertenceu a Juliet. Curiosa por natureza, Juliet começa a corresponder-se com vários habitantes da ilha. É assim que descobre que Guernsey foi ocupada pelas tropas alemãs durante a segunda Guerra Mundial, e que as pessoas com quem agora se corresponde formavam um clube secreto a que davam o nome de Sociedade Literária da Tarte de Casca de Batata. O que nasceu como um mero álibi para encobrir um inocente jantar de porco assado transformou-se num refúgio semanal, pleno de emoção e sentido, no meio de uma guerra absurda e cruel.
Outro livro adquirido nos "saldos" e este, ao contrário d' "O Túnel", não só convenceu como me satisfez plenamente durante o tempo de leitura.
Não vou ao ponto de afirmar que é um livro excelente, indispensável a qualquer biblioteca, mas, enquanto livro, cumpre todos os objectivos a que se propõe: distrai, enreda, educa e consome.
Como já referi, sou mãe há pouco tempo (faz hoje 17 meses... parabéns, filhote!) e, como tal, o tempo que posso dispender diariamente às páginas dos meus companheiros livros é limitada. Este foi um livro que me viu, várias vezes, a escapulir até à casa de banho para, de porta fechada, ler mais duas páginas. Teve, inclusivé, o direito de me acompanhar ao trabalho para comigo partilhar a hora de almoço. É, mesmo, assim tão envolvente!
O facto de ser escrito em formato epistular também ajuda neste consumo rápido, pois confere-lhe um ritmo superior e, com isso, enreda-nos mais na acção... Se bem que há personagens que, ao sabermos receptoras da missiva, nos esfria a ânsia.
A história, passada na Inglaterra do pós-guerra (Segunda Guerra Mundial), apresenta-nos Juliet, uma jovem escritora que, tendo escrito um livro durante a guerra, goza agora de uma semi-notoriedade de autora consagrada. Para agradar aos fãs, Juliet procura em si a chama que lhe poderá trazer a inspiração para uma nova obra... mas essa chama é menos de um fósforo, no início do livro. É, então, que recebe a carta de um desconhecido que, tendo adquirido um livro que pertencera a Juliet, entra em contacto com a jovem, levando a uma mudança que a irá marcar pessoal e profissionalmente.
Adorei os relatos dos habitantes de Guernsey sobre a ocupação nazi (uma ilha do Canal da Mancha sob o jugo da coroa britânica), bem como da necessidade da sua população em manter alguma sensação de normalidade durante essa situação, quando o seu Governo estava tão longe e nada parecia fazer por si. Aprendi, por exemplo, que numa tentativa de matar as tropas nazis de fome, Churchill negou-se a enviar matimentos para a ilha, "esquecendo-se" que também os habitantes morreriam. A única coisa que ainda ia havendo era... batatas! (que deram ao livro o título delicioso que me "abriu o apetite")
Se tenho de ser verdadeiramente crítica (e não há maneira de se escrever este género de blog sem o ser) devo admitir que me aborreceu um pouco a parte romântica da história. Acredito que o livro se bastaria enquanto relato ficcional de um período negro mas que, como uma luz, imprime um gosto de esperança, humor e amizade à história... Mas... Compreendo! Foi esta a maneira, quiçá, de chegar a um público maior que, de outra forma, nunca pegaria nesta obra.
Nota: 4
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