A Papisa Joana
Donna Woolfolk Cross
Editorial Presença
EAN 9789722326414
ISBN 972-23-2641-4
Li este livro à cerca de 3 ou 5 anos e adorei. Gosto muito de romances históricos, quando são bem escritos e, como uma amiga já mo referiu, tenho uma predilecção por histórias onde as mulheres sejam retratadas como os seres fortes e determinados que eu sei que são. Acho (e quem se debruçar pela história não o poderá negar) que o papel da mulher na sociedade ao longo dos tempos é uma história rica, cheia de contrastes e de obstáculos transpostos com esforço e trabalho colectivo, e, também de hipocrisia, a hipocrisia da sociedade cega às suas características e forças. Esta é a história de uma dessas mulheres. Uma mulher cuja tenacidade, inteligência e estudo a levou ao vaticano e que pagou com a vida e com o esquecimento, propositado, do seu nome pelas gerações futuras. De tal forma que, para as gerações actuais, a Papisa Joana mais não é que um mito, uma lenda, uma história da carochinha.
Sinopse:
Na galeria das mais extraordinárias e controversas figuras do Ocidente, a Papisa Joana assume contornos brumosos, enigmáticos e fascinantes. Muitos negaram, ao longo dos séculos, a sua existência, mas é ainda considerável a quantidade de documentos que referem a sua passagem pelo trono papal. Personagem histórica ou lendária, Joana protagoniza a notável ascenção de uma mulher brilhante que não aceita as limitações da sua época, profundamente misógina, lhe impõe e, armada de uma inteligência esclarecida e de uma força de carácter inquebrantável, conquista o mais elevado poder religioso.
Filha de um cónego que sonhava que o seu filho seria capaz de levar o nome da família longe na carreira religiosa, Joana coloca-se entre os planos do pai pois é óbvio, para quem conviva com os dois irmão, que é a rapariga e não o rapaz quem possui a inteligência, a vocação e as capacidades de se vir a tornar alguém. Mas, nascida em 814, Joana tinha já o destino traçado desde a barriga da mãe (como todas as outras raparigas); cresceria a ser obediente - primeiro ao pai e depois ao marido, aprenderia a cuidar da casa e dos filhos e tornar-se-ia um pilar da família e da aldeia em que habitasse, um exemplo do papel feminino subjugado e oprimido. Tendo tido, algum tipo de, educação vê-se, subitamente confrontada, aos 15 anos, com a imposição de um casamento. No seu desespero não encontra outra solução, de forma a continuar a prosseguir os estudos, senão tentar por todos os meios ao seu alcance (mesmo que mundando de género) continuar a cultivar a mente em prol da vida puramente física e sexual de todas as mulheres que conhece. E assim nasce João Anglicus. A história viria a dar razão à sua escolha quando, anos mais tarde, a foi encontrar sentada no trono papal. Mas a sociedade, governada pelos homens, não lhe perdoara que tivesse provado de forma tão eficaz que estariam todos cegos às verdadeiras potencialidades do "sexo fraco" tendo, para mais, conspurcado a divina instituição religiosa (que, como todos sabemos, já tinha a mulher em péssima consideração) e, para a calar e a outras como ela, Joana pagou com a vida e com o esquecimento.
Nota 4
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