sábado, 2 de julho de 2011

Ser mulher... no coração negro da guerra...


"As Mulheres dos Nazis"
de Anna Maria Sigmund
Editora: A Esfera dos Livros
ISBN: 978-989-626-306-5
EAN: 9789896263065



Sinopse:

 Adolf Hitler exercia um enorme fascínio sobre as mulheres. Emocionadas, com lágrimas nos olhos, eram as protagonistas de uma autêntica histeria de massas em eventos públicos onde aquele discursava. As senhoras da sociedade alemã de então também o admiravam e abriram-lhe o caminho para o sucesso. Mulheres como Hanna Reitsch, Leni Riefenstahl e Winifred Wagner elevaram a fama do seu ídolo. Geli Raubal, a sobrinha de Hitler, cometeu suicídio por sua causa e Eva Braun seguiu-o até à morte. Quem eram as mulheres dos oficiais de Hitler? Como viveram? Qual foi o seu papel na vida oficial, e nos bastidores? O que sentiu Magda Goebbels quando assassinou os seus seis filhos em 1945? Como lidavam Carin e Emmy Göring com o vício de morfina do seu marido? Como encarou Henriette von Schirach a decisão do seu marido de deportar 60 mil judeus de Viena? Corresponderam Unity Mitford e outras mulheres envolvidas no círculo nebuloso da elite do Partido Nacional-Socialista ao ideal que se propagava: «O homem cuida do povo e a mulher da família?» A historiadora Anna Maria Sigmund responde a estas e outras questões, numa obra fascinante e original sobre o lado feminino do Terceiro Reich.



Foi com uma curiosidade aguçada que me debrucei sobre este livro.  Via, na sua leitura, a possibilidade de perceber como seria, para uma mulher, viver no meio do regime nazi, com todas as suas atrocidades, e conseguir levar a vida sabendo-se rodeada de tanta dor e tanta morte.  Claro que não sou ingénua ao ponto de pensar que a crueldade e a malvadez são caracteristicas exclusivas do chamado sexo forte, e bem sei que sempre houve, e sempre haverá, mulheres para quem o poder é o melhor dos afrodisíacos...  mas, ainda assim, e para mais sabendo que o papel da mulher no Terceiro Reich era o da matrona que, apoiando o marido, servia ainda de exemplo à prole e à sociedade, fazia-me muita confusão pensar em como essas mulheres conseguiam consiliar dois aspectos tão díspares da sua personalidade.

Pois bem...  Algumas não tinham qualquer problema em fazê-lo, gozando do seu status às custas de um preço demasiado alto a pagar por terceiros.  Outras havia, no entanto, que, aparentemente, estavam, pura e simplesmente, cegas ao que as rodeava.

Se, num prato da balança, encontramos mulheres como Magda Goebbels que, tendo sido criada por um padrasto judeu e amante de um outro, renunciou de bom grado a tudo e aceitou casar-se com Joseph Goebbels principalmente para estar próxima de Hitler, que idolatrava (um dos pontos em comum que tinha com o marido), ao serviço de quem colocou a casa que ganhara aquando do divórcio do primeiro casamento para que o Fuhrer podesse fazer as suas reuniões em local seguro; no outro prato temos, por exemplo, Emmy Göring, segunda esposa de Hermann Göring, ex-actriz, que pouco lidava com o líder nazi e que, com a sua influência junto ao marido, chegou a ajudar colegas actores de origem judia, a quem, aparentemente, recebia na sua casa.

Em comum, todas tinham o facto de viverem completamente abstraídas do que se passava a seu redor...  quer por escolha ou (possível) ingenuidade.  Fausto, riqueza e fartura faziam parte do seu quotidiano.  A dor só a conheceram no final, com o desmembramento do Terceiro Reich e o julgamento (ou suicídio) dos maridos e delas próprias.  Alegando ignorância pediram a clemência que os nazis não demonstraram durante o seu "reinado".

O livro é super interessante e faz-nos o retrato de oito "esposas-nazi"...

No final, continuo com dúvidas...

Nao acredito que alguém possa ter vivido no centro da filosofia nazi e não se ter dado conta no meio do quê estava a viver...  Ninguém é assim tão ingénuou ou distraído...


Nota 3

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