segunda-feira, 9 de julho de 2012

Gabo



Todos sabemos que os livros imortalizam os seus autores...  Que, se o autor for realmente bom, os seus livros mantém a sua importância e relevância muito depois do escritor ter desaparecido...  Que as suas palavras, impressas no papel, o tornam imortal.  É também verdade que, o egoísta que todos temos, em maior ou menor grau, dentro de nós faz-nos desejar a imortalidade física de todo aquele que nos toca os corações e parece iluminar a alma.  Gabriel Garcia Marquez, o Gabo, é um desses autores para o meu pai.  E foi com tristeza que ontem ouvimos a notícia de que não voltaria a escrever.  E, desta vez, a morte nem precisou de reclamar o seu passageiro.  A degradação mental roubou-lhe a memória...  A idade reclamou a sua mente.

"O escritor colombiano Gabriel García Márquez não vai voltar a escrever, depois de ter sido diagnosticado com demência. O anúncio foi feito pelo irmão do escritor, Jaime García Márquez, numa conferência em Cartagena das Índias, Colômbia. Visivelmente emocionado contou que o Nobel da Literatura está bem em termos físicos, mas que perdeu a memória." era possível ler na notícia de ontem em Publico.pt  "“Ele tem problemas de memória”, acrescentou, sem esconder a tristeza. “As vezes choro porque sinto que o estou a perder.”  Jaime explicou que existem casos de demência na família, mas que com Gabriel a situação se complicou depois dos tratamentos ao cancro em 1999. “A quimioterapia salvou-lhe a vida mas também acabou com muitos dos neurónios, das defesas e células e acelerou o processo”, atestou. Ainda assim, o autor de “Cem Anos de Solidão” continua a “conservar o humor, a alegria e o entusiasmo”, garantiu Jaime, explicando que Gabriel teve de parar de escrever, não devendo sequer voltar a fazê-lo mais. “Infelizmente acho que não vai ser possível, mas oxalá esteja equivocado”, notou Jaime, lamentando que o irmão não possa escrever a segunda parte do seu livro de memórias, “Vivir para contarla”."


Fiquei bastante abalada pela notícia...  Não só pela tristeza de ver o meu pai privado da qualidade das obras de Gabo, mas também porque acredito que o definhamento mental é mais cruel que o físico...  e pensar que se pode ser o fenómeno literário que é Gabriel Garcia Marquez e deixar de se ter a noção de quem se é, parece-me de uma crueldade excessiva.

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