quarta-feira, 24 de junho de 2009

Jornada para a Noite... A caminho do fim...






Jornada para a Noite
Eugene O’Neill
Livros Cotovia
ISBN 972-9013-95-0





Peça de teatro de referência e obra autobiográfica do autor norte-americano, esta é uma das obras primas da dramaturgia mundial.
A peça inicia-se, às 8h30 da manhã, na casa da família Tyrone (cenário, aliás, de toda a acção) e decorre no espaço de um dia, durante o qual nos inteiramos dos amores, ódios, fraquezas e aspirações de cada membro da família. E que família...
Primeiro temos James Tyrone, o patriarca, um actor que, tendo obtido sucesso com um papel, se ressente com o facto de isto o ter restringido profissionalmente. Tendo sido abandonado pelo seu pai quando era ainda criança (o que o obrigou a se auto sustentar) tem uma ética de trabalho muito vincada e é bastante agarrado ao dinheiro.
Mary Tyrone, sua mulher, é morfinómana, com um vício de duas décadas. Ainda que consiga, esporadicamente, afastar-se da droga, a convivência com a sua família acaba sempre por levá-la a recair no vício (como constatamos ao longo da peça).
Jamie Tyrone, o filho mais velho, é um bon-vivant. Alcoólico e com uma fraqueza pelo sexo oposto, não tem ambições nem é capaz de seguir uma vocação, acabando por viver à custa dos pais (que despreza).
Edmund Tyrone, o filho mais novo, é romântico e um sonhador. Descobre que tem tuberculose e que terá de ir para um sanatório o que o faz entregar-se à bebida (fraqueza que partilha com o pai e o irmão). A vontade (imposta por si mesmo) que tem em acreditar que a mãe está livre do vício é proporcional à vontade (a que se obriga) em acreditar que ele próprio se irá curar.
Durante o decorrer de um único dia vemos, quase como no decorrer de uma vida, a inevitabilidade de cada um cumprir o seu destino até que a noite, como a morte, chega para os envolver.
Uma peça dramática brilhantemente traduzida e prefaciada por Jorge de Sena.
Nota 4

Sem comentários:

Enviar um comentário