sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

S.O.S. pais




O Livro dos Pais
Paulo Oom
Ed. Matéria Prima
EAN 9789898461018


Sinopse

A aventura de criar um filho é maravilhosa mas também provoca muita ansiedade e preocupação. Saber o que fazer para ajudar os nossos filhos perante uma doença, um acidente ou uma birra pode ser difícil. Essa dificuldade faz com que os pais recorram aos profissionais de saúde, colocando as dúvidas que os inquietam. Aliando a sua vasta experiência como Pediatra à de pai de cinco filhos, dos 6 aos 20 anos, Paulo Oom decidiu reunir neste livro as perguntas que lhe são colocadas com mais frequência e que mais marcam o dia-a-dia dos pais e das mães.
Respondendo a questões que vão desde o primeiro mês do bebé até à adolescência, passando por temas como a alimentação, o desenvolvimento e as doenças mais comuns, o autor apresenta aqui um verdadeiro manual de instruções para lidar com o seu filho desde tenra idade.



Fui mãe pela primeira vez à pouco tempo... Na verdade fez, à cerca de 10 horas, 2 meses que me colocaram nos braços, pela primeira vez, um pequeno ser a quem se decidiu chamar Alexandre! Como acontece com muitas mães eu estava na altura, lamento dizê-lo, complectamente inconsciente do trabalho que acartava o dar vida a um ser. A maior parte dos pais, quando decide "aumentar a família", mentaliza-se para as fraldas borradas, as noites mal dormidas, as birras, as roupinhas que lhes acenam sedutoramente das montras das lojas, até mesmo dos enjoos e desejos gestacionais... Mas, por mais que mergulhem num sem número de livros da linha "what to expect when you are expecting", a verdade é que, a partir do momento que entram a porta de casa pela primeira vez com a sua carga preciosa nos braços começam, quase de imediato, a ser assaltados por dúvidas que nem sabiam que tinham. Quando, após a primeira birra, e depois de esgotar as possibilidades de fome-frio-calor-fralda_suja-mimo-cólica-prisão de ventre sem qualquer resultado, quase todos, em desespero de causa, desejam poder ter, a seu lado, para os guiar, a mão firme e experiente de um pediatra. E, após a vigésima chamada para o saúde 24, a maior parte sente, também, mais do que a própria incapacidade de poder e conhecimento parental, uma enorme vergonha por ter de depender de uma voz anónima para conseguir perceber o próprio filho. Este livro vem em auxílio a esses desesperados seres a quem se dá o nome de "Pais"!

Paulo Oom, pediatra de renome e, ele próprio, pai de 5 jovens com idades dos 6 aos 20 anos, coloca, assim, ao dispor de quem mais precisa a sabedoria que angariou ao longo dos anos enquanto profissional e progenitor. Neste volume podem os pais encontrar as respostas a questões tão díspares como "o que é a milia?", "como saber se está tudo bem com a sua criança vegetariana?", "deve ser feito algum exame antes de se iniciar um antibiótico?", "como se trata a dermatite das fraldas?", "existem as dores de crescimento?", ou mesmo "que tipo de óculos de sol se deve comprar?".

As questões e respostas fornecidas pelo médico visam exclarecer as dúvidas que possamos ter sobre vários temas (crescimento, desenvolvimento, alimentação, doenças mais frequentes, vírus e bactérias, medicamentos, acidentes e sua prevenção, disciplina e tempos livres e, finalmente, campo, sol e praia) numa linguagem acessível a todos os leigos da medicina. Como o prórpio autor nos diz, na sua introdução "Utilizei uma linguagem simples, sem termos médicos complicados, e procurei transmitir os aspectos mais práticos da arte de ser pai ou mãe. Espero que vos ajude em momentos de dúvida a compreender e lidar melhor com os vossos filhos. E, principalmente, que torne a aventura da educação de uma criança, ainda mais entusiasmante:"

Eu, leitora compulsiva, me confesso... é este, de momento, o meu livro de cabeceira!


 
Nota 4

terça-feira, 21 de dezembro de 2010

Em terra de cegos...



Ensaio sobre a cegueira
José Saramago
Editoral Caminho
ISBN 9789722110211



Sinopse

Uma cidade é devastada por uma epidemia instantânea de "cegueira branca". Face a este surto misterioso, os primeiros indivíduos a serem infectados são colocados pelas autoridades governamentais em quarentena, num hospital abandonado. Cada dia que passa aparecem mais pacientes, e esta recém-criada "sociedade de cegos" entra em colapso. Tudo piora quando um grupo de criminosos, mais poderoso fisicamente, se sobrepõe aos fracos, racionando-lhes a comida e cometendo actos horríveis. Há, porém, uma testemunha ocular a este pesadelo: uma mulher, cuja visão não foi afectada por esta praga, que acompanha o seu marido cego para o asilo. Ali, mantendo o seu segredo, ela guia sete desconhecidos que se tornam, na sua essência, numa família. Ela leva-os para fora da quarentena em direcção às ruas deprimentes da cidade, que viram todos os vestígios de uma civilização entrar em colapso. A viagem destes é plena de perigos, mas a mulher guia-os numa luta contra os piores desejos e fraquezas da raça humana, abrindo-lhes a porta para um novo mundo de esperança, onde a sua sobrevivência e redenção final reflectem a tenacidade do espírito humano.



O Homem vive restringido pelas regras que a sociedade lhe impõe. O seu desejo de aceitação e de pertença é tal que, frequentemente, adopta uma personagem pública, em contraste com a pessoa que realmente é, de forma a ser aceite. Essa hipocrisia social é aceite e, até, incentivada, como uma das formas de sobrevivência a que a Humanidade teve de se submeter ao longo dos séculos. Somos quem somos, mas somos julgados por quem aparentamos ser... Mas, e se tivéssemos a liberdade de nos saber invisíveis a quem nos rodeia? Continuariamos a viver no nosso mundo do faz de conta ou acabaríamos por nos render à bestialidade do que somos? Saramago responde a estas perguntas neste magnífico livro. Sem a pressão de se sentir sob um microscópio social, rapidamente a sociedade esqueceria as regras pelas quais se regia e daria lugar aos instintos primitivos que, na realidade, a habitam. Sem o saberem, todos são observados por uma testemunha... Uma mulher que, escapando à epidemia que cegara todo o Mundo, observa aterrorizada enquanto a realidade em que vivera dá lugar a um novo mundo... imundo, imoral e bárbaro. É através dos seus olhos que nos vemos, como realmente somos.


"Este livro é francamente terrível, com o qual eu quero que o leitor sofra tanto como eu sofri ao escrevê-lo. Nele se descreve uma longa tortura. É um livro brutal e violento e é, simultaneamente, uma das experiências mais dolorosas da minha vida. São 300 páginas de constante aflição. Através da escrita, tentei dizer que não somos bons e que é preciso que tenhamos coragem para reconhecer isso."

José Saramago