terça-feira, 5 de abril de 2011

Pretty Woman da literatura

"A Romana"
Alberto Moravia
Ulisseia
ISBN: 972-568-449-4

EAN: 9789725684498

Sinopse


A Romana, publicada numa época em que a Itália do pós-guerra vivia numa situação de extrema penúria, é a descrição pormenorizada da queda anunciada de uma jovem, Adriana, que no entanto conserva dentro de si, através de todas as vicissitudes que a vida a força a enfrentar, uma surpreendente pureza de alma.
 
 
 
Este livro, um dos mais conhecidos, no nosso país, de Alberto Moravia, foi escrito entre 1943 e 1946, sendo publicado em ’47 e foi, segundo vários críticos da obra do autor, um marco importante no desenvolvimento criativo do escritor.


Focada principalmente em Adriana, uma jovem pobre, sensível, optimista e sonhadora que, quebrada pelas agruras da vida, recorre à prostituição como forma de subsistência, a obra conta ainda com outras personagens que, à sua maneira, vivem também a sua desilusão e mágoa de viver – um oficial Fascista e um idealista que, ao ser interrogado por agentes, acaba por, contra as suas ideologias e crenças, entregar os seus colegas ás autoridades. Sendo a desilusão humana face aos obstáculos que a vida lhe impõe uma característica de Moravia, este romance tem, contudo, um véu de esperança que, sendo uma característica única e pessoal de Adriana, não encontramos nas outras obras.

Adriana, uma jovem de grande beleza e dona de um corpo escultural, vive com a sua mãe, Margherita, num nível de pobreza honesta. Adriana aspira, mais do que tudo, a um casamento feliz com Gino, por quem se apaixona perdidamente, mas a sua mãe, costureira de profissão, após ter sido seduzida e abandonada por um homem, perdeu toda a confiança nos homens e no casamento… Assim sendo, planeia a sua própria ascensão social às custas da beleza da filha. Para isso começa por incentivar Adriana a posar como modelo para pintores. Nos estúdios dos artistas conhece outras raparigas que para eles posam, sendo que começa uma amizade com Gisella, uma rapariga que, sem que Adriana o saiba, não olha a meios para atingir os fins. Entretanto um agente policial fascista, Astarita, apaixona-se por Adriana e pretende, a qualquer custo, partilhar com ela momentos de amor e luxúria. Com a cumplicidade de Gisella, e recorrendo à chantagem e ao amor que ela tem por Gino, consegue partilhar com ela momentos de intimidade pelos quais lhe paga a soma de 3 mil liras. Mais tarde, e descobrindo que Gino já é casado, Astarita usa esta informação para tentar fazer com que a jovem se apaixone por si. Desiludida com o amor e os homens, Adriana decide que não será mulher de nenhum mas amante de todos, tornando-se prostituta. Após várias peripécias, sempre seguida pelo polícia que a não esquece, Adriana conhece e apaixona-se por Giacomo, um estudante de Direito, reivindicativo e permanentemente descontente com a sociedade e com todos (incluindo ele próprio). Giacomo, um idealista que, por vezes, parece não saber em que acredita, planeia com amigos uma revolta anti-fascista chegando, inclusive, a elaborar panfletos de teor político. Quando, mais tarde, é pressionado pela polícia, trai os seus ideais e os seus amigos, entregando-os aos agentes. Incapaz de viver com o remorso, acaba por se matar.

O curioso deste romance é que a personagem que mais motivos tem para se entregar ao desânimo, Adriana (primeiro pela sua pobreza e pela criação que a sua mãe lhe dá, depois pela forma como é, continuamente, enganada e usada pelos homens da sua vida, a forma como tem de usar os atributos físicos para conseguir sair do negrume social e económico em que vive, o facto de engravidar de um homem que não ama e de perder o homem que quer), é precisamente essa a personagem que transmite a sensação de esperança, crença e optimismo que, ainda que subtilmente, dá o colorido à obra.


Nota 4

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