sexta-feira, 1 de janeiro de 2010

Águas Negras



Águas Negras
Joyce Carol Oates
Edições Asa
Colecção Pequenos Prazeres
EAN 9789724112756
ISBN 972-41-1275-6


Sinopse:

Na noite da festa do 4 de Julho, um carro conduzido por um Senador, no qual viajava também uma jovem que ele conhecera horas antes, despista-se ao fazer uma curva inesperada junto de uma ponte e mergulha nas águas negras de um pequeno rio.A partir desse instante, o ponto de vista adoptado é o da própria jovem, Kelly Kelleber.E o leitor vai descobrindo, pouco a pouco, o seu passado e o seu presente, o seu espírito e o seu corpo, através de páginas que descrevem de forma admirável a figura dessa jovem atraída por um homem mais velho, no qual crê vislumbrar um herói, um pai e um possível amante. A sua voz adquire então o tom da tragédia clássica, já que ela parece falar em nome de todas as mulheres que sucumbem à sedução que emana de certos homens, arrastadas por sonhos românticos que a realidade se encarrega de brutalmente desmentir.



Na verdade pouco mais há a acrescentar à sinopse deste pequeno livro (128 páginas), o qual se supõe ter sido inspirado pelo romance de Marilyn Monroe com os dois senadores Kennedy.
Durante a leitura vamos acompanhando a morte iminente da jovem Kelly Kelleher (e não Kelleber, como se pode ler na sinopse disponível no site da Asa) pela prespectiva da jovem.

Através da voz da víctima vamos sabendo como esta, que se encontrava na festa do 4 de Julho em casa de uma amiga, Buffy, com quem planeava ficar uma temporada, acaba por, ao ser apresentada a um senador dos Estados Unidos da América, por quem tem grande admiração (ao ponto de ter feito a sua tese sobre ele), decidir abandonar a festa com o homem que a fascina. A hipótese de passar de admiradora a amante deste grande homem da política nacional é. simplesmente, algo que ela não consegue recusar.

Ele sente.se sexualmente atraído por ela, quanto a isso não há dúvidas, tendo dado-lhe mais atenção do que a qualquer outra pessoa na festa antes de lhe propor que o acompanhasse a um motel. Quanto a ela, mais do que a atracção sexual (uma vez que não é uma pessoa para quem o sexo tenha grande valor para além do de dar prazer à pessoa que ama) o que a atrai é o Homem!

No entanto, o Senador (do qual nunca sabemos o verdadeiro nome), não lhe dá o valor que dela recebe. Tendo bebido mais do que a conta durante a festa (e continuando a fazê-lo durante a viagem) acaba por perder o controlo do carro fazendo com que este se despiste e caia nas águas negras de um rio. Preocupado apenas consigo e com a sua carreira, e como este episódio poderia ser utilizado pelos seus rivais políticos contra si, despacha-se a abandonar a viatura afundada, mesmo quando isso significa não só abandonar a jovem como, até, utilizá-la como impulsionadora para ganhar o balanço necessário para o mergulho que o levará à superfície e ao oxigénio.

Kelly, que mais do que tudo acredita no Homem e no Político, aguarda pacientemente que este regresse para a libertar enquanto tenta aproveitar a bolha decrescente de ar no carro afundado. Enquanto o faz vai recordando o seu passado, familiar, sentimental e profissional... Sem nunca perder a esperança ou de acreditar na sua salvação. No entanto, com o tempo e a falta, cada vez mais acentuada, de oxigénio, as suas lembranças vão-se misturando com alucinações em que ela não é ela, em que toma o lugar de outras pessoas (como o de uma amiga estudantil que se tentou matar) ou em que, pura e simplesmente, se vê a ser salva e a regressar aos braços dos pais como se de uma criança se tratasse.

Sem o saber, o Senador abandonara-a sem qualquer intenção de voltar, e estava mais preocupado em ligar para o seu advogado para o ajudar a limpar-se do que passara do que propiamente em chamar ajuda para a tirar das águas infestas.

"...e a água negra encheu os seus pulmões e ela morreu."


Nota 3

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