sábado, 5 de setembro de 2009

Uma Morte (Não Muito) Suave



Uma morte suave
Simone de Beauvoir
Livros Cotovia
ISBN 978-972-795-276-2





Será a morte de alguém que nos está próximo e que amamos mais suportável se tivermos tempo para nos habituarmos à ideia e nos conformarmos? E se essa pessoa for primordialmente racional, como é o caso da autora em questão, será mais fácil ou, mesmo, possível colocar os sentimentos ao largo e limitarmo-nos a assistir e analisar a iminente morte de alguém, mesmo que esse alguém seja a nossa mãe? Simone de Beauvoir parece estar convencida, no início deste pequeno livro, de que será capaz de se manter uma simples espectadora de uma fatalidade universal, não a vendo como algo pessoal e intrinsecamente ligada à progenitora.
O livro começa com um telefonema a avisar Simone de que a sua, idosa, mãe caiu em casa e partiu o fémur, tendo sido internada. A autora apressa-se a juntar-se à enferma, numa atitude de quase desprendimento. Na verdade uma relação algo tensa entre as duas proporciona a desculpa perfeita para esta atitude da autora. No entanto, com o decorrer do livro, e com o surgimento de complicações na saúde de Françoise de Beauvoir, vemos a racional escritora a ver as suas convicções abaladas ao mesmo tempo que se apercebe da fragilidade da sua mãe e, consequentemente, da sua. Vemos como Simone se dá conta da sua surpresa pela forma como o desenrolar das situações a apanha desprevenida e da sua estupfação ao reparar que mais facilmente chora pela doença da mãe que pela morte do pai.
É um livro (quase) depressivo que nos faz analisar os nossos sentimentos, os nossos medos, as nossas convicções para no final nos levar a concluir, como Simone de Beauvoir, que o ser humano é um animal que se deixa reger pelos seus sentimentos o que lhe torna impossível analisar friamente o aproximar da morte.

Nota 3

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