sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

O Amor é... um Sonho...



O Amor de Longe
Amin Maalouf
Difel
ISBN: 972-29-0630-5
EAN: 9789722906302
Sinopse
No século XII, na Aquitânia…  Jaufré Rudel, príncipe trovador, cansado da sua vida de prazeres, aspira a um amor puro, distante.  Canta uma mulher perfeita, abstracta.  Mas um peregrino chegado do Ultramar afirma que essa mulher existe, e que a encontrou: é Clémence de Tripoli.  Jaufré, louco de amor, parte em busca desse “amor de longe”…
Um magnífico conto de amor e de morte, na tradição das grandes narrativas orientais.

Quando o tempo para as leituras escasseia, como é agora o meu caso, uma peça de teatro vem sempre a calhar.  O ritmo de leitura é sempre mais acelerado e a acção restringe-se ao que é necessário, ainda que o autor nos dê sempre os dados necessários para visualizarmos o cenário e as personagens tal qual ele as idealizou.  Por isso, depois de terminado “O Leitor” (do qual ainda não falei aqui), peguei nesta peça de Maalouf, comprada dias antes, por 2€, nos saldos da Fnac.
Jaufré é um príncipe sonhador, que canta os seus sonhos e anseios.  Farto de uma vida cheia de nada, deseja mais que tudo encontrar aquele amor verdadeiro e puro que se habituou a declamar.  Mas, ai de si!, não há no Mundo mulher merecedora desse amor e dessas canções.  Pois, para ele, tem de ser “bela, sem a arrogância da beleza, nobre, sem a arrogância da nobreza, piedosa, sem a arrogância da piedade”.  Quando se resigna à impossibilidade de tal Mulher existir, um Peregrino fala-lhe de uma mulher, exactamente assim, que viu nas suas viagens, “perto da Cidadela, (…) no domingo de Páscoa”.  Jaufré agarra-se à esperança da sua existência para assim a cantar a quem o queira ouvir.  Já o Peregrino, de volta às suas viagens, fala a Clémence (pois é assim que se chama a Mulher-Deusa que rouba o sono a Jaufré) de um Trovador que, no Ultramar, a canta e elogia nas suas trovas.  Clémence, demasiado conhecedora das suas faltas, sabe-se pouco merecedora das palavras do trovador, ainda assim elas tocam-na e ela apaixona-se, se não pelo homem, pelo menos pela visão que ele de si faz.  No final da peça, vemos Jaufré a bordo de um navio, acompanhado pelo Peregrino, ao encontro da sua amada (Clémence aterrorizada de que ele a descubra “apenas” humana), apenas para, à boa maneira de Camilo Castelo Branco, morrer à costa de Tripoli, antes de poder ver a sua Musa.
A peça lê-se muito bem…  rapidamente e de forma compulsiva.  No entanto, no fim, ficou-me uma ideia:  acredito que, não tivesse Jaufré morrido, a relação entre os dois teria continuado, apenas para ele se ressentir contra a “humanidade” dela e ela se fartar dos idealismos dele… 




Nota 3

2 comentários:

  1. O Amin Maalouf é um dos meus escritores preferidos,o que mais gostei foi O Leão Africano e Samarcanda, mas recomendo todos, este por acaso ainda não li.

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    1. olha, rita, esta era outra das minhas lacunas... já por várias vezes tinha pegado em livros dele (especialmente o Leão Africano), mas nunca fez parte dos livros "a comprar JÁ!"... era daqueles que ia ficando, ficando, ficando... e esta peça foi mesmo um achado :)

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