O Túnel
de Ernesto Sabato
Editor: Relógio D` ÁguaISBN: 9789896411015
Sinopse
O Túnel é a única novela escrita pelo argentino Ernesto Sabato e que, conjuntamente com Heróis e Túmulos e Abaddón, o Exterminador e diversos ensaios, o tornaram um dos mais importantes escritores contemporâneos. O Túnel possui uma estrutura policial, tendo em Maria Iribarne uma personagem feita dessa alternância de luz e sombra que acaba por levar o pintor Juan Pablo Castel a assassiná-la, num processo em que os seus actos são analisados até à exaustão.
Livro sobre o amor, O Túnel é também uma obra sobre a criação e o que nela pode haver de obsessivo na ânsia de ultrapassar a solidão. «Existiu uma pessoa que poderia entender-me; mas foi precisamente essa pessoa que matei», diz Juan Pablo que se apaixonara pela mulher que fora capaz de compreender um quadro seu e de quem mais tarde não suportará o abandono.
Livro sobre o amor, O Túnel é também uma obra sobre a criação e o que nela pode haver de obsessivo na ânsia de ultrapassar a solidão. «Existiu uma pessoa que poderia entender-me; mas foi precisamente essa pessoa que matei», diz Juan Pablo que se apaixonara pela mulher que fora capaz de compreender um quadro seu e de quem mais tarde não suportará o abandono.
Este livro estava na minha lista de "próximas aquisições" desde que o descarreguei e expus quando primeiro chegou à loja (há já algum tempo). Mas estava na lista dos "não urgentes", pelo que era constantemente ultrapassado por outro espécime literário. Foi, uma vez mais, nos saldos da Fnac, ao apresentar-se com o convidativo preço de 5€, que ganhou espaço na prateleira cá de casa.
Não sei se foi do longo namoro, se das preces que a Manuela Alvim (cliente e amiga em cujos conselhos literários acredito), mas a verdade é que esperava... mais!
Admito, o assunto visado é-me completamente desconhecido... Acho que não fui "abençoada" com o gene do ciúme e, talvez por isso, a leitura desta obra me tenha sido tão dolorosa.
Juan Pablo, personagem e narrador, conta-nos os eventos que culminaram no "seu" crime. Matou Maria Iribarne. Ele próprio no-lo confessa na primeira página. E, este "túnel" em que ele sente que se movimenta sózinho, ainda que paralelo a outros, foi, para mim, uma espiral descendente de loucura que culmina na total perda de razão. Juan Pablo vê Maria numa sua exposição (é pintor) e acredita ver nela a única pessoa na sala que verdadeiramente percebe um seu quadro. A certeza de ter sido compreendido por outro ser humano torna Maria uma obsessão que tem de concretizar a qualquer preço. Procura-a nas ruas de Buenos Aires enquanto fantasia diálogos que os aproximarão um do outro. Quando, por fim, a encontra, a obsessão ganhara já formas de amor, e começa a autodestruição... Todos os possíveis homens da vida de Maria (à excepção do marido os "outros" nunca são confirmados), as horas que passam longe um do outro, a reserva dela em partilhar pormenores da sua vida (em especial da vida amorosa), tudo isso alimenta a loucura de Juan, que tenta, propositadamente, magoá-la sem se aperceber que é a si próprio que magoa. No culminar da loucura, persegue-a até à fazenda da família e crava-lhe uma faca no coração...
Sinceramente... O livro está brilhantemente escrito (ou não surtiria o efeito que me provocou), mas para alguém que, como eu, não conhece as negras sombras do ciúme e da obsessão... senti-me quase paranóica e custou-me terminar o livro.
Nota: 3 (mas, a bem da verdade, gostaria de lhe dar, se constasse da avaliação, um mais sincero 2,5)