sexta-feira, 24 de abril de 2009

Elementar, meu caro "Manel"!



O mistério da estrada de Sintra
Eça de Queiroz & Ramalho Ortigão
Livros do Brasil
EAN 9789723828566
ISBN 978-972-38-2856-6



Os autores consideravam-na "uma obra menor". Um desvaneio escrito a quatro mãos, mas sem vislumbre de qualidade. Talvez... Tendo em conta que ambos eram, e são-no ainda, dois dos maiores vultos da literatura portuguesa, é compreensível que considerassem esta "brincadeira" de amigos de pouca qualidade. Mas a verdade é que, no Verão de 1870, os leitores do Diário de Notícias compravam o jornal ansiosos por saber novidades do estranho caso da estrada de Sintra, caso esse que muitos tomaram por verdadeiro.
A história, com coloridos de romance policial, era publicada no jornal em formato de missivas enviadas ao cuidado do editor do jornal. Tudo começava com uma carta em que um homem, um médico, relata o rapto, seu e de um seu amigo, numa estrada em Sintra. Descrevendo pormenores nos raptores que não deixam margem para dúvida tratarem-se estes de pessoas de boa sociedade, apressa-se a explicar que o rapto foi por si facilitado, justificando a sua atitude com a curiosidade sentida ao ver pessoas de tal nível a proceder a acção tão criminosa. E, da mesma maneira que a curiosidade da personagem aumenta ao ouvir a voz com a "entoação especial dos homens bem-educados", ao ver o forro de cetim do chapéu, a luva apertada com dois botões, os pés finos e as botas envernizadas que caracterizavam os criminosos, assim a curiosidade dos leitores também aumenta. Que voltas do destino poderia ter colocado pessoas visivelmente bem nascidas em tão degradante situação? É isso que descobrimos durante as cerca de 240 páginas que tem a descrição das penosas escolhas e decisões que levaram ao desespero extremo dos intervenientes... Um desespero que justifica até o rapto, de um simples médico... Numa estrada de Sintra.
Nota 4

domingo, 19 de abril de 2009

Literatura no feminino.





Mulheres que escrevem vivem perigosamente
Stefan Bollmann



Certo dia a musa do poeta concluiu que os versos que inspirava seriam muito mais verdadeiros se fossem escritos pela sua própria pena... E a sociedade fê-la pagar um preço alto por essa ideia.
Este livro foca precisamente o papel da mulher na literatura ao longo dos tempos, como criadora e não como criação, e do preço, muitas vezes elevado, que foi obrigada a pagar por ele.
Este livro surgiu no meu menu literário algum tempo depois de, numa aula de Iniciação à Cultura, o professor da cadeira, Dr. Álvaro Pina, após ter levado a cabo uma experiência para provar o seu ponto de vista (e tendo eu sido, ao mencionar Jane Austen e Charlotte Brontë, a excepção que justifica a regra) ter afirmado que, quando se pensa em grandes nomes da literatura mundial, a tendência é, ainda, para nos recordarmos de homens. A verdade é que, ainda hoje, parecemos não associar grandeza com o trabalho feminino.
Sendo o mundo literário, ainda, comandado pelo dito sexo forte, Stefan Bollmann demonstra-nos nesta obra que a mulher tem escrito não uma página mas capítulos inteiros na história da literatura.
Nota 3

quinta-feira, 16 de abril de 2009

A dualidade das personagens.



O alto dos vendavais. (ou O Monte dos vendavais)
Emily Brontë
Publicações Dom Quixote
EAN 9789722020411
ISBN 972-20-2041-2



Lendo o romance que lhe trouxe notoriedade e a consagrou como um dos expoentes máximos da literatura inglesa, quase que é difícil de acreditar que Emily Brontë passou toda a sua vida num presbitério, rodeada apenas pela família, os cães e a charneca. Solteira e, mais que isso, solitária, Emily era, dos quatro irmãos que sobreviveram à infância, a que mais dificuldades tinha em se relaccionar com as pessoas a seu redor, o que poderá ser indicativo na forma como ela caracterizou as relações interpessoais no seu romance; repletas de dualidade, hipocrisia e amargura.
Este romance não irá granjear a simpatia dos leitores, não irá sorrir ao ler determinadas passagens, não sentirá empatia pelas personagens. Mas chegará ao fim do livro detentor de uma verdade inquestionável: todos nós temos, no nosso interior, a capacidade de trazer a lume o que de mais negro há em nós e nos outros, e que mesmo uma heroína pode não ser totalmente boa, e um vilão pode ter tido experiências de vida que o levaram a tornar-se no mau da história.
Somos transportados à história doentia de Heathcliff e Catherine, iniciada numa infância de diferentes backgrounds, ele pobre, ela rica, e como essa diferença, sentida de forma amargurada por ele, vai marcar o destino de todas as personagens do livro, as da sua geração e, mesmo, as das gerações vindouras.
É um livro negro, sombrio, mas magistralmente escrito e obrigatório na biblioteca de quem gosta de livros e histórias intemporais.
Nota 5

segunda-feira, 13 de abril de 2009

Célulazinhas Cinzentas!



Os cinco suspeitos
Agatha Christie
Edições ASA
EAN 9789724132549
ISBN 972-41-3254-4
Sinopse

Hercule Poirot recebe a visita da jovem Carla Lemarchant. Carla tem uma proposta singular a fazer-lhe: quer que o detective investigue um assassínio. Nada seria mais natural para Poirot, não fosse o facto de o crime ter ocorrido há dezasseis anos e de aparentemente ter sido feita justiça. Caroline, a mãe de Carla, acusada da morte do marido, o artista Amyas Crale, foi condenada e sentenciada a uma pena de prisão perpétua: mas acabaria por morrer um ano depois. Entusiasmado com o desafio de resolver um caso aparentemente óbvio e tão carecido de provas, Poirot inicia a investigação. A tarefa revela-se, no entanto, difícil: encobertos por entre os fantasmas do passado estão segredos, mentiras e... cinco suspeitos

Será um detective capaz de descobrir o que realmente se passou num homicídio, dezasseis anos depois de este ter sido cometido, e quando algumas das personagens principais dos eventos já morreram? Se esse detective for Hercule Poirot, a resposta é sim!
Tudo começa quando o grande detective belga recebe a visita de Carla Lemarchant. A jovem tem um pedido a fazer; quer que Poirot investigue a morte do seu pai, ocorrida dezasseis anos antes, e descubra o que realmente se passou. O pai de Carla, Amyas Crale, um pintor consagrado, fora envenenado e a sua mulher, a mãe da jovem, Caroline, acusada, presa e condenada pela sua morte. Mas, pouco antes da sua execução, esta escrevera uma carta à filha, em que lhe afirmava a sua inocência. Carla, que acreditara na palavra da mãe quer, assim, que Poirot a ajude a limpar o nome de Caroline. Poirot acede ao pedido da jovem e descobre que existem, na verdade, cinco suspeitos possíveis... Cinco pessoas que estiveram presentes na altura do assassinato do artista, cinco pessoas com leituras diferentes dos episódios que levaram à sua morte, cinco pessoas com segredos que querem manter privados. Poirot consegue mergulhar nessa teia e retirar dela a verdade. Mas será que essa verdade agradará à sua cliente?
Nota 4

sexta-feira, 10 de abril de 2009

Bon Apétit!!!


Na Cozinha com Nigella
Nigella Lawson


Editora Civilização
EAN 9789895506736
ISBN 978-989-550-673-6


Sendo ainda desconhecida do grande público português, Nigella Lawson é, em Inglaterra, a par com Jamie Oliver, uma estrela dos programas de culinária… Claro que o facto de pertencer a uma família da nobreza inglesa ajudou à sua popularidade, mas o seu sucesso passa pela sua paixão pela comida, que a levou a virar as costas a uma carreira jornalística. Este livro, que foi agora publicado pela Civilização, é o sexto da sua autoria e resulta do seu programa televisivo “Nigella Express” onde a autora nos apresenta receitas rápidas sem comprometer a qualidade. Uma excelente aposta para quem gosta de cozinhar mas nem sempre tem tempo. E, se os olhos também comem, em termos gráficos este livro é um excelente aperitivo.

Nota 3

quinta-feira, 9 de abril de 2009

A Morte de Ivan Ilitch



A morte de Ivan Ilitch
Leon Tolstoi
Edições Quasi
EAN 9789895523665
Sinopse:
Considerada por muitos críticos como a novela mais perfeita da literatura mundial, A Morte de Ivan Ilitch aborda um tema comum e inevitável na vida de qualquer ser humano - a morte, provocando reacções e emoções fortes e diferentes. Quando se apercebe de que a morte está perto, Ivan Ilitch começa a questionar as suas decisões e o percurso de vida.

Ivan Ilitch morreu! O livro começa com o leitor a ser confrontado com a inevitabilidade da morte do ser humano. Antes mesmo de sabermos quem foi Ivan Ilitch, sabemos que este morreu, acabou, não mais existe. Para os que o conheceram a sua morte não trouxe choque, tristeza ou, mesmo, surpresa. Mas, no decorrer do livro, percebemos que houve uma pessoa que lutou contra a morte de Ivan Ilitch com todas as (poucas) forças que possuía. Essa pessoa foi... Ivan Ilitch. Este livro aborda o desgaste humano de alguém que sente o aproximar da morte. A frustração, a revolta, o desgaste emocional e, por fim, a resignação de quem já não consegue lutar. Um grande pequeno livro (com 91 páginas é o ideal para uma espera nas fila de espera de uma qualquer repartição pública portuguesa) de um dos nomes mais conceituados da literatura mundial de todos os tempos!
Nota 4

Aqui se apresenta o autor!

Ou, neste caso, a autora... Que de bom grado partilha a criação desta obra com quem queira colaborar. Um blog que mais não é que o actualizar, de forma a manter-me a par das novas tecnologias, do pequeno caderno que mantinha na mesinha de cabeceira e onde, com gestos de entendedora, anotava opiniões (mais ou menos pretenciosas) dos livros devorados. O gosto levou-me à universidade e ao curso de Línguas e Literaturas Modernas, com a esperança de um trabalho em tradução literária... A necessidade levou-me aos balcões de uma livraria... Certo! Não é bem o mesmo, mas o objecto de culto passa-me, na mesma, diariamente pelas mãos. Aqui, venho partilhar opiniões dos livros lidos, boas e más, tentando aguçar o apetite pela leitura e a descoberta de novos mundos e autores ou, simplesmente, aconselhar uma visita a velhos conhecidos. Boas leituras!