Na livraria em que trabalho...
Atendendo uma cliente...
- Desculpe, tem algum livro de Sophie Calle?
- Não, de momento não temos nada dessa autora.
- Ah... E isso é na loja toda ou só neste computador?
Críticas literárias, opiniões, amores e desamores duma apaixonada da palavra impressa.
sábado, 12 de fevereiro de 2011
terça-feira, 8 de fevereiro de 2011
Deixem passar o homem invisível
Deixem Passar o Homem Invisível
Rui Cardoso Martins
D. Quixote
EAN: 9789722038287
Sinopse:
Durante uma grande enxurrada em Lisboa, um homem - cego desde os 8 anos, advogado - cai numa caixa de esgoto aberta, situada junto à igreja de S. Sebastião da Pedreira. Na mesma altura, um escuteiro que regressava de uma actividade na mesma igreja é também arrastado para o mesmo esgoto. É a viagem de ambos, através de uma Lisboa subterrânea, enquanto cá fora são tomadas todas as medidas para os salvarem, que o autor nos conta neste segundo livro. Mas é também a entreajuda, a cumplicidade entre o cego e a criança, naquela terrível aventura.
Pelo meio, as histórias de um ilusionista - Seripe (sic) de nome artístico, na realidade Pires ao contrário - , as recordações do homem cego do tempo antes de aquilo acontecer, a história de um camaleão que não acertava com a cor, e tantas outras tornam a leitura deste livro extremamente aliciante.
Crítica de imprensa:
O invisível aqui é a Lisboa "underground", a Lisboa de boqueirões, valas comuns, águas pluviais, passagens secretas, estacas. É uma Lisboa que os lisboetas vão descobrindo a cada pequena catástrofe, a cada obra nova. Lisboa é ao mesmo tempo uma cidade mal feita e engenhosa, toda ligada debaixo do chão, em camadas de arqueologia, de história, de higiene pública.
Pedro Mexia in Público
Hoje, antes da crítica ao livro, vem a crítica à crítica... A sinopse aqui apresentada, facilmente descoberta quando se "googla" o título desta obra, é, à falta de melhor adjectivo... imprecisa! Faz-me, verdadeiramente, muita confusão quando, ao ler a sinopse de um livro e depois na minha descoberta pessoal da obra (ou, neste caso, vice versa), me apercebo que, das duas uma: u quem escreveu a sinopse nem sequer abriu o livro, tomando o relato de algum representante da editora como verdade universal (e, acreditem, já tenho falado com a minha quota parte de fornecedores editoriais para saber que, na sua maioria, vêm com a lição estudada tão bem quanto o Professor Marcelo de Sousa), ou então não leram com olhos de ler... sinceramente, não sei qual será pior! Devo, por isso, começar por emendar o que deve ser emendado: "um homem (...) cai numa caixa de esgoto aberta"... não é verdade... o chão cede e ele desaparece num "enorme buraco". "um escuteiro (...) é também arrastado para o mesmo esgoto"... bem, dificilmente não desapareceria no mesmo buraco uma vez que IA AOS OMBROS do homem cego! E por fim, e aqui é só uma questão gramatical, o mágico chama-se Serip (Pires ao contrário, como é fácil de constatar, não termina em E)
Bem... quanto à obra...
Quando este livro chegou à livraria (em grande destaque por ter ganho o prémio de Romance e Novela da Associação Portuguesa de Escritores/Direcção-Geral do Livro e das Bibliotecas de 2009) cativou-me de imediato. Ao ler a trama proposta achei que tinha o potencial para ser, não só uma grande obra, como uma crítica eficaz à sociedade portuguesa: um cego a guiar uma criança por entre túneis escuros e fétidos! Infelizmente, a história não se desenvolve na direcção que eu imaginei!
Atenção... Não deixa de ser, por isso, um bom livro! Mas, para mim, ficou-me aquele travo amargo de uma potencialidade perdida... Tanto que se poderia ter dito... E tão limitado que ficou o enredo!
Basicamente, a história divide-se em 3 planos: o sub-solo, onde António e João procuram a luz que os levará, de novo, ao ar da cidade de Lisboa; Lisboa, onde bombeiros, familiares e amigos (poucos de cada) se reunem na tentativa de elaboração de um plano de resgate; e o passado, as memórias de António que vão servindo de fio condutor à narrativa.
Assim, ficamos a saber da amizade de António e Serip, da sua relação com Helena (a mulher que, aparentemente, contra a sociedade geral decidiu casar com o "advogado ceguinho"), ficamos a conhecer a revolta de António com o lugar dos cegos na sociedade e da sua vontade de fugir a esteriótipos, a perseguição que os seus pais, e ele, por arrastão, fizeram a uma milagrosa cura e, finalmente, ficamos a saber o que foi "aquilo que aconteceu naquele dia" (ou seja, o motivo da sua cegueira repentina). De João sabemos pouco... É escuteiro. Já tinha feito a boa acção do dia. Vive com a mãe. Inventou com o pai uma história de um camaleão. O pai morreu! Informações telegráficas que nos surgem nos intervalos da história de António. No fim, sabe-se, as duas histórias cruzam-se num momento marcante na vida de ambos... ainda que nenhum o saiba de início e só António o perceba.
Pelo meio, conhecemos a figura caricata de Serip, um utopista inocente perdido em bordéis, casinos e casas de entertenimento...
Soube a pouco!
Nota 3
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