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sábado, 5 de outubro de 2013

Manifesto Anti-Dantas




 
Manifesto Anti-Dantas e por Extenso
de José de Almada Negreiros
Editor: Assírio & Alvim
ISBN: 9789723716887


Sinopse:

Edição Limitada.
Publicado em 1915 o Manifesto Anti-Dantas foi uma reacção pública e veemente de Almada Negreiros contra a oposição crítica e conservadora ao movimento modernista português, aqui personificada por Júlio Dantas. A edição que agora se apresenta, da responsabilidade de Sara Afonso Ferreira, inclui uma gravação inédita do Manifesto Anti-Dantas lido pelo próprio Almada Negreiros.





Cá em casa o Manifesto Anti-Dantas é um favorito quer comigo quer com a cara metade. Volta e meia, um de nós pega na obra e partilha em voz alta a genialidade de Almada Negreiros... Outras vezes deixamos que a voz de Mário Viegas nos envolva com as suas exclamações de "Morra o Dantas, morra! Pim!"
Esta edição, recente, da Assírio e Alvim, é, para quem como nós adora a obra, uma prenda de Natal antecipada. Não só traz a obra por extenso, como podemos ouvir o próprio Almada Negreiros a declamá-la (o livro traz um cd com a gravação).

Quanto à obra...

É preciso ser-se um génio para com, ironia, inteligência e sarcasmo se deitar abaixo não só um rival literário (Júlio Dantas) como também toda uma geração que o apoia... Gostaria que houvesse agora um Almada Negreiros que abrisse assim os olhos a quem se arrasta no marasmo sem agir contra a situação nacional... Porque, assim diz o poeta:

"Basta pum basta!!!
Uma geração que consente deixar-se representar por um Dantas é uma geração que nunca o foi. É um coio d'indigentes, d'indignos e de cegos! É uma resma de charlatães e de vendidos, e só pode parir abaixo de zero!
Abaixo a geração!
Morra o Dantas, morra! Pim!
Uma geração com um Dantas a cavalo é um burro impotente!
Uma geração com um Dantas ao leme é uma canoa em seco!"


Tantos "Dantas" que há para aí...



Nota 5

domingo, 24 de junho de 2012

Genialidade Intemporal



Os Maias
de Eça de Queiroz
Editor: Livros do Brasil
ISBN: 9789897110207


Sinopse

Eça de Queiroz retrata-nos nesta obra um largo fresco da sociedade portuguesa. Como observa lucidamente Helena Cidade Moura, em Carlos da Maia, "uma educação exemplar não o liberta do peso da hereditariedade social. Personagens de um grande mundo, os netos de Afonso da Maia, vivificados e alimentados pela grande civilização europeia caem, apesar de tudo, ali numa rua ao Chiado".



E pronto, se dúvidas houvessem este post vai acabar com elas...  Admito:  sou um bocado "careta" nos meus gostos literários (ou, como diz um colega meu, "geriátrica").  Se um livro é verdadeiramente bom, há-de sê-lo sempre, independentemente da altura em que foi escrito, das modas passageiras que arrasam com obras de menor qualidade ou mesmo, como é o caso deste, da obrigatoriedade de leitura no ensino português que faz com que milhares de alunos todos os anos lhe ganhem um ódio de estimação.
Li "Os Maias" pela primeira vez na praia, ainda antes de o saber de leitura obrigatória no 12º.  Não será propriamente uma "leitura leve", mas aqueles dias em que me acompanhou até ao areal tornou as minhas tardes muito mais agradáveis.  Passo a explicar...  Sou um bicho raro que não tem um gosto particular na época balnear!  Mas, na altura, fazia parte de um grupo de amigas que vivia para o escurecimento da pele.  E lá passavam elas a tarde, a cronometrar as meias-horas de frente e de costas (para o bronze ficar uniforme), a ir poucas vezes à água (que não estavam lá para tomar banho, que isso podiam fazer em casa) e eu ali, feita mastronça, a pensar como me tinha deixado arrastar para aquilo.  E então, na biblioteca do meu pai, descobri o meu salvador!
Dizer que adorei o livro é pouco!  Confessar que já o reli algumas 5 vezes, é embaraçoso.  Admitir que "preciso" de relê-lo pois já há alguns 4 anos que não o faço, é perturbante.  Mas é verdade!  Quando passo algum tempo sem mergulhar nesta obra, começo a sentir saudades, como de um amigo querido a quem o ritmo do dia-a-dia nos impede de encontrar e por a conversa em dia. 
Sinto a falta do Carlos e da Maria Eduarda, com o seu amor proibido antecedido por jogos de sedução intemporais;  sinto falta do João da Ega, alter-ego do Eça, que me faz sempre sorrir com as suas tiradas irónicas e com as peripécias amorosas com a bela Cohen; tenho saudades do Alencar, que sempre vi como um "tio" benemérito, a voz da moral para Carlos da Maia, para quem não é mais que o amigo do pai; sinto falta do Cruges e das queijadas esquecidas;...  Até sinto falta do Eusebiozinho com as suas prostitutas espanholas num hotel em Sintra.  E sim, já que disso falo, sinto falta de ver a "Minha" Sintra imortalizada na pena de um dos maiores escritores portugueses de sempre!
Se compreendo a aversão institucionalizada d' "Os Maias"?  Sim, entendo!  Tudo o que é feito por obrigação ganha um peso moral que (quase) nos impede de o apreciar.  E sim, as primeiras cento e tal páginas descritivas do Ramalhete e afins torna o arranque difícil. 
Mas, a sério, acreditem nesta "geriátrica"...  Se lhe derem o benefício do vosso tempo e da vossa atenção, este é um livro que nunca desapontará!!!


Nota 5

domingo, 20 de setembro de 2009

O livro de uma vida...




Capitães da Areia
Jorge Amado
D. Quixote
EAN 9789722021449
ISBN 972-20-2144-3




Se me perguntassem qual o livro da minha vida teria de responder, muito provavelmente, este. Este livro fez-me chorar, por duas vezes; ao recebê-lo e ao acabar de o ler. O meu paivofereceu-me a história que Jorge Amado escreveu sobre os meninos de rua da Bahia quando eu tinha 13 anos para, segundo ele, me dar "uma nova visão da vida". Chorei! Não de emoção pela oferta e dedicatória, mas por birra... por pura parvoíce... porque queria um livro da Agatha Christie e não deste brasileiro de que nunca ouvira falar (ok, tinha visto a Tieta, mas o meu conhecimento de Jorge Amado começava e acabava aí). O que vale é que, na altura, as minhas birras eram de curta duração.

Nessa noite mergulhei no mundo de Pedro Bala, Pirulito, Volta Seca, Dora, Sem Pernas, Professor, Boa-Vida e todas as outras crianças que, sem família, se defendiam uns aos outros enquanto dormiam espalhados nos areais da cidade. Acabei o livro no dia seguinte. E, aí, o choro foi tão intenso que o meu pai, como me viria a confessar mais tarde, se arrependeu de me oferecer o livro. Mas há choros que não gostaríamos de impedir... que vêm de uma aprendizagem que não trocaríamos por nada.

Sempre vivi muito os meus livros... Embrenho-me na leitura e vejo e vivo tudo aquilo que está escrito. Acredito, inclusivé, que quem diz não gostar de ler o faz por não conseguir visualizar a palavra escrita. E aquele choro, aquele soluçar desesperado, era o choro de uma criança por outras crianças que já nem sabiam chorar. Descobri, nesta obra-prima da literatura lusófona, que existem crianças que, para além de uma família e uma casa, perderam também o luxo de sonhar, de rir, brincar, ser criança e, até, de chorar. Descobri que existem dores mais profundas que a morte e que a esperança e a fé no futuro é um privilégio que não está ao alcance de todos.

O livro é forte... As vidas nele descritas são duras, calejadas. Mas é um livro que aconselho a todos... Aos jovens que não têm consciencia de tudo o que têm, e aos adultos que se queixam da vida sem se lembrarem da dádiva que foi a sua infância.
Nota 5

sexta-feira, 28 de agosto de 2009

Duas metades de uma mesma laranja... Orgulhosa e Preconceituosa.




Orgulho e Preconceito
Jane Austen
Publicações Europa-América
EAN 5601072510340
ISBN 972-1-04084-3




"É uma verdade universalmente reconhecida que um homem solteiro na posse de uma bela fortuna necessita de uma esposa."
A frase de abertura deste romance, para além de mostrar o potencial satírico da autora, dá o mote para toda a obra. Descobrimos, logo na primeira frase, uma panóplia de raparigas solteiras, potenciais esposos (ricos) e um sem fim de mães dispostas a empurrar a prole para os braços de qualquer homem que traga dinheiro e pretígio à família.
É, pois, irónico que Jane Austen tenha escolhido para heroína desta história uma jovem que não liga a convenções, bolsas recheadas, casamentos impostos ou, mesmo, aos "nervos da sua pobre mãe". Elizabeth Bennet é a segunda de cinco irmãs e, não tendo o carácter calmo e, mesmo, fraco da irmã mais velha (a mais bela e promissora da família), nem a seriedade da terceira ou a leviandade das duas mais novas, é a personagem feminina mais inteligente de toda a história. De carácter forte e cultura superior aos que a rodeiam, Elizabeth tem consciência que, na sua condição de mulher, a inteligência é um handicap que, provavelmente, porá em risco a sua oportunidade de alguma vez vir a casar. Assim, promete a si própria só o fazer por um verdadeiro amor o que, no seu caso, mais que uma vida confortável junto a um homem de posses, significa uma constante debate de ideias com um homem que não se sinta ameaçado pela inteligência da mulher que tem a seu lado. E, contra todas as expectativas (das personagens, pelo menos) esse homem parece ser o frio e orgulhoso Mr. Darcy.
Darcy é um dos homens mais ricos de Inglaterra o que, socialmente, o coloca acima de todas as personagens do livro (à excepção de sua tia - uma Lady), facto que ele sabe e que o leva a desdenhar todos os que com ele se cruzam e que não façam parte do seu - restrito - grupo de amigos. Desdém esse com que ele brinda Elizabeth logo no primeiro encontro. No entanto, com a convivência, descobre a sua tenacidade, ironia e crítica constante uma agradável excepção à mulher puramente decorativa do seu extrato social. Contra todas as previsões - e, mesmo, contra a sua vontade - apaixona-se pela jovem.
Mas o amor entre os dois não pode ser tão fácil. Serão precisos vários mal-entendidos, outros pretendentes, rixas familiares e, até, a desgraça de uma família, até que os dois baixem as guardas e se aproximem. Quanto a nós, leitores, apesar de sabermos desde o início como a história vai acabar, aguardamos sempre em suspense para saber como acabará a história de Elizabeth e Darcy.
Como se nota, adoro este livro. Já o li e reli variadas vezes durante os anos em que ele faz parte da minha vida e estou certa que o irei reler muitas mais vezes. Logo, não posso deixar de o aconselhar a toda e qualquer pessoa que me peça opinião, nem de deixar de afirmar que, na minha modesta opinião, este é um dos melhores livros de sempre e uma presença obrigatória em qualquer biblioteca que se preze.
Nota 5

sábado, 1 de agosto de 2009

A Relíquia, de Eça de Queiroz





A Relíquia
Eça de Queiroz
Livros do Brasil
EAN 9789723808995
ISBN 972-38-0899-4




"Diz-me meu pai que se abriu, ou vai abrir, esse famoso concurso da Academia (...) eu pretendo entrar nesse concurso, com a Relíquia: não porque haja sequer a sombra fugitiva duma probabilidade, mais magra do que eu, de que me seja dado o conto (...) mas porque desejo gozar a atitude da Academia diante de D. Raposo." (carta a Ramalho Ortigão, 14 de Junho de 1887).
O autor, como se pode ver por esta carta, considerava esta sua obra de baixa qualidade e pouco valor, e a vontade que o levou a concorrer foi mais a de provocar e chocar (principalmente Pinheiro Chagas, presidente do concurso e seu "inimigo público") do que a esperança de vir a ganhar o prémio. Eu, pessoalmente, Adoro este livro (recomendo-o a todos os que conheço e que, querendo conhecer a obra do Eça não querem abraçar a centena de páginas de descrição do Ramalhete), acho-o uma obra prima da literatura portuguesa e um excelente exemplo do humor contudente do autor.
O livro conta-nos a história de Teodorico Raposo (o D. Raposo da carta a Ramalho), um jovem que, vivendo às custas de uma velha e beata tia, tenta, aconselhado pelo amigo Dr. Margaride, arrancar à titi o máximo de dinheiro possível (e, se assim o conseguir, o patrocínio para a Grand Tour europeia que todos os jovens de bem ansiavam fazer). Conseguindo chegar à tia através da fé desta, convence-a a pagar-lhe uma viagem à Terra Santa onde ele, em seu nome, irá buscar uma Relíquia para a crente senhora. Com a viagem ganha, e apesar da obrigação religiosa, Teodorico embarca numa Tour mais comedida mas, nem por isso, menos imoral. Durante o percurso conhece (muito apropriadamente, de forma bíblica) Mary, uma jovem inglesa que se entrega de corpo e alma (principalmente de corpo) ao portuguesinho. Na hora do adeus, de forma a que ele se lembre sempre da sua Mary, a inglesa entrega-lhe o seu négligé, num embrulho. Claro está que, para a história responder a todo o seu potencial, a restante viagem troca as voltas a Teodorico que, de regresso a casa, e em frente a uma plateia onde se contam os mais altos dignatários religiosos da terra, entrega à titi a Relíquia da Terra Santa... a camisa de dormir de Mary. A tia, furiosa, expulsa-o de casa e, mais tarde, ao morrer, deixa todos os seus bens ao padre Negrão, que não perde tempo em colocar em casa uma mulher, Amélia, uma antiga amante de Teodorico. Este apercebe-se então do seu maior erro... Não ter sido cínico, hipócrita e manhoso o suficiente para se igualar aos religiosos que cercavam a titi Patrocínio.
Este é, sem dúvida, um dos livros da minha "biblioteca de sonho".
Nota 5

sábado, 4 de julho de 2009

A escuridão da alma humana não tem limites...





O poder das trevas
Leon Tolstoi
Teatro







Quão baixo pode o ser humano descer, quando guiado por uma ambição desmedida? Tolstoi, nesta brilhante peça de teatro dá-nos a resposta... Desce até onde tiver de descer! Independentemente dos caminhos que tiver de percorrer.
A história passa-se na vida e na casa de Piotr, aldeão rico casado em segundas núpcias com Anisia, uma mulher vaidosa e ambiciosa, dez anos mais nova que o marido. Logo de ínicio percebemos que o destino de Piotr está marcado... Não será uma vida longa. Decisão essa tomada pela sua mulher assim que esta se apaixona por Nikita, um criado na casa do marido, jovem de 25 anos, com pretensões a don juan, que encontra na patroa uma forma de ascender a outra sociedade. Assim, e com a ajuda de Matriona, mãe de Nikita, Anisia consegue livrar-se do encargo do marido, podendo assumir publicamente a relação com o amante. Como se o fantasma da morte de Piotr não fosse o suficiente para ensombrar a felicidade conjugal do casal, o facto de terem de afastar Akulina, filha do primeiro casamento de Piotr, a quem a súbita morte do pai e subsequente relação da madrasta não parecem coincidência, bem como o aparecimento de uma antiga amante de Nikita e respectivo filho, faz com que o casal enamorado vá descendo cada vez mais, demonstrando uma falta de moralidade apenas comandada por uma ambição desmedida.
Mas será que se consegue calar uma consciência que grita em agonia?
Nota 5

quarta-feira, 3 de junho de 2009

O Lado Negro da História!



A Cabana do Pai Tomás
Harriet Beecher Stowe
Público



Obra de referência na literatura, este livro é, ainda hoje, um marco de uma época negra da história mundial. Retratando a realidade dramática do escravo negro na América do Norte, acabava por espelhar a vida dos negros um pouco por todo o mundo, tendo sido impulsinador da guerra civil que iria levar ao abolicionismo. Casada com Calvin Ellis Stowe, um reverendo e professor de Lane, Harriet ganhava algum dinheiro, necessário, escrevendo para revistas, o que ajudava o casal, que teve 7 filhos, a manter a família na respectabilidade da pobreza elegante. Tendo vivido, durante 18 anos, separada apenas pelo rio Ohio, de uma comunidade onde havia escravos acabou por entrar em contacto com escravos fugitivos. Regressada a New England escreveu a Cabana do Pai Tomás, romance que foi publicado, originalmente, em fascículos, no National Era, um jornal abolicionista. Segundo a autora, a inspiração para o romance surgiu de uma imagem vinda de Deus, dos escravos a sofrer, a serem espancados mas, mesmo assim, perdoando a quem os atormentava... E é, realmente, essa a essência deste livro. Ao lê-lo sentimos na alma a amargura e o desespero dos homens e mulheres que são condenados apenas pela cor da pele. Revoltamo-nos por eles, mesmo quando os próprios não o fazem. Aprendemos com a grandeza da sua personalidade e com o perdão que demonstram. E verificamos que a alma, a essência humana, não tem cor... Mas tem pureza.
Nota 5

quarta-feira, 6 de maio de 2009

Namoro e sedução à antiga!



Ema
Jane Austen
Publicações Europa-América



Jane Austen demonstra neste romance que, apesar de a sociedade do seu tempo a ver como uma tímida solteira, dominava com mestria a escrita quer de romances quer da comédia. Podendo ser considerada uma comédia de enganos, em que nada do que parece é, esta obra desenrola-se ao redor da personagem que lhe dá nome, Ema Woodhouse.
Ema é uma jovem conceituada na sociedade, rica, bela, inteligente, segura de si e dos seus predicados, consciente do seu papel na sociedade e da sua superioridade em relação a quase todos que a rodeiam. Quando a jovem decide, ainda, aperfeiçoar as suas características de cupido, a confusão está lançada. Apesar de ser solteira e de não se querer casar, afinal, como ela própria está consciente, na sua posição não precisa de o fazer uma vez que não necessita de um homem que a sustente tendo em conta que já é detentora de uma considerável fortuna, julga-se capaz de decidir quais as compatibilidades entre o seu grupo de conhecidos... E não aceita de bom-grado quando os intervenientes dos seus jogos de acasalamento não se demonstram entusiasmados com os seus planos e não aceitam as suas escolhas. Acompanhamo-la, assim, num percurso de amadurecimento e melhoramento pessoal ao mesmo tempo que o impensável acontece... Sem que nada o fizesse prever, e contra a sua própria vontade, Ema vê-se enredada nas teias do amor. Será o cupido um bom conselheiro para si mesmo?
Nota 5

quinta-feira, 16 de abril de 2009

A dualidade das personagens.



O alto dos vendavais. (ou O Monte dos vendavais)
Emily Brontë
Publicações Dom Quixote
EAN 9789722020411
ISBN 972-20-2041-2



Lendo o romance que lhe trouxe notoriedade e a consagrou como um dos expoentes máximos da literatura inglesa, quase que é difícil de acreditar que Emily Brontë passou toda a sua vida num presbitério, rodeada apenas pela família, os cães e a charneca. Solteira e, mais que isso, solitária, Emily era, dos quatro irmãos que sobreviveram à infância, a que mais dificuldades tinha em se relaccionar com as pessoas a seu redor, o que poderá ser indicativo na forma como ela caracterizou as relações interpessoais no seu romance; repletas de dualidade, hipocrisia e amargura.
Este romance não irá granjear a simpatia dos leitores, não irá sorrir ao ler determinadas passagens, não sentirá empatia pelas personagens. Mas chegará ao fim do livro detentor de uma verdade inquestionável: todos nós temos, no nosso interior, a capacidade de trazer a lume o que de mais negro há em nós e nos outros, e que mesmo uma heroína pode não ser totalmente boa, e um vilão pode ter tido experiências de vida que o levaram a tornar-se no mau da história.
Somos transportados à história doentia de Heathcliff e Catherine, iniciada numa infância de diferentes backgrounds, ele pobre, ela rica, e como essa diferença, sentida de forma amargurada por ele, vai marcar o destino de todas as personagens do livro, as da sua geração e, mesmo, as das gerações vindouras.
É um livro negro, sombrio, mas magistralmente escrito e obrigatório na biblioteca de quem gosta de livros e histórias intemporais.
Nota 5