terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

D. Juan ou Estratega?




Os Amores de Salazar
Felícia Cabrita
A Esfera dos Livros
EAN: 9789896260347
ISBN: 989-626-034-6




Sinopse
Uma vida ao serviço da nação. Foi assim que António de Oliveira Salazar quis ficar conhecido para a História. Um homem sério, ex-seminarista, casto, antiquado, pouco dado a devaneios amorosos. Tudo a bem da nação. Mas a paixão bateu bem cedo à porta deste homem. Conhecido por trocatintas, Salazar tocou no coração de várias mulheres, deixandoas, sem esperança, a suspirar de amor. Felismina de Oliveira, o seu primeiro amor. Júlia Perestrelo, a jovem a quem dava explicações. Maria Laura, o amor pecaminoso. Maria Emília, a bailarina e astróloga que o ajudava a tomar decisões consoante os astros. Maria, a Governanta de Portugal, e as suas sobrinhas, que rapidamente ganham um lugar no seu coração e ficam conhecidas como as pupilas de Salazar. Mercedes Feijó, a amante do Hotel Borges; ou Christine Garnier, a jornalista que o levou, num acto pouco usual, a abrir os cordões à bolsa para enviar garrafas do melhor vinho para França. Apesar dos rumores e mesmo de algumas notícias de jornal, António de Oliveira Salazar nunca casou. Preferiu levar uma vida de D. Juan. Um destruidor de corações que nunca conseguiu fazer nenhuma mulher feliz.




Este livro é o resultado de uma pesquisa elaborada pela jornalista Felícia Cabrita acerca do lado secreto da vida de um homem que conduziu (e restringiu) uma nação durante anos. Um lado mais humano que, por norma, não associamos ao chefe de estado que foi Salazar. E, no meu ponto de vista, o objectivo (senão da autora pelo menos dos que com Salazar colaboraram e que conheceram o Homem na sua intimidade, e em cujos depoimentos este livro foi assente) era mesmo esse, humanizar um homem que, durantye anos, pareceu carecer do factor humano...

O livro é composto por 10 capítulos, sendo 9 deles baptizados com o nome de cada uma das várias "conquistas" de Salazar... O uso de aspas na palavra conquistas é propositado! É Óbvio que não sou expert na matéria e que tenho muito menos qualificações que a autora para opinar publicamente sobre a vida de um homem sobre a qual apenas me debrucei muito ligeiramente ao longo do meu percurso de estudante e leitora, mas... Na verdade não consigo acreditar, nem aceitar, a ideia de Salazar como um precursor de sedutores na linha do Zezé Camarinha (sem o "put the cream"). Na verdade acho que mais que sedutor, ou seduzido, Salazar foi um estratega na sua vida privada, assim como o foi na pública. Acredito que algumas mulheres tenham gravitado à sua volta (como sempre acontece com homem no poder), mas não acredito que ele tenha correspondido às expectativas femininas. Aceito, isso sim, que Salazar tenha visto o potencial em manter cada uma delas perto de si e tenha alimentado os desvaneios apaixonados de mulheres que acreditavam conseguir levar o Presidente ao altar. Em vez de amantes tornaram-se conselheiras, informadoras, espias, o seu bilhete premiado para ascender às mais altas esferas sociais, a sua possibilidade de limpar a imagem na comunicação social, etc etc etc

Mesmo a autora escreve, na página 137, aquando do capítulo sobre Carolina Asseca, "o Troca-tintas, como de costume, não a quer mas não a afasta.

Depois de acabar a leitura desta obra continuo com a mesma ideia que tinha de Salazar... E essa ideia não corresponde a um D. Juan.

No entanto, tenho de o referir, achei que a obra era uma boa janela para a vida de um homem do qual, ainda hoje, se tem tanto pejo de falar (do homem, não do político).



Nota 3

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