terça-feira, 29 de setembro de 2009

Rivalidade de egos





A Guerrilha Literária
(Eça de Queiroz/Camilo Castelo Branco)
A. Campos Matos
Parceria A. M. Pereira
EAN 9789728645601
ISBN 978-972-8645-60-1




Admito que tenho um lugar especial na minha biblioteca para as obras do Eça de Queiroz. Sim... Sei que não é fashionable e que o facto de ter lido os Maias, na praia, muito antes de ter de o fazer faz de mim uma aberração da natureza. Mas, ainda assim, admito... Adoro a escrita do Eça. Adoro a sua crítica social e intelectual, rio-me com o seu humor (que acho muito próximo ao famoso humor britânico) e considero a sua escrita de uma profunda e primorosa inteligência.

Quanto ao Camilo Castelo Branco... Bem... Digamos que o sentimento não é o mesmo. Sempre o achei, à falta de melhor descrição, lamechas e romântico ao ponto de ser enjoativo. Ainda assim estaria pronta a dar-lhe o mérito que merecia pelo seu contributo literário. Mas, ao ler o seu pequeno e revoltante livro "A Senhora Rattazzi" (Edição Fac-Similada, Edição/reimpressão: 2009, 54 Páginas, Calçada das Letras, ISBN: 9789899572843) onde ele expõe a sua posição em relação à liberdade pessoal e intelectual da mulher (era contra), a minha consideração por ele baixou consideravelmente... Principalmente porque passei a ver nele não só um homem de contradições mas, também, de hipocrisias (era a favor, literariamente, do amor puro e, no entanto, foi preso pela sua relação com uma mulher casada. Era contra o poder feminino mas Ana Plácido, o objecto do seu amor, era, para todos os efeitos, um nome a considerar no panorama literário nacional e uma ávida leitora, consultora e crítica dos vários autores da altura - incluindo Camilo).

Neste livro o autor aborda a rixa literária que opôs Naturalistas e Realistas (movimentos aos quais Camilo e Eça davam, respectivamente, a cara). Camilo, que não era estranho a este tipo de confronto, não se coibindo de dar a sua opinião menos favorável sobre os trabalhos de outros autores em hasta pública foi, no entanto, bastante comedido nesta guerrilha (talvez por respeito ao pai de Eça que foi o juiz que o ajudou no processo de adultério aquando da sua prisão). Eça foi, como sempre, irónico, inteligente e certeiro nas suas críticas não perdendo, no entanto, o respeito pelo autor mais velho.

O livro lê-se bem e, para quem estuda ou, simplesmente, gosta da história da literatura portuguesa pode ser uma preciosa ajuda para perceber uma altura e dois movimentos da literatura nacional.
Nota 3

quinta-feira, 24 de setembro de 2009

A complicada família real russa...




A Noite Branca de Sampetersburgo
Michel de Gréce
Bertrand Editora
EAN 9789722512015
ISBN 972-25-1201-3




Estando eu sem nada para ler (tinha acabado o último livro e, estando de férias, precisava de arranjar imediato substituto), e uma vez que já à muito não lia um romance histórico (género que admito gostar, se for bem escrito), peguei neste volume que já tinha comprado à uns meses numa feira mas que ainda não tinha conseguido lugar na minha mesa de cabeceira. À partida era uma aposta ganha. Tinha tudo para me agradar. O período da história que mais me agrada é o que vai do final do século XVIII até ao início do século XX (principalmente nas cortes portuguesa, inglesa e russa). Ora, este livro passa-se, precisamente, no seio da família real russa durante o século XIX... Infelizmente, tenho de admitir... Não gostei do livro! Quero dizer, a história é interessante, o autor está bem documentado... Mas... A verdade é que a maneira como o livro está escrito não é carne nem é peixe... Isto é, o livro é demasiado maçudo para ser um bom romance histórico (por vezes as descrições arrastam-se por páginas sem fim, descrições factuais, não romanceadas) e demasiado fantasioso para ser livro de história.

Quanto à história... É o relato da vida do grão-duque Nicolau Romanov, primo do czar, que, tendo-se envolvido com uma cortesã americana, por quem se perde de amores, acaba por ser apresentado a um mundo muito longe da sua realidade. Através de Fanny Lear (a amante) é apresentado a um grupo de jovens revolucionários. Amante da liberdade (que, na condição de realeza, não tem) Nicolau é facilmente convencido a unir-se ao grupo financiando-lhes, inclusivé, os golpes revolucionários. O que não se apercebe, até ser tarde demais, é que abre a porta não só aos revolucionários como também ao amante de Fanny que, com ela, acaba por roubar os diamantes do ícone religioso favoritp da mãe de Nicolau. O jovem acaba por confessar o crime que não cometeu e, humilhado, envergonhado e renegado pela família e pela amante, acaba por ir para o exílio, onde permanece até ao golpe que retirou do poder a sua família.

A história de Nicolau é verdadeira, rica em pormenores, tem jogadas de interesse e golpes, tem sedutores e seduzidos... Merecia ser tratada com mais empenho. Michel de Gréce, familiar do grão-duque, pode ter querido ser fiel ao seu antepassado mas, ao fazê-lo, acabou por, na minha opinião, sacrificar aquele que poderia ser um grande romance histórico.
Nota 2

domingo, 20 de setembro de 2009

O livro de uma vida...




Capitães da Areia
Jorge Amado
D. Quixote
EAN 9789722021449
ISBN 972-20-2144-3




Se me perguntassem qual o livro da minha vida teria de responder, muito provavelmente, este. Este livro fez-me chorar, por duas vezes; ao recebê-lo e ao acabar de o ler. O meu paivofereceu-me a história que Jorge Amado escreveu sobre os meninos de rua da Bahia quando eu tinha 13 anos para, segundo ele, me dar "uma nova visão da vida". Chorei! Não de emoção pela oferta e dedicatória, mas por birra... por pura parvoíce... porque queria um livro da Agatha Christie e não deste brasileiro de que nunca ouvira falar (ok, tinha visto a Tieta, mas o meu conhecimento de Jorge Amado começava e acabava aí). O que vale é que, na altura, as minhas birras eram de curta duração.

Nessa noite mergulhei no mundo de Pedro Bala, Pirulito, Volta Seca, Dora, Sem Pernas, Professor, Boa-Vida e todas as outras crianças que, sem família, se defendiam uns aos outros enquanto dormiam espalhados nos areais da cidade. Acabei o livro no dia seguinte. E, aí, o choro foi tão intenso que o meu pai, como me viria a confessar mais tarde, se arrependeu de me oferecer o livro. Mas há choros que não gostaríamos de impedir... que vêm de uma aprendizagem que não trocaríamos por nada.

Sempre vivi muito os meus livros... Embrenho-me na leitura e vejo e vivo tudo aquilo que está escrito. Acredito, inclusivé, que quem diz não gostar de ler o faz por não conseguir visualizar a palavra escrita. E aquele choro, aquele soluçar desesperado, era o choro de uma criança por outras crianças que já nem sabiam chorar. Descobri, nesta obra-prima da literatura lusófona, que existem crianças que, para além de uma família e uma casa, perderam também o luxo de sonhar, de rir, brincar, ser criança e, até, de chorar. Descobri que existem dores mais profundas que a morte e que a esperança e a fé no futuro é um privilégio que não está ao alcance de todos.

O livro é forte... As vidas nele descritas são duras, calejadas. Mas é um livro que aconselho a todos... Aos jovens que não têm consciencia de tudo o que têm, e aos adultos que se queixam da vida sem se lembrarem da dádiva que foi a sua infância.
Nota 5

sábado, 19 de setembro de 2009

70 anos de memórias




A Segunda Guerra Mundial
Martin Gilbert
D. Quixote
ISBN: 978-972-20-3874-4



Comemora-se, este ano, o 70º aniversário do início da Segunda Guerra Mundial e, para assinalar o facto, vários editoras publicaram neste último mês livros referentes ao tema.

Esta é a grande aposta da D. Quixote.

Do mesmo autor de outros bestsellers da área da história (como, por exemplo, "Winston Churchill, Biografia" e "História de Israel"), chega-nos agora este monstro literário de 1008 páginas. O fascínio de Gilbert pela Segunda Grande Guerra começou cedo, na sua infância, para ser mais exacta. Nascido em 1936, em Londres, Gilbert estava entre o grupo de crianças inglesas que, nove meses depois do rebentar da guerra, foi enviado para o Canadá, como medida de prevensão e segurança em relação às gerações mais novas. A recordação da viagem de navio, da sua fuga, permaneceu sempre viva na memória de Gilbert e manteve-se um alimento constante para a sua carreira de historiador e escritor.

Nesta obra, mais que um relato cronológico dos anos da guerra, Martin Gilbert, através de uma exaustiva pesquisa, mostra-nos não só a acção prin cipal como também os bastidores de uma época negra. Aborda, assim, não só a temática política e militar, mas também o lado secretivo (como a espionagem utilizada de parte a parte) e, mesmo, o lado civil da Segunda Grande Guerra.
A obra é excepcional, bem documentada e escrita mas (e há sempre um mas) o tamanho do livro não é convidativo. Não é apenas a sua extensão que é preocupante... É, também, o facto de, por ser um livro de capa mole, ser impossível a alguém que realmente o queira ler de o fazer sem partir a lombada (o que é uma lástima).

Novidade "Fantástica"!




O Mar de Ferro
George R. R. Martin
Isbn 9789896371357



Pois é, finalmente chega às lojas o mais recente volume, o oitavo, do autor que é considerado o herdeiro literário de Tolkien.
Tendo trabalhado como argumentista (o que o ajudou a, apesar do tamanho da sua obra mais conhecida, manter o ritmo e a sequência lógica da história de um volume para o outro), George R. R. Martin começou, em 1996, a trabalhar naquela que seria a obra mais emblemática da sua carreira, "As Crónicas de Gelo e Fogo".
Tal como o mestre, Tolkien, a mais valia de Martin é que, apesar de escrever histórias de puro género fantástico, a forma como escreve e a perfeição com que cria mundos verosímeis torna a acção plausível e mantém os seus leitores na expectativa do que acontecerá a seguir. Até a forma intrincada como criou o mundo em que se passa a acção se torna compreensível com a ajuda dos mapas que criou (também como Tolkien o fez).
E, brevemente, será ainda mais fácil para o leitor de visualisar o mundo fantástico de Martin, pois foi divulgado que a obra será adaptada para televisão pelo conceituado canal televisivo HBO (canal responsável, entre outras, pelas séries Roma, O Sexo e a Cidade, Sete Palmos de Terra, e Os Sopranos). Aliás, é já de conhecimento público, que o episódio piloto, será filmado ainda este ano em Belfast, na Irlanda do Norte.

sexta-feira, 18 de setembro de 2009

Brevemente, nas livrarias

Pois é,... Estive a pensar como poderia dar um pouco mais de vida a este blog, um pouco mais de interesse, e concluí que, para além de dar a conhecer a minha opinião sobre os livros que vou lendo, posso começar, também, a apresentar alguns dos livros que sairão em breve para as lojas. Esta é a primeira dessas apresentações.


O livro que vou dar a conhecer é um livro que já folheei na versão original mas que ainda não tive o prazer (?) de ler. Escrito pelo autor canadiano William P. Young este é um romance que entra pelos caminhos misteriosos (para mim, pelo menos) da religião e da fé. O personagem principal, Mackenzie Phillips começa por, quatro anos antes da acção, levar três dos seus filhos a acampar no Oregon. Durante o tempo em que estão a acampar, e no seguimento de um incidente com os seus outros dois filhos, Mack deixa a filha mais nova, Missy, momentaneamente sózinha. Quando volta para o local onde deixara a menina não a encontra. A subsequente investigação leva à conclusão de que, não só, Missy foi raptada como terá, também, sido brutalmente assassinada numa cabana perto do acampamento. Quatro anos depois (ou seja, no presente) Mack recebe um bilhete, assinado Papa (nome pelo qual a sua mulher se refere a Deus) e, levado pela crença de que é, realmente, Deus que fala com ele, o homem dirige-se ao local onde, de forma tão dolorosa, perdera a filha. Mais do que um livro de mistério (pela tentativa de descobrir o que aconteceu à sua filha), este é um livro que tenta responder à questão "se Deus existe e é bondade, porque é que nos faz sofrer?". Admito que a vertente religiosa do livro mo fez pousar rapidamente. Mas, quem sabe, se agora, traduzido e editado pela Porto editora, não lhe volto a dar uma oportunidade?... E, daí, talvez não.












ISBN: 978-972-0-04178-4


Lançamento: Outubro de 2009

terça-feira, 15 de setembro de 2009

A meio da noite dois lados cruzam-se... para sempre.





Sem Sangue
Alessandro Baricco
Biblioteca Sábado (tradução da D. Quixote)
EAN 5602831080654
ISBN 978-84-613-1615-1




Numa noite, no silêncio do campo, Manuel Roca identifica, no som de um automóvel a passar na estrada, a proximidade dos seus inimigos. Com tempo limitado para agir, resta-lhe esconder os seus bens mais preciosos... os filhos. Ao ouvir a discussão entre o pai e os seus opositores (Salinas, Gurre e Tito) o rapaz não resiste em sair do seu esconderijo para vir em auxílio do pai. De dentro do alçapão onde o pai a deitou e de onde não se mexe, Nina, a rapariga, assiste à morte do pai e do irmão. Impotente, mas quase resignada, Nina espera, em posição fetal, que tudo volte ao silêncio para finalmente poder sair da sua prisão. No entanto os seus planos podem correr o risco de não se cumprirem quando os assassinos da sua família iniciam uma busca na casa à sua procura. O mais jovem, Tito, encontra-a mas, ao invés de a entregar aos seus cúmplices, há algo na serenidade da jovem que o leva a calar o seu paradeiro.

Anos mais tarde uma mulher envelhecida, mas ainda bela e altiva, dirige-se a um quisque para comprar um bilhete de lotaria. Ao atendê-la, ao olhar nos olhos da desconhecida, o cauteleiro reconhece a menina que décadas antes ajudou a esconder. Tito e Nina (que entretanto viveu várias vidas e teve inúmeros nomes) reencontram-se e, contando a sua versão de uma mesma história à mesa de um café, ambos tentam, finalmente, tirar algum sentido aos acontecimentos que partilharam em jovens e a tudo o que aí adveio.

Um livro que fala de vingança, de guerra, de morte, mas também de perdão, de aceitação e de resignação. O livro é pequeno, não mais que um conto, e lê-se num só fôlego.
Nota 4

sexta-feira, 11 de setembro de 2009

Cartas a um jovem poeta




Cartas a um jovem poeta
Rainer Maria Rilke
Edições Quasi
ISBN 978-989-552-388-7
EAN 9789895523887




Franz Xaver Kappus. Um nome que passa despercebido ao radar de (quase) todos. E, no entanto, é o nome de alguém cujo contributo para a literatura é, inquestionávelmente, inestimável. É ele o (aspirante a) jovem poeta que foi o receptor das dez missivas do (grande) Rainer Maria Rilke. Na altura em que a correspondência começou, início de 1903, Kappus era um jovem de 19 anos que frequentava a Academia Militar mas que alimentava a aspiração de se tornar poeta. Assim, enviou algumas das suas criações a alguns dos mais ilustres escritores da época tendo recebido resposta de Rilke, um autor com cerca de 8 livros publicados. É provável que, ainda que esperançoso, Kappus não estivesse à espera que uma personalidade como Rilke se disposesse a responder-lhe mas a verdade é que a primeira carta do jovem levou a uma correspondência amigável entre os dois homens entre o início de 1903 e o fim de 1908. Ainda que aguardando conselhos ou, melhor ainda, críticas ao seu trabalho literário, Kappus ficou logo ao corrente da opinião de Rilke sobre a corja de críticos: "Nada está mais longe de tocar numa obra de arte do que palavras críticas: delas resultam apenas mal-entendidos mais ou menos felizes". Assim, no decorrer da sua correspondência, o conceituado autor mais que críticar, ou mesmo guiar, o jovem nas suas aspirações, vai, isso sim, partilhar com ele pontos de vista, opiniões e, mesmo, os conhecimentos que adquiriu no decorrer da suas primeiras três décadas de vida. Essa partilha torna este livro um excelente livro de "passagem", uma bíblia para jovens que estejam prestes a entrar na idade adulta (diria que um óptimo conselheiro para jovens entre os 14 e os 17 anos - ainda que só o tenha lido nos meus, jovens, 30 anos).

"Esta vida não pode ser medida no tempo, o tempo não se divide em anos, e dez anos não são nada. Ser artista é não calcular e não contar, é amadurecer como a árvore, que não comanda a seiva e que enfrenta tranquila as tempestades da Primavera sem recear que o Verão não chegue. O Verão chegará. Mas apenas para quem esperou pacientemente, para quem aqui permaneceu como se à sua frente se estendesse, sem cuidados, silenciosa e imensa, a eternidade. Todos os dias aprendo esta lição, aprendo-a pelo sofrimento que aceito com gratidão: a paciência é tudo!"
Nota 4

sábado, 5 de setembro de 2009

Uma Morte (Não Muito) Suave



Uma morte suave
Simone de Beauvoir
Livros Cotovia
ISBN 978-972-795-276-2





Será a morte de alguém que nos está próximo e que amamos mais suportável se tivermos tempo para nos habituarmos à ideia e nos conformarmos? E se essa pessoa for primordialmente racional, como é o caso da autora em questão, será mais fácil ou, mesmo, possível colocar os sentimentos ao largo e limitarmo-nos a assistir e analisar a iminente morte de alguém, mesmo que esse alguém seja a nossa mãe? Simone de Beauvoir parece estar convencida, no início deste pequeno livro, de que será capaz de se manter uma simples espectadora de uma fatalidade universal, não a vendo como algo pessoal e intrinsecamente ligada à progenitora.
O livro começa com um telefonema a avisar Simone de que a sua, idosa, mãe caiu em casa e partiu o fémur, tendo sido internada. A autora apressa-se a juntar-se à enferma, numa atitude de quase desprendimento. Na verdade uma relação algo tensa entre as duas proporciona a desculpa perfeita para esta atitude da autora. No entanto, com o decorrer do livro, e com o surgimento de complicações na saúde de Françoise de Beauvoir, vemos a racional escritora a ver as suas convicções abaladas ao mesmo tempo que se apercebe da fragilidade da sua mãe e, consequentemente, da sua. Vemos como Simone se dá conta da sua surpresa pela forma como o desenrolar das situações a apanha desprevenida e da sua estupfação ao reparar que mais facilmente chora pela doença da mãe que pela morte do pai.
É um livro (quase) depressivo que nos faz analisar os nossos sentimentos, os nossos medos, as nossas convicções para no final nos levar a concluir, como Simone de Beauvoir, que o ser humano é um animal que se deixa reger pelos seus sentimentos o que lhe torna impossível analisar friamente o aproximar da morte.

Nota 3