A minha paixão pelos livros é assunto sério... e estranho!
Apaixonei-me sem saber ler uma letra... Via o meu pai (leitor ávido) de nariz enterrado num livro e, na minha cabeça de criança de 2 ou 3 anos, perguntava-me qual o fascínio. E assim, sem me dar conta, estava apanhada na teia da literatura.
Durante um tempo obriguei o meu pai, que, crédito lhe seja dado, tem a paciência de um santo no que toca a crianças, a ler-me a mesma história, noite após noite, até ter memorizado a história palavra por palavra, bem como quando virar a cara da página da esquerda para a da direita e quando voltar a página. E, quando tinhamos visitas, levava a cena o meu espectáculo... a peça do "olhem para mim que já sei ler sozinha!"
Ao mesmo tempo que aprendia o gosto de ler, descobria que a imaginação (alimentada por todas as histórias que obrigava a família a ler-me) dava os seus primeiros sinais. E assim, sem saber a forma de um "A", "B" ou "C", comecei a "escrever". Mais uma vez, o Santo (leia-se "Pai"), veio em meu auxilio. Pegava num molho de folhas A4, desenhava quadrados com estreitos rectangulos por baixo, e deixava-as comigo. Durante o dia eu imaginava as minhas histórias, criava heróis, vilões e enredos e, uma vez que não sabia escrever, desenhava as histórias nos quadrados. À noite o meu pai chegava do trabalho, cansado de dias muito para lá das 8h laborais diárias, e arranjava em si o espírito e a energia para se sentar ao meu lado e, comigo a ditar a história, escrevê-la cuidadosamente nos rectangulos inferiores com a sua bela letra de desenhador-projectista. Eu era feliz! Eu era escritora!
O gosto pela escrita mantém-se! E, ultimamente, as memórias destes primeiros passos como "autora" vêm-me frequentemente à memória. Com um filhote quase a fazer 10 meses, para o qual tenho o privilégio de criar histórias, tenho recordado mundos encantados em que duendes e fadas são uma constante, em que os cães e os coelhos se expressam num português correcto, em que os meninos são principes e vivem aventuras e onde, de cada vez que a imaginação ganha asas e as histórias brotam, eu sou uma menininha de 3 ou 4 anos, à espera que o pai chegue a casa para tomar nota das suas histórias!
Críticas literárias, opiniões, amores e desamores duma apaixonada da palavra impressa.
quarta-feira, 24 de agosto de 2011
sábado, 6 de agosto de 2011
Há dias assim...
Isto de se trabalhar no atendimento ao público tem o que se lhe diga... Nem todos possuem a diplomacia e a compustura necessárias para estar, todos os dias, em frente a um balcão... Mesmo os que têm a capacidade de se controlar, invariavelmente acabam por, num ou noutro dia, desejar poder despir a "farda" e responder enquanto indivíduos e não estatísticas. Eu sou uma dessas pessoas!
E depois...
Há dias assim...
Hoje acordei e, como sempre, tinha os minutos contados. Levantar, preparar-me, vestir-me, acordar o Pipoca, trocar fralda, dar biberon, trocar o babygrow da noite pela roupinha para o dia, levar a carga toda dele para o carro, pegar nele e na mala, fazer malabarismo com a chave da porta e a chave do portão e a chave do carro, pegar em nós e ir levar o Pipoca a casa dos meus pais antes de ir para a livraria. O Pipoca hoje estava do contra... Tudo era pretexto para brincar e o vestir, que por norma é uma tarefa relativamente rápida, tornou-se num trabalho hercúleo. Cheguei a casa dos avós já cansada e a suar... E ainda tinha pela frente um dia a descarregar e arrumar livros e a atender as pessoas que, privadas de um Agosto balnear, acabam a deambular pelos shoppings do País.
Mas...
Há dias assim...
Dos primeiros 10 clientes que atendi, 4 ou 5 eram uma delícia!!! Simpáticos, educados, agradáveis... Ouviam o que lhes dizia e fizeram-me acreditar que, para eles, eu era mais que a funcionária de colete que os guia à prateleira pretendida... Era a Raquel... A "jovem" apaixonada pela leitura e pelos livros, cuja opinião é válida, interessante, inteligente...
Foi como se tomasse um "comprimido espiritual", que me deu força, qual suplemento vitamínico, para o resto do dia.
Hoje, as costas doeram um pouco menos ao serem vergadas pelo peso dos livros. Hoje o relógio não era o inimigo a vencer para poder, rapidamente, ir ao encontro do meu Pipoca. Hoje as tricas do trabalho passaram-me ao lado. Hoje arrumei o móvel dos dicionários e do apoio escolar com um sorriso nos lábios.
Isto tudo porque...
Há dias assim...
E depois...
Há dias assim...
Hoje acordei e, como sempre, tinha os minutos contados. Levantar, preparar-me, vestir-me, acordar o Pipoca, trocar fralda, dar biberon, trocar o babygrow da noite pela roupinha para o dia, levar a carga toda dele para o carro, pegar nele e na mala, fazer malabarismo com a chave da porta e a chave do portão e a chave do carro, pegar em nós e ir levar o Pipoca a casa dos meus pais antes de ir para a livraria. O Pipoca hoje estava do contra... Tudo era pretexto para brincar e o vestir, que por norma é uma tarefa relativamente rápida, tornou-se num trabalho hercúleo. Cheguei a casa dos avós já cansada e a suar... E ainda tinha pela frente um dia a descarregar e arrumar livros e a atender as pessoas que, privadas de um Agosto balnear, acabam a deambular pelos shoppings do País.
Mas...
Há dias assim...
Dos primeiros 10 clientes que atendi, 4 ou 5 eram uma delícia!!! Simpáticos, educados, agradáveis... Ouviam o que lhes dizia e fizeram-me acreditar que, para eles, eu era mais que a funcionária de colete que os guia à prateleira pretendida... Era a Raquel... A "jovem" apaixonada pela leitura e pelos livros, cuja opinião é válida, interessante, inteligente...
Foi como se tomasse um "comprimido espiritual", que me deu força, qual suplemento vitamínico, para o resto do dia.
Hoje, as costas doeram um pouco menos ao serem vergadas pelo peso dos livros. Hoje o relógio não era o inimigo a vencer para poder, rapidamente, ir ao encontro do meu Pipoca. Hoje as tricas do trabalho passaram-me ao lado. Hoje arrumei o móvel dos dicionários e do apoio escolar com um sorriso nos lábios.
Isto tudo porque...
Há dias assim...
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