A História do Limpador de Botas
de Charles DickensEditor: Estrofes & Versos
ISBN: 9789898292322
Excerto:
«Em que lugares tinha estado na mocidade?», repetiu
ele quando lhe formulei a pergunta. Santo Deus!!, tinha estado em todos os
lados! E que profissões exercera? Quase todas as que se pode ser! Se tinha visto
muitas coisas? Certamente. Eu mesmo diria isso, posso assegurar, se soubesse de
um vigésimo do que lhe acontecera na vida. Tanto que seria muito mais fácil para
ele falar do que não vira do que daquilo que vira. Muito mais fácil."
Voltei a dar um passeio (desta vez curtinho) pelo País dos Contos. Acredito que "água mole em pedra dura..." Ainda vou adorar o género! Como não quero dar um passo maior que a perna, ou, como dizem os ingleses, acho que devo começar com "baby steps", adquiri alguns volumes da mini-colecção de contos da Estrofes & Versos. Primeiro porque os olhos também comem e os livros são um mimo: pequeninos (10x15), em papel reciclado, e todos com o mesmo grafismo; segundo porque são todos de autores conceituadíssimos e por quem tenho grande admiração (se bem que lá pelo meio veio um do Kafka que, desde a sua Metamorfose há uns anos atrás, me ficou entalado na goela).
Comecei a "degustação" da minha nova colecção com este "A História do Limpador de Botas", do nosso amigo Dickens. O livro é composto por três contos: o que dá o título ao livro, seguido de "A História de Ninguém" e, por fim, "Entrar na Sociedade". E foi esta, curiosamente, a ordem pela qual gostei deles. Gostei muito do relato do limpador de botas, sobre a tentativa de fuga e casamento de duas crianças de 8 anos. Acho que a pureza de sentimentos, os idealismos, sonhos e facilidades próprios da infância (ou, pelo menos, de como esta deveria ser), foram magistralmente retratados pelo autor. Os dois contos seguintes são vedadas críticas sociais: o primeiro poderá ser visto (foi assim que o escolhi entender) como uma crítica à classe política que, sendo-lhe dado o poder de governação e escolha sobre a vida das classes mais baixas por estas próprias, escolhem nada fazer e ainda as criticam quando algo corre mal. O último fala sobre as falsidades da dita "boa sociedade" e dos jogos de interesses que a compõem. Infelizmente, no "Entrar na Sociedade" achei o final muito confuso e nada em linha com o conto em si, pelo que este perdeu consideravelmente a minha simpatia.
Gostei deste mini-livro! Gostei que esteja a ajudar a minha educação "conto-ral" e espero que os restantes volumes da colecção façam o mesmo!
Nota 3
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