quinta-feira, 12 de julho de 2012

Casos do Beco das Sardinheiras



Casos do Beco das Sardinheiras
de Mário de Carvalho
Editor: Editorial Caminho
ISBN: 9789722105927
 
 
 
Sinopse

Plano Nacional de Leitura
Livro recomendado no programa de português do 9º ano de escolaridade, destinado a leitura orientada na sala de aula - Grau de Dificuldade II.

Excerto
"O Beco das Sardinheiras é um beco como outro qualquer, encafuado na parte velha de Lisboa. Uns dizem que é de Alfama, outros que é já de Mouraria e sustentam as suas opiniões com sólidos argumentos topográficos, abonados pela doutrina de olissiponenses egrégios. Eu, por mim, não me pronuncio. Tenho ideia de que ali é mais Alfama, mas não ficaria muito escarmentado se me provassem que afinal é Mouraria. Creio que o nome lhe vem das sardinheiras que exibem um carmesim vistoso durante todo o ano, plantadas num canteiro, que rompe logo à esquina, não longe da drogaria que já fica na Rua dos Eléctricos.
A gente que habita o Beco é como a demais. Nem boa nem má. Tem sobre os outros lisboetas um apego ainda maior ao seu sítio e às suas coisas. Desde há muito tempo que não há memória que algum dos do beco tenha emigrado de livre vontade."
 
 
 
Quando se trabalha numa livraria e se tem a paixão pelos livros, é inevitável que os livros que mais nos pedem nos comecem a a atiçar a vontade de os folhear.  Aconteceu-me já com o "História de uma gaivota e do gato que a ensinou a voar", e, agora, com este maravilhoso livro de contos.  Já aqui disse que os contos não são o meu estilo literário de eleição.  Por norma fico sempre com vontade de mais e pergunto-me por que motivo o/a autor/a não investiu um pouco mais de tempo e trabalho para transformar cada conto num romance.  Costumo dizer que o conto é como a comida chinesa:  sacia-nos no momento, mas meia-hora depois estamos cheios de fome.
Pois bem...  Não há regra sem excepção!
Adorei este pequeno livro e os seus contos...  A história do homem que engole a lua; a da pedra tão pesada que só uma criança lhe consegue pegar; o túnel que acaba no marco do correio; o instrumento musical que, quando tocado, faz desaparecer tudo em seu redor; a nuvem que não pára de chover, mesmo dentro de casa.  Adorei!  Não duvido que irei reler este livro!
 
A colocar defeito seria só no uso excessivo da palavra “escanifobético/a”, que surge em (quase) todos os contos. Mas como me trouxe reminiscências nostálgicas da infância (o livro é de ’82 e eu da colheita de ’79), numa altura em que toda a gente a usava, deixo passar!
 
 
Nota 4

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