Os Maias
de Eça de Queiroz
Editor: Livros do Brasil
ISBN: 9789897110207Sinopse
Eça de Queiroz retrata-nos nesta obra um largo fresco da sociedade portuguesa. Como observa lucidamente Helena Cidade Moura, em Carlos da Maia, "uma educação exemplar não o liberta do peso da hereditariedade social. Personagens de um grande mundo, os netos de Afonso da Maia, vivificados e alimentados pela grande civilização europeia caem, apesar de tudo, ali numa rua ao Chiado".
E pronto, se dúvidas houvessem este post vai acabar com elas... Admito: sou um bocado "careta" nos meus gostos literários (ou, como diz um colega meu, "geriátrica"). Se um livro é verdadeiramente bom, há-de sê-lo sempre, independentemente da altura em que foi escrito, das modas passageiras que arrasam com obras de menor qualidade ou mesmo, como é o caso deste, da obrigatoriedade de leitura no ensino português que faz com que milhares de alunos todos os anos lhe ganhem um ódio de estimação.
Li "Os Maias" pela primeira vez na praia, ainda antes de o saber de leitura obrigatória no 12º. Não será propriamente uma "leitura leve", mas aqueles dias em que me acompanhou até ao areal tornou as minhas tardes muito mais agradáveis. Passo a explicar... Sou um bicho raro que não tem um gosto particular na época balnear! Mas, na altura, fazia parte de um grupo de amigas que vivia para o escurecimento da pele. E lá passavam elas a tarde, a cronometrar as meias-horas de frente e de costas (para o bronze ficar uniforme), a ir poucas vezes à água (que não estavam lá para tomar banho, que isso podiam fazer em casa) e eu ali, feita mastronça, a pensar como me tinha deixado arrastar para aquilo. E então, na biblioteca do meu pai, descobri o meu salvador!
Dizer que adorei o livro é pouco! Confessar que já o reli algumas 5 vezes, é embaraçoso. Admitir que "preciso" de relê-lo pois já há alguns 4 anos que não o faço, é perturbante. Mas é verdade! Quando passo algum tempo sem mergulhar nesta obra, começo a sentir saudades, como de um amigo querido a quem o ritmo do dia-a-dia nos impede de encontrar e por a conversa em dia.
Sinto a falta do Carlos e da Maria Eduarda, com o seu amor proibido antecedido por jogos de sedução intemporais; sinto falta do João da Ega, alter-ego do Eça, que me faz sempre sorrir com as suas tiradas irónicas e com as peripécias amorosas com a bela Cohen; tenho saudades do Alencar, que sempre vi como um "tio" benemérito, a voz da moral para Carlos da Maia, para quem não é mais que o amigo do pai; sinto falta do Cruges e das queijadas esquecidas;... Até sinto falta do Eusebiozinho com as suas prostitutas espanholas num hotel em Sintra. E sim, já que disso falo, sinto falta de ver a "Minha" Sintra imortalizada na pena de um dos maiores escritores portugueses de sempre!
Se compreendo a aversão institucionalizada d' "Os Maias"? Sim, entendo! Tudo o que é feito por obrigação ganha um peso moral que (quase) nos impede de o apreciar. E sim, as primeiras cento e tal páginas descritivas do Ramalhete e afins torna o arranque difícil.
Mas, a sério, acreditem nesta "geriátrica"... Se lhe derem o benefício do vosso tempo e da vossa atenção, este é um livro que nunca desapontará!!!
Nota 5
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