segunda-feira, 30 de novembro de 2009

Paris Review




Entrevistas da Paris Review
Selecção de Carlos Vaz Marques
Edições Tinta da China
ISBN 9789896710149



«Sem a "Paris Review", teríamos as mesmas obras de Faulkner, Hemingway ou Borges - para citar apenas três dos dez autores que estão neste livro - mas não teríamos a mesma imagem que temos hoje de alguns dos escritores decisivos para a arte literária do século XX.»
Carlos Vaz Marques


Não poderia estar mais de acordo com esta afirmação de Carlos Vaz Marques. Estas entrevistas são verdadeiras janelas que nos permitem "deitar o olho" não só ao ambiente e quotidiano de grandes autores, como também à sua maneira de pensar e agir. De tom intimista estas entrevistas propõem-se, com sucesso, a deitar abaixo a divisória entre o autor-mito e o autor-homem, tornando-os acessíveis ao grande público e aos inúmeros seguidores.

Cronologicamente, este livro leva-nos desde a primeira edição da revista nova-iorquina, em 1953, com E. M. Forster até ao ano de 1968 com Jack Kerouac. E, pelas suas páginas vamos conhecendo alguns dos maiores vultos literários dos últimos 56 anos... A saber:

E. M. Forster
Graham Greene
William Faulkner
Truman Capote
Ernest Hemingway
Lawrence Durrell
Boris Pasternak
Saul Bellow
Jorge Luis Borges
Jack Kerouac


Gostei do livro mas este tem, a meu ver, uma enorme lacuna: A total ausência de entrevistas a mulheres escritoras. E Carlos Vaz Marques tinha, se assim o entendesse, nomes por onde escolher (mesmo confinado ao limite temporal dos anos 50 e 60) - Isak Dinesen (também conhecida por Karen Blixen), Dorothy Parker, Françoise Sagan (que me foi imposta na escola com o seu Bonjour Tristesse), Simone de Beauvoir, Lillian Hellman, Mary McCarthy, Marianne Moore e Katherine Anne Porter. Concordo que, ao contrário dos nomes que constam no livro, a maior parte destas autores passa despercebida ao grande público mas esse seria, a meu ver, mais um incentivo para deixar que pelo menos um par delas passasse à edição final: seria uma excelente maneira de dar a conhecer "novos" autores ao público nacional... Bem... Fica para a próxima!


Nota 3

quinta-feira, 12 de novembro de 2009

Clássicos com humor




90 Livros Clássicos Para Pessoas Com Pressa
Henrik Lange
ISBN: 978-972-23-4253-7
EAN 9789722342537




Sinopse: 90 dos maiores clássicos encontram-se aqui reunidos em páginas repletas de sabedoria e humor. Através de quatro ilustrações acompanhadas de textos curtos e incisivos, resumimos-lhe tudo o que já devia ter lido e nunca conseguiu. Perfeito para pessoas com pressa ou simplesmente para quem gosta de ler.

Parece-lhe impossível ler 90 livros em apenas uma hora? Agora já não é uma meta do outro mundo. 90 Livros Clássicos para Pessoas Com Pressa trata-se de uma obra sobre os maiores livros de sempre, todos eles clássicos e de leitura obrigatória. Se não os leu, agora é a sua oportunidade de os ler a todos de uma assentada. Se os leu, poderá lê-los aqui outra vez e verificar o que retinha na memória. Em quatro vinhetas, contamos-lhe toda a história, uma espécie de romance destilado, para que consiga ler 90 livros numa hora. Perfeito para pessoas com pressa ou simplesmente para quem não tem tempo.



Tenho andado com pouco tempo para leituras... Todos sabemos como é; alturas de mais trabalho, misturada com a constipação sazonal e uma vontade de não fazer nada... só aconchegarmo-nos no sofá com um chocolate quente e por os filmes em dia. Mas peguei neste pequeno livro e tive de o ler (basicamente de uma assentada). O livro, à que ter em conta, não é um livro de críticas literárias, é um livro de humor! Um livro de humor em que podemos encontrar, em cada página, um spoiler para um clássico da literatura.

O livro lê-se rapidamente: cada página é um livro (ou, se quiser ser precisa, cada duas páginas: a da esquerda dá o título, o ano de edição, o nome do autor e os anos do seu nascimento e morte - aos que se aplica o último dado, obviamente), e cada livro é relatado em quatro vinhetas de B.D. (ou, uma vez mais na busca da precisão, em 3 vinhetas, pois a primeira é sempre uma repetição do título).

Os resumos são básicos e, muitas vezes, super incomplectos (o de D. Quixote, por exemplo, não faz qualquer referência a essa grande personagem que foi Sancho Pança), mas bastante divertidos.

No entanto tenham cuidado ao lê-los pois podem estragar-vos o final de um livro. No resumo de "Convite para a morte", por exemplo (um excelente livro da Dama do Crime, Agatha Christie, que fez as minhas delícias quando tinha cerca de 12 anos), os autores apontam quem é o assassino da história (o que, diga-se de passagem, é um balde de água fria, principalmente porque o resumo não deixa ver a grandiosidade do enredo).


No geral, um livro giro, divertido e despretencioso.



Nota 3

sábado, 7 de novembro de 2009

Novidade fresquinha...




Auto-retrato de um escritor
(enquanto corredor de fundo)
Haruki Murakami
Casa das Letras
ISBN 9789724619231


Sinopse

Em 1982, ao mesmo tempo que abandonava o lugar à frente dos destinos do clube de jazz e que tomava a decisão de se dedicar à escrita, Haruki Murakami começava a correr. No ano seguinte, abalançou-se a percorrer sozinho o trajecto que separa Atenas da cidade de Maratona. Depois de participar em dezenas de provas de longa distância e em triatlos, o romancista reflecte neste livro sobre o que significa para ele correr e como a corrida se reflectiu na sua maneira de escrever. Os treinos diários, a sua paixão pela música, a consciência da passagem do tempo, os lugares por onde viaja acompanham-no ao longo de um relato em que escrever e correr se traduzem numa forma de estar na vida. Diário, ensaio autobiográfico, elogio da corrida, de tudo um pouco podemos encontrar aqui. Haruki Murakami abre o livro das confidências (e a sua alma) e dá a ler aos seus fiéis leitores uma meditação luminosa sobre esse ser bípede em permanente busca de verdade que é o homem

«Haruki Murakami, o mais célebre escritor japonês vivo, já contou a história muitas vezes: quando tem uma ideia, começa a escrever. Não monta uma estrutura, não faz um esqueleto, não se prepara. Senta-se e escreve, simplesmente.»Bárbara Reis, Público

«Extremamente pessoal, sincero e comovente.»Publishers Weekly

«Altamente recomendado.»New York Sun


Uma visão mais pessoal de um dos maiores autores de culto da actualidade.
Filho de um sacerdote budista Murakami ficou, desde cedo, fascinado pela cultura ocidental. Outra das suas paixões foi a música, tendo, inclusivé, aberto e mantido durante 7 anos um café onde, à noite, se apresentavam músicos de Jazz. Essa sua paixão acabou por o influenciar na sua escrita, sendo que o título de vários dos seus livros são baseados em camções, óperas, ou peças de música (de Mozart, Schumann e Rossini aos Beatles e a Nat King Cole). Aos 33 anos descobre um novo gosto; a corrida, tendo acabado por participar em inúmeras maratonas. É este amor tardio que aborda neste livro que chegou hoje às livrarias. Um livro honesto, uma janela para melhor dar a conhecer o homem por trás do culto literário.
Um livro pequeno, ilustrado com fotografias pessoais do autor, que nos ajuda a perceber o homem por trás dos êxitos "Kafka à beira mar", "Sputnik meu amor" e "Em busca do Carneiro selvagem".