segunda-feira, 25 de abril de 2011

Clube de Leitura Fnac

Como já aqui disse, trabalho numa livraria.  O que julgo nunca ter partilhado é que essa livraria é a Fnac.  Comecei a trabalhar lá à 3 anos e meio, levada pela paixão pelos livros.  Estudara para ser Tradutora e acabei livreira...  Mas o contacto desejado com os livros concretizava-se!
Venho, no entanto, dar-vos conta de uma novidade e não relatar o meu percurso profissional!
Desde sábado passado os clientes Fnac (e todos aqueles que, mesmo não o sendo, adoram a palavra impressa) têm a oportunidade de fazer parte do Clube de Leitura Fnac, que traz à mesa obras escolhidas por autores da nossa praça, para que possamos, em conjunto, lê-las e debatê-las.

A primeira obra é "A Ofensa" de Ricardo Menéndez Salmón.  Primeira obra da trilogia deste autor espanhol de referência, foi esta a escolha de valter hugo mãe.

Quem quiser partilhar opiniões sobre esta e outras obras futuras, ou apenas recolher ideias sobre possiveis leituras, pode fazê-lo em http://clubedeleitura.fnac.pt/

Eu, como uma dos comentadores de serviço, aguardo a vossa visita!


domingo, 10 de abril de 2011

Reciclagem

Hoje em dia "Reciclar" é a palavra de ordem...  Existem campanhas de sensibilização, eco-pontos a cada esquina, olhares de soslaio a quem não separa o vidro do papel...  Bem...  Eu também ando a fazer uma reciclagem (à minha maneira). 
Finalmente tenho a desculpa perfeita para limpar o pó aos livros que me encheram as medidas em criança...  Partilhar as minhas lembranças com o meu filhote de 5 meses ao mesmo tempo que vou criando lembranças nele.  Tenho pena que, por ser rapaz, as histórias da Condessa de Ségur, a colecção da Gémeas no Colégio de Santa Clara e a do Colégio das 4 Torres (ambas da Enid Blyton) lhe vão passar ao lado mas, por enquanto, partilho o que posso...  Aqueles livros coloridos em que as palavras são poucas e os desenhos contam a história.  O Alexandre, até ver, vibra com os livros, as ilustrações e a voz da chata da mãe a ler, por vezes em "repeat", as suas primeiras histórias...  Pode ser que, com um pouco de sorte, tenha herdado o gosto pela leitura da mãe e do avô materno...  Enquanto ele me aturar vou continuando!

terça-feira, 5 de abril de 2011

Pretty Woman da literatura

"A Romana"
Alberto Moravia
Ulisseia
ISBN: 972-568-449-4

EAN: 9789725684498

Sinopse


A Romana, publicada numa época em que a Itália do pós-guerra vivia numa situação de extrema penúria, é a descrição pormenorizada da queda anunciada de uma jovem, Adriana, que no entanto conserva dentro de si, através de todas as vicissitudes que a vida a força a enfrentar, uma surpreendente pureza de alma.
 
 
 
Este livro, um dos mais conhecidos, no nosso país, de Alberto Moravia, foi escrito entre 1943 e 1946, sendo publicado em ’47 e foi, segundo vários críticos da obra do autor, um marco importante no desenvolvimento criativo do escritor.


Focada principalmente em Adriana, uma jovem pobre, sensível, optimista e sonhadora que, quebrada pelas agruras da vida, recorre à prostituição como forma de subsistência, a obra conta ainda com outras personagens que, à sua maneira, vivem também a sua desilusão e mágoa de viver – um oficial Fascista e um idealista que, ao ser interrogado por agentes, acaba por, contra as suas ideologias e crenças, entregar os seus colegas ás autoridades. Sendo a desilusão humana face aos obstáculos que a vida lhe impõe uma característica de Moravia, este romance tem, contudo, um véu de esperança que, sendo uma característica única e pessoal de Adriana, não encontramos nas outras obras.

Adriana, uma jovem de grande beleza e dona de um corpo escultural, vive com a sua mãe, Margherita, num nível de pobreza honesta. Adriana aspira, mais do que tudo, a um casamento feliz com Gino, por quem se apaixona perdidamente, mas a sua mãe, costureira de profissão, após ter sido seduzida e abandonada por um homem, perdeu toda a confiança nos homens e no casamento… Assim sendo, planeia a sua própria ascensão social às custas da beleza da filha. Para isso começa por incentivar Adriana a posar como modelo para pintores. Nos estúdios dos artistas conhece outras raparigas que para eles posam, sendo que começa uma amizade com Gisella, uma rapariga que, sem que Adriana o saiba, não olha a meios para atingir os fins. Entretanto um agente policial fascista, Astarita, apaixona-se por Adriana e pretende, a qualquer custo, partilhar com ela momentos de amor e luxúria. Com a cumplicidade de Gisella, e recorrendo à chantagem e ao amor que ela tem por Gino, consegue partilhar com ela momentos de intimidade pelos quais lhe paga a soma de 3 mil liras. Mais tarde, e descobrindo que Gino já é casado, Astarita usa esta informação para tentar fazer com que a jovem se apaixone por si. Desiludida com o amor e os homens, Adriana decide que não será mulher de nenhum mas amante de todos, tornando-se prostituta. Após várias peripécias, sempre seguida pelo polícia que a não esquece, Adriana conhece e apaixona-se por Giacomo, um estudante de Direito, reivindicativo e permanentemente descontente com a sociedade e com todos (incluindo ele próprio). Giacomo, um idealista que, por vezes, parece não saber em que acredita, planeia com amigos uma revolta anti-fascista chegando, inclusive, a elaborar panfletos de teor político. Quando, mais tarde, é pressionado pela polícia, trai os seus ideais e os seus amigos, entregando-os aos agentes. Incapaz de viver com o remorso, acaba por se matar.

O curioso deste romance é que a personagem que mais motivos tem para se entregar ao desânimo, Adriana (primeiro pela sua pobreza e pela criação que a sua mãe lhe dá, depois pela forma como é, continuamente, enganada e usada pelos homens da sua vida, a forma como tem de usar os atributos físicos para conseguir sair do negrume social e económico em que vive, o facto de engravidar de um homem que não ama e de perder o homem que quer), é precisamente essa a personagem que transmite a sensação de esperança, crença e optimismo que, ainda que subtilmente, dá o colorido à obra.


Nota 4