sábado, 16 de junho de 2012

Uma Casa-Comboio com encontro marcado... na gare da memória


A Casa-Comboio
de Raquel Ochoa
Editor: Gradiva Publicações
ISBN: 9789896163600


Sinopse

Uma família indo-portuguesa. Um século de história. Quatro gerações que evocam 450 anos de aventura mítica, nos quais a Índia longínqua era portuguesa. Em pano de fundo, a partida, o acaso e a sorte de quem se vê constantemente obrigado a fazer as malas, o desenraizamento, a inquietação, o inesperado, a imprevisibilidade dos destinos que se cruzam. A imagem dada pelo título é elucidativa: uma casa em movimento. Uma beleza poética singular. Uma verdadeira revelação.
 Este foi, uma vez mais, um caso em que (quase) me arrependi de ter uma escala de avaliação tão linear.  Gostaria de lhe dar mais meio ponto que o que vou dar.  Mas comprometi-me, no início deste blog, a dar notas "redondas" e assim vou continuar...  é que me conheço bem, e o sentimentalismo literário depressa me faria avaliar livros em 3,5; 4 e 1/3; 2 e 3/4.  E, ao contrário da escola, onde meio valor significava o arredondamento para a nota acima, neste blog tal não se verifica.

Mas, falando d' "A Casa-Comboio"...
Este livro tem andado a bailar-me nas mãos desde que primeiro chegou à loja.  Na altura foi, de imediato, um bestseller por, com ele, Raquel Ochoa ter sido a primeira vencedora do Prémio Revelação Agustina Bessa-Luís (2009).  Ássim que vi do que tratava decidi que o havia de ler.  É curioso...  Nunca me senti muito atraída pela Índia, mas já por 3 ou 4 vezes que leio livros sobre este país, dos quais gosto bastante...  Apesar do olhar cru e crítico que por norma deitam à vida social.  Este chamou-me a atenção por, quando se fala de ex-colónias, nos vir de imediato à cabeça os nomes de Angola, Moçambique, Guiné, mas tão facilmente se esquecer que Portugal deixou a sua marca na História Indiana e que, também de lá, recebeu retornados que se tornavam apátrias no "seu" próprio país.
Esta é a história da família Carcomo, do final do século XIX até ao início do século XXI.  Á História de homens e mulheres que formaram um país a milhares de quilómetros de distância.  De homens e mulheres que traziam no peito e na alma um País que, sendo seu, não conheciam.  É, também, uma história de amores, de encontros, de política e de esperança.
Gostei!
A história da família fez.me, frequentemente, sorrir por, nos pormenores magistralmente descritos pela autora, decifrar aquelas histórias que marcam todas as famílias e que, durante décadas, são relembradas qual façanhas heróicas...  ou anedotas particulares.
Gostei tanto, que gostaria de lhe dar um 4...  mas não posso.  A autora escreve, por entre a história dos Carcomo, partes da História de Portugal (para situar o leitor na época; para explicar acções/reacções das personagens; ou, apenas, para emprestar colorido à história).  E é aí, na minha opinião, que o livro perde um pouco.  Não que não ache importante essa parte.  Considero-a, até, essencial (não só porque Portugal acaba por ser mais uma personagem do livro, mas também porque gerações mais jovens - e aqui me incluo, descaradamente - não têm, muitas vezes, a noção do que era a realidade nacional durante grande parte do século passado).  O que me "entristeceu" (à falta de melhor palavra), foi o facto da abordagem ter sido tão díspare do restante tom do livro.  O livro trata de um assunto intimista, a família, e, no entanto, tive muitas vezes a impressão (ao ler as partes de História), que estava a estudar um manual escolar e não a ler um romance histórico.  Se a abordagem fosse menos escolástica e mais em termo com o restante feeling da obra, este seria um perfeito Nota 4. assim sendo...


Nota 3

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