Críticas literárias, opiniões, amores e desamores duma apaixonada da palavra impressa.
sábado, 24 de novembro de 2012
huuuuuuummmmm...
Cliente - Boa tarde, tem "O Gosto Proibido da Beringela"?
(eu, pessoalmente, estou ansiosa pela sequela, "O Sabor Mortífero da Courgette"!)
sexta-feira, 9 de novembro de 2012
A brincar, a brincar...
Mixórdia de Temáticas
de Ricardo Araújo Pereira
Editor: Tinta da China
ISBN: 9789896711368
Sinopse
Uma compilação dos guiões da rubrica radiofónica da Rádio Comercial que tem o mesmo elegante nome.
A rubrica que fez com que a Rádio Comercial se tornasse líder de audiências.
A rubrica que fez com que a Rádio Comercial se tornasse líder de audiências.
Vasco: Então o senhor esteve um bocadinho deslocado na manifestação.
Eu: Foi, porque estava tudo a gritar: «Está na hora, está na hora / de o governo se ir embora» e eu era o único a dizer «Gaspar, tudo se arranja / vê lá se a gorda quer uma canja». Sozinho, mas aguentei-me ali a gritar as minhas palavras de ordem, parecia o Che Guevara das canjas.
Eu: Foi, porque estava tudo a gritar: «Está na hora, está na hora / de o governo se ir embora» e eu era o único a dizer «Gaspar, tudo se arranja / vê lá se a gorda quer uma canja». Sozinho, mas aguentei-me ali a gritar as minhas palavras de ordem, parecia o Che Guevara das canjas.
Jamie Oliver... em 15 minutos!
Refeições em 15 Minutos
de Jamie Oliver
Editor: Porto Editora
ISBN: 978-972-0-06365-6
Sinopse
Este livro vai ao encontro do que os leitores me têm pedido - refeições ultrarrápidas, saborosas e nutritivas para o dia a dia.
A criação destas receitas foi toda uma nova experiência para mim; procurei que fossem metódicas, criativas, informais e divertidas, com ingredientes magníficos - uma explosão de sabores para os seus cozinhados!
Provavelmente não tornarei a escrever um livro de cozinha como este, mas asseguro-lhe que ficará com um livro de referência, que lhe dará as ferramentas necessárias para poder criar refeições fantásticas e extremamente rápidas.
Fui buscar inspiração à cozinha dos quatro cantos do mundo, introduzindo sabores de que todos nós gostamos nos pratos clássicos de frango, carne, e massa; apoiando-me na colorida comida asiática vendida na rua e nos flamantes sabores da comida marroquina; dando importância às saladas e tantos outros acompanhamentos. Com este livro, tentei apresentar uma multiplicidade de cozinhas que estão a conquistar cada vez mais entusiastas. Estas foram as refeições mais rápidas e fáceis que fiz até hoje.
Jamie Oliver
A criação destas receitas foi toda uma nova experiência para mim; procurei que fossem metódicas, criativas, informais e divertidas, com ingredientes magníficos - uma explosão de sabores para os seus cozinhados!
Provavelmente não tornarei a escrever um livro de cozinha como este, mas asseguro-lhe que ficará com um livro de referência, que lhe dará as ferramentas necessárias para poder criar refeições fantásticas e extremamente rápidas.
Fui buscar inspiração à cozinha dos quatro cantos do mundo, introduzindo sabores de que todos nós gostamos nos pratos clássicos de frango, carne, e massa; apoiando-me na colorida comida asiática vendida na rua e nos flamantes sabores da comida marroquina; dando importância às saladas e tantos outros acompanhamentos. Com este livro, tentei apresentar uma multiplicidade de cozinhas que estão a conquistar cada vez mais entusiastas. Estas foram as refeições mais rápidas e fáceis que fiz até hoje.
Jamie Oliver
quinta-feira, 8 de novembro de 2012
pois...
Cliente: Desculpe, tem o livro "............?"
Eu (depois de consultar o computador): "não, desculpe mas não temos... Não consta da nossa base de dados"
Cliente (após uma breve pausa): "Estranho!... Disseram-me que havia na Cnaf e na Beltram"
(Só para que saibam, eu trabalho na Cnaf)
sábado, 3 de novembro de 2012
As Cinquenta Sombras Livre
Pois é...
Como aqui tinha dito, o terceiro volume da trilogia mais quente do momento, era para ser colocado à venda apenas em Fevereiro de 2013. No entanto, e como há que aproveitar o frenesim que se vive no mundo literário com as obras de E. L. James (já para não falar que o Natal está à porta e sempre se vendem mais uns exemplares desta forma), o lançamento foi adiantado já para o próximo dia 12 de Novembro...
Está mesmo quase a chegar, a conclusão da história de Christian e Anastasia...
Sinopse:
"Quando a jovem e inocente Anastasia Steele encontrou pela primeira vez o impetuoso e fascinante milionário Christian Grey, começou entre eles um affair sensual que lhes mudou a vida para sempre. Assustada e intrigada pelas singulares inclinações eróticas de Grey, Anastasia exige um compromisso total na relação. Com medo de a perder, ele aceita. Agora Anastasia e Grey têm finalmente tudo o que desejavam - o amor, a paixão, a intimidade, uma riqueza incalculável - e todo um mundo de possibilidades à sua espera. Mas ela sabe que amá-lo não será fácil, e que estarem juntos vai implicar ultrapassar barreiras que nenhum deles poderia prever. Anastasia vai ter de aprender a partilhar o estilo de vida de Grey sem sacrificar a sua identidade. E ele terá de aprender a superar o seu obsessivo impulso de tudo controlar, enquanto se debate com os demónios do seu terrível passado. E quando tudo parece estar conjugado para que ambos consigam finalmente ultrapassar os maiores obstáculos, o destino conspira para tornar dolorosamente reais os maiores medos de Anastasia.
As Cinquenta Sombras é o maior fenómeno literário de 2012. Traduzido em mais de 40 línguas, vendeu em poucos meses cerca de 50 milhões de cópias em todo o mundo."
quinta-feira, 18 de outubro de 2012
Maria Teresa Horta
No seguimento de uma série de tertúlias moderadas por Miguel Real, iniciadas a 15 de Setembro, em Sintra pela Alagamares, a próxima convidada será a escritora Maria Teresa Horta. Dia 20 de Outubro, às 21h, em Sintra, no The Legendary Café (junto à Câmara).
quarta-feira, 17 de outubro de 2012
Sai amanhã!!!
A Mão do Diabo
de José Rodrigues dos Santos
Editor: Gradiva Publicações
ISBN: 9789896164942
Sinopse
A Mão de Diabo é o décimo romance de José Rodrigues dos Santos, autor da Gradiva que já vendeu mais de um milhão de exemplares e está publicado em dezoito línguas.
Este novo livro aborda a crise, um tema relativamente ao qual a sociedade está particularmente sensível. Seguramente despertará a curiosidade dos leitores o que augura mais um sucesso de vendas.
Este novo livro aborda a crise, um tema relativamente ao qual a sociedade está particularmente sensível. Seguramente despertará a curiosidade dos leitores o que augura mais um sucesso de vendas.
Novidade - Daniel Silva
Retrato de uma Espia
de Daniel Silva
Editor: Bertrand Editora
ISBN: 9789722525022
Sinopse
Gabriel Allon, restaurador de arte e espião, está em Londres com Chiara, a mulher, para um fim de semana que se esperava agradável. Mas duas bombas, em Paris e Copenhaga, conseguiram já estragar este encantador dia de outono. Depois, quando Gabriel se prepara para deter um homem que ele suspeita estar prestes a fazer um terceiro atentado em Covent Garden, é atirado ao chão e fica a observar um verdadeiro pesadelo, sem poder fazer nada. Ainda tem bem fresca a perturbadora memória do seu fracasso em impedir um massacre de inocentes quando é chamado a Washington para um confronto com o novo rosto do terrorismo global. Ao centro de uma explosiva praga de morte e destruição está um esquivo clérigo de origem americana a viver no Iémen. E o pior ainda está para vir...
Críticas de imprensa
«Allon é o Bond do século XXI – com um ritmo elegante, subtil e muito bem informado. Se ainda não leu Silva, tente o Retrato de Uma Espia – e depois vá ao fundo ler a série completa.»
Daily Mail
«Um Allon reflexivo e sexy… deve ser o superespião mais famoso que não é interpretado pelo Daniel Craig.»
Daily Mail
«Num estilo verdadeiramente Bauer, tiroteios, raptos e enredos de terrorismo internacional seguem o Gabriel Allon para onde quer que ele vá.»
USA Today
«Silva acumula tensão com voltas e reviravoltas de cortar a respiração.»
People
Daily Mail
«Um Allon reflexivo e sexy… deve ser o superespião mais famoso que não é interpretado pelo Daniel Craig.»
Daily Mail
«Num estilo verdadeiramente Bauer, tiroteios, raptos e enredos de terrorismo internacional seguem o Gabriel Allon para onde quer que ele vá.»
USA Today
«Silva acumula tensão com voltas e reviravoltas de cortar a respiração.»
People
quinta-feira, 11 de outubro de 2012
Era uma vez... O teu livro!
Antes de mais, tenho de pedir desculpas pela minha ausência...
Em Setembro fui de férias e, ao regressar, comecei em conversas com uma amiga minha para iniciarmos um negócio as duas (de livros, claro!) e tenho estado embrenhada nesta fase inicial.
Quem me conhece sabe que, acima de tudo, A-DO-RO escrever. E, desde que fui Mãe (nem acredito que já vai fazer 2 anos este mês), comecei a criar histórias infantis para o meu filhote. Ora, como devem imaginar, as Mães são como as Mulheres-Quando-Vão-À-Casa-de-Banho. Nunca andam sózinhas! E eu não sou excepção! Pertenço a um "Grupo de Mães" cujos filhotes nasceram entre Outubro de 2010 e Janeiro de 2011 (sendo o que nos une o facto de todos estarem previstos para Dezembro 2010). Entretanto, os nossos "cachopos" começaram a comemorar o primeiro aniversário e eu, como prendinha, fiz um conto para cada criança. Uma das Mamãs, a minha amiga Vera Magalhães, decidiu imortalizar a história do filhote, o Salvador, num livro de tecido pintado por ela, à mão, para o qual transpôs a história por mim escrita. As outras Mães do grupo gostaram tanto que nos incentivaram a juntar e a fazer os nossos livros personalizados. Assim nasceu o "Era uma vez... O teu livro!".
Eu escrevo estórias personalizadas segundo as directrizes providenciadas pelos Pais da criança e a Vera transforma-as em livro.
Por enquanto, estamos apenas no Facebook. Podem visitar-nos na seguinte "morada":
http://www.facebook.com/pages/Era-uma-vez-O-teu-livro/366451666763183#!/pages/Era-uma-vez-O-teu-livro/366451666763183
E agora aqui fica a historinha que deu origem a tudo...
Salvador, o Doce Detective
"Hoje venho contar-vos a história do meu amigo Salvador.
O Salvador é um menino muito lindo, com cara de bonequinho, mas que é incompreendido… Até pela sua Mamã. Vejam vo...
Em Setembro fui de férias e, ao regressar, comecei em conversas com uma amiga minha para iniciarmos um negócio as duas (de livros, claro!) e tenho estado embrenhada nesta fase inicial.
Quem me conhece sabe que, acima de tudo, A-DO-RO escrever. E, desde que fui Mãe (nem acredito que já vai fazer 2 anos este mês), comecei a criar histórias infantis para o meu filhote. Ora, como devem imaginar, as Mães são como as Mulheres-Quando-Vão-À-Casa-de-Banho. Nunca andam sózinhas! E eu não sou excepção! Pertenço a um "Grupo de Mães" cujos filhotes nasceram entre Outubro de 2010 e Janeiro de 2011 (sendo o que nos une o facto de todos estarem previstos para Dezembro 2010). Entretanto, os nossos "cachopos" começaram a comemorar o primeiro aniversário e eu, como prendinha, fiz um conto para cada criança. Uma das Mamãs, a minha amiga Vera Magalhães, decidiu imortalizar a história do filhote, o Salvador, num livro de tecido pintado por ela, à mão, para o qual transpôs a história por mim escrita. As outras Mães do grupo gostaram tanto que nos incentivaram a juntar e a fazer os nossos livros personalizados. Assim nasceu o "Era uma vez... O teu livro!".
Eu escrevo estórias personalizadas segundo as directrizes providenciadas pelos Pais da criança e a Vera transforma-as em livro.
Por enquanto, estamos apenas no Facebook. Podem visitar-nos na seguinte "morada":
http://www.facebook.com/pages/Era-uma-vez-O-teu-livro/366451666763183#!/pages/Era-uma-vez-O-teu-livro/366451666763183
E agora aqui fica a historinha que deu origem a tudo...
Salvador, o Doce Detective
"Hoje venho contar-vos a história do meu amigo Salvador.
O Salvador é um menino muito lindo, com cara de bonequinho, mas que é incompreendido… Até pela sua Mamã. Vejam vo...
cês bem, amiguinhos, que a Mamã do Salvador acha que ele é muito calminho e até lhe chama “Pastelãozinho”. Mas, na verdade, nada poderia estar mais longe da realidade! O que se passa é que o meu amigo, quando era muito pequenino, ouviu falar de um grande detective belga chamado “Hercule Poirot”. Na altura o Salvador só pensou, sem nada dizer, que o detective em questão tinha um nome muito estranho. Mas, ao ouvir mais um pouco da conversa, ficou muito curioso. Diziam que esse detective, considerado um dos melhores de todos os tempos, tinha a reputação de conseguir desvendar todo e qualquer crime, utilizando apenas o que ele chamava “as suas celulazinhas cinzentas”. Ora, o meu amigo, é um menino muito inteligente e pensou logo que havia de fazer a experiência. Tentar resolver os problemas e mistérios do dia-a-dia usando apenas as suas próprias celulazinhas cinzentas.
A sua primeira prova veio quando menos esperava.
Estava um dia o meu amigo com a Mamã, no Parque da Cidade, quando, de repente, deu de caras com um mistério. A Mamã, que achava sempre que o filho estava a relaxar, viu-o estendido na relva, muito quieto, e pensou “lá está o meu Pastelãozinho!” mas, se se tivesse aproximado um pouco, ia reparar que o Salvador estava, na verdade, a inspecionar uma “prova” de um crime cometido: um papel de chocolate, vazio, sem vestígio do doce que o ocupara.
“Huuuuumm…” – pensou o nosso detective – “Parece que alguém, ou alguma coisa, comeu uma tablete de chocolate, deixando para trás a prova da sua gulodice… Quem teria sido o guloso?”
Nisto, como se respondessem a uma deixa, aproximaram-se dele três pombos cinzentos, de peitilho inchado.
- Cu-cu-rrooo! – saudaram os pombos – Podemos saber o que estás aí a fazer deitado… a olhar para um pedaço de papel?
O Salvador sentou-se e explicou:
- Encontrei esta embalagem de chocolate vazia, o que parece indicar que alguém acabou de comer um chocolate… estou à procura de pistas que me levem a descobrir quem o fez, mas está difícil… Na relva não dá para se notar as pegadas do criminoso e não sobrou nem um pedacinho para contar história… Parece que o chocolate se evaporou no ar!
Ao dizer isto, o meu amigo olhou para as asas dos seus ouvintes e, inquisitivo, perguntou:
- Por acaso não foram vocês que o comeram?
- Nóóóóssssss? – perguntaram em coro os três pombos, ofendidos – Achas que temos cara de ladrões de chocolates? Se aqui estamos é precisamente porque, por termos fome, costumamos vir à cata de alguma migalhinha que as pessoas que passeiam no Parque costumam deixar para trás. Nunca seríamos capazes de roubar mais que uma migalha!
E, dizendo isto, viraram costas ao meu amigo e levantaram voo.
Mais à frente, no relvado, o Salvador viu uns patinhos que pareciam aproveitar o sol para se aquecerem. Decidido a resolver este mistério, foi ter com eles.
- Desculpem… - disse o meu amigo.
Os patinhos, brancos, de biquinho cor-de-laranja, sacudiram as penas das asas e voltaram-se para ele:
- Sim? Quá-quá!
- Por acaso não viram quem comeu um chocolate e deixou o papel ali na relva, junto a mim?
Os patos olharam para o sítio que o meu amigo indicou, olharam um para o outro e responderam:
- Não! Quááá… Não reparámos em nada. Mas também… Chocolate? – fizeram uma careta – Quem é que ia comer tal coisa? Ainda se fosse um bocadito de pão.
Um deles aproximou-se do nosso detective:
- Por acaso não tens um pouco de pão que nos dês?
- Não… - lamentou o Salvador – Não tenho pão nenhum.
Os patinhos afastaram-se:
- Bem… Não faz mal… De certeza que conseguimos arranjar um pouco!
Já tinham andado um bom bocado quando um deles se voltou para trás e disse:
- Olha, porque não vais ao lago perguntar aos peixes se eles sabem do tal “chocolate”? Eles é que são uns gulosos que comem tudo!
Confiante que, com a ajuda dos peixes, ia conseguir desvendar o mistério, o meu amigo gatinhou até lá. Quando chegou à beirinha do lago, debruçou-se para ver se encontrava algum peixinho. A superfície do lago estava calminha e a água tão limpinha que refletia tudo como um espelho. E, ao debruçar-se, o Salvador viu algo que o fez corar.
No seu reflexo, viu a sua carita, por norma branquinha e perfeita, manchada com uma grande marca de chocolate que lhe chegava às bochechinhas lustrosas. De repente lembrou-se de tudo: a Mamã dera-lhe um chocolatinho para comer e ele adormecera antes de ela o conseguir limpar. Ao adormecer, tinha o papel do chocolate na mão e este, sem dúvida, caíra durante a sesta. De repente, no entanto, um enorme sorriso iluminou o rosto do nosso detective: desvendara o seu primeiro mistério e descobrira, sozinho, o guloso que andava no parque!"
A sua primeira prova veio quando menos esperava.
Estava um dia o meu amigo com a Mamã, no Parque da Cidade, quando, de repente, deu de caras com um mistério. A Mamã, que achava sempre que o filho estava a relaxar, viu-o estendido na relva, muito quieto, e pensou “lá está o meu Pastelãozinho!” mas, se se tivesse aproximado um pouco, ia reparar que o Salvador estava, na verdade, a inspecionar uma “prova” de um crime cometido: um papel de chocolate, vazio, sem vestígio do doce que o ocupara.
“Huuuuumm…” – pensou o nosso detective – “Parece que alguém, ou alguma coisa, comeu uma tablete de chocolate, deixando para trás a prova da sua gulodice… Quem teria sido o guloso?”
Nisto, como se respondessem a uma deixa, aproximaram-se dele três pombos cinzentos, de peitilho inchado.
- Cu-cu-rrooo! – saudaram os pombos – Podemos saber o que estás aí a fazer deitado… a olhar para um pedaço de papel?
O Salvador sentou-se e explicou:
- Encontrei esta embalagem de chocolate vazia, o que parece indicar que alguém acabou de comer um chocolate… estou à procura de pistas que me levem a descobrir quem o fez, mas está difícil… Na relva não dá para se notar as pegadas do criminoso e não sobrou nem um pedacinho para contar história… Parece que o chocolate se evaporou no ar!
Ao dizer isto, o meu amigo olhou para as asas dos seus ouvintes e, inquisitivo, perguntou:
- Por acaso não foram vocês que o comeram?
- Nóóóóssssss? – perguntaram em coro os três pombos, ofendidos – Achas que temos cara de ladrões de chocolates? Se aqui estamos é precisamente porque, por termos fome, costumamos vir à cata de alguma migalhinha que as pessoas que passeiam no Parque costumam deixar para trás. Nunca seríamos capazes de roubar mais que uma migalha!
E, dizendo isto, viraram costas ao meu amigo e levantaram voo.
Mais à frente, no relvado, o Salvador viu uns patinhos que pareciam aproveitar o sol para se aquecerem. Decidido a resolver este mistério, foi ter com eles.
- Desculpem… - disse o meu amigo.
Os patinhos, brancos, de biquinho cor-de-laranja, sacudiram as penas das asas e voltaram-se para ele:
- Sim? Quá-quá!
- Por acaso não viram quem comeu um chocolate e deixou o papel ali na relva, junto a mim?
Os patos olharam para o sítio que o meu amigo indicou, olharam um para o outro e responderam:
- Não! Quááá… Não reparámos em nada. Mas também… Chocolate? – fizeram uma careta – Quem é que ia comer tal coisa? Ainda se fosse um bocadito de pão.
Um deles aproximou-se do nosso detective:
- Por acaso não tens um pouco de pão que nos dês?
- Não… - lamentou o Salvador – Não tenho pão nenhum.
Os patinhos afastaram-se:
- Bem… Não faz mal… De certeza que conseguimos arranjar um pouco!
Já tinham andado um bom bocado quando um deles se voltou para trás e disse:
- Olha, porque não vais ao lago perguntar aos peixes se eles sabem do tal “chocolate”? Eles é que são uns gulosos que comem tudo!
Confiante que, com a ajuda dos peixes, ia conseguir desvendar o mistério, o meu amigo gatinhou até lá. Quando chegou à beirinha do lago, debruçou-se para ver se encontrava algum peixinho. A superfície do lago estava calminha e a água tão limpinha que refletia tudo como um espelho. E, ao debruçar-se, o Salvador viu algo que o fez corar.
No seu reflexo, viu a sua carita, por norma branquinha e perfeita, manchada com uma grande marca de chocolate que lhe chegava às bochechinhas lustrosas. De repente lembrou-se de tudo: a Mamã dera-lhe um chocolatinho para comer e ele adormecera antes de ela o conseguir limpar. Ao adormecer, tinha o papel do chocolate na mão e este, sem dúvida, caíra durante a sesta. De repente, no entanto, um enorme sorriso iluminou o rosto do nosso detective: desvendara o seu primeiro mistério e descobrira, sozinho, o guloso que andava no parque!"
sábado, 8 de setembro de 2012
1Q84 volume 3 - UPDATE!!!
O lançamento, previsto para a próxima terça-feira, foi aparentemente adiantado e o livro chegou HOJE às lojas!!!
sexta-feira, 7 de setembro de 2012
Mary Balogh
Um Verão Inesquecível
de Mary Balogh
Editor: Edições Asa
ISBN: 9789892320021
Sinopse
Kit Butler é um dos mais afamados solteirões de Londres, casar é a última coisa que lhe passa pela cabeça. Mas a sua família tem outros planos. Para contrariar o casamento que o pai lhe arranjou, Kit precisa de encontrar uma noiva... e depressa. Entra em cena Miss Lauren Edgeworth. Lauren foi abandonada em pleno altar pelo seu noivo, Neville Wyatt. Destroçada, decide que não voltará a passar pelo mesmo: nunca casará.
O encontro entre estas duas forças da natureza é tão intenso como uma tempestade de verão... e ambos engendram um plano secreto. Lauren concorda alinhar na farsa em troca de um verão recheado de paixão e aventura. No final, ela romperá o noivado - o que afastará possíveis pretendentes - deixando-os a ambos livres. Tudo corre na perfeição, até que Kit faz o impensável: apaixona-se por Lauren. E um verão já não é suficiente para ele. Mas o tempo não para e Kit sabe que terá de apelar a mais do que as suas vulgares armas de sedução para conseguir convencer Lauren a entregar-lhe o seu coração... na alegria e na tristeza, na saúde e na doença, para o resto das suas vidas.
O encontro entre estas duas forças da natureza é tão intenso como uma tempestade de verão... e ambos engendram um plano secreto. Lauren concorda alinhar na farsa em troca de um verão recheado de paixão e aventura. No final, ela romperá o noivado - o que afastará possíveis pretendentes - deixando-os a ambos livres. Tudo corre na perfeição, até que Kit faz o impensável: apaixona-se por Lauren. E um verão já não é suficiente para ele. Mas o tempo não para e Kit sabe que terá de apelar a mais do que as suas vulgares armas de sedução para conseguir convencer Lauren a entregar-lhe o seu coração... na alegria e na tristeza, na saúde e na doença, para o resto das suas vidas.
Esta autora já há algum tempo tinha agraciado as livrarias com o seu livro "Uma Noite de Amor" (Edições Asa, ISBN: 9789892312354), o qual tinha uma história com bastante potencial para o género em que se insere (literatura histórica-light) mas que, inexplicavelmente, passou um pouco despercebida.
Aqui fica o início de "Uma Noite de Amor":
"Quando Lily acordou bem cedo na manhã seguinte, lavou a cara e as mãos na água fria do ribeiro e arranjou-se o melhor que pôde antes de subir o carreiro de regresso ao declive coberto de fetos e atravessar o arvoredo até à parte de baixo do relvado tratado.
Parou para observar o que lhe pareceram estábulos com a casa por trás. Ambas as construções pareciam maiores e mais proibitivas à luz da manhã do que lhe haviam parecido na noite anterior. E havia uma grande atividade em curso. Havia inúmeras carroças no caminho junto aos estábulos e moços de estrebaria e cocheiros atarefados por todo o lado. Os convidados da festa da noite anterior devem ter passado lá a noite e estavam a preparar-se para partir, calculou Lily. Ainda não era a altura certa para fazer a sua entrada em cena. Teria de esperar até mais tarde.
Tinha fome, constatou depois de regressar à praia, e decidiu ocupar algum tempo passeando até à aldeia, onde talvez podesse comprar um pequeno naco de pão. Mas quando lá chegou, descobriu que aquele não era de maneira nenhuma o local tranquilo e deserto que encontrara na noite anterior. A praça estava quase totalmente cercada por grandes carruagens - talvez algumas fossem as mesmas que vira mais cedo junto às cavalariças da abadia. O próprio largo estava pejado de gente. As portas da estalagem estavam escancaradas e a multidão que entrava e saía desencorajou Lily de se aproximar. Verificou que a entrada da igreja estava apinhada, com uma multidão ainda mais compacta do que a do largo.
- O que é que se passa? - perguntou a duas mulheres paradas nos limites do largo junto à estalagem, ambas a olhar para a igreja, uma delas em bicos de pés.
Viraram-se para olhar para ela. Uma observou-a de alto a baixo, tendo percebido que não era da terra, e franziu o sobrolho. A outra revelou-se mais amistosa.
- É um casamento - explicou - Metade da alta sociedade de Inglaterra está cá para o casamento de Miss Edgeworth com o conde de Kilbourne. Não sei como é que se conseguiram enfiar todos dentro da igreja.
O conde de Kilbourne! Mais uma vez aquele nome soou-lhe como se fosse o de um estranho. Mas ele não era um estranho. E o significado do que aquela mulher lhe dissera atingiu-a como um soco. Ele ia casar-se? Agora? Dentro daquela igreja? O conde de Kilbourne ia casar-se?
- A noiva acabou de chegar - acrescentou a outra mulher, já mais descontraída com o facto de ter uma estranha a ouvir o que dizia - Não a viu, o que foi uma pena. Toda de cetim branco, devia ter visto, com a cauda do vestido rendilhada e um chapéu e uma rede a cobrir-lhe o rosto. Mas se se deixar ficar por aqui um bocado, pode vê-los a sair assim que os sinos começarem a tocar. Atrevo-me a dizer que a carruagem vai dar a volta por este lado antes de voltar para trás e passar os portões, para que todos possamos acenar e ver os noivos. Pelo menos, é o que diz o Mr. Wesley, o estalajadeiro.
Mas Lily não esperou por mais explicações. Atravessou apressadamente o largo, abrindo caminho por entre as pessoas ali presentes. Já ia meio a correr quando chegou aos portões da igreja.
Neville conseguiu perceber, pela agitação na porta da igreja, que Lauren chegara com o barão Galton, o avô dela. Sentiu-se um crescendo de entusiasmo e ansiedade nas fileiras de bancos da igreja, que albergavam toda a fina-flor dos ton, assim como uma série de elementos das famílias locais mais proeminentes. Várias cabeças se voltaram para olhar para trás, embora ainda não houvesse nada que ver.
Neville sentiu como se alguém lhe estivesse a apertar o peitilho ao pescoço e lhe tivesse colocado uma mão-cheia de enérgicas borboletas no estômago. Estas duas sensações já o acompanhavam, em diversos graus de intensidade, desde antes do pequeno-almoço que se vira incapaz de ingerir, mas voltou-se, desejoso de olhar pela primeira vez a sua noiva. Viu Gwen de fugida, curvada para a frente aparentemente a endireitar a cauda do vestido de Lauren. A prórpia noiva se deteve, desesperadamente fora do alcance da vista.
O vigário, esplendidamente vestido para a ocasião, estava logo atrás do ombro de Neville. Do outro lado, Joseph Fawcitt, marquês de Attingsborough, o primo varão mais próximo de si em idade e desde sempre um amigo chegado, aclarou a garganta. Todas as cabeças. percebeu Neville, se voltaram então para olhar para trás, ansiando pela entrada da noiva. Que importância tinha um mero noivo, afinal de contas, quando a noiva estava prestes a aparecer? Lauren chegou na hora certa, calculou, sorrindo dissimuladamente. Não teria sido próprio dela atrasar-se um minuto que fosse.
Ele mexeu nervosamente os pés quando os movimentos ao fundo da igreja se tornaram mais evidentes e havia até um som de vozes demasiado alto, inapropriado para o interior de uma igreja. Alguém se dirigia a outra pessoa, dizendo com uma insistência cortante que ele ou ela não podia ali entrar.
Mas ela entrou pela porta e ficou à vista dos que estavam reunidos no interior da igreja. Só que estava sozinha. E não se apresentava vestida como uma noiva, antes como uma mendiga. E não se tratava de Lauren. Avançou apressadamente uns passos pela nave antes de se deter.
Era uma alucinação provocada pela ocasião, indicou a Neville uma parte recônditada sua mente. Ela parecia-lhe chocante e penosamente familiar. Mas não se tratava de Lauren. A visão dele focou-se num único ponto. Olhou ao longo da nave da igreja, como se estivesse a fitar um longo túnel - ou através do olho de um telescópio -, para a ilusão que ali se plantara. A sua mente recusava-se a funcionar em pleno.
Alguém - dois homens, na verdade, reparou ele distraidamente - a agarrou pelos braços, levando-a para fora do alcance da vista. Mas o súbito terror de que ela desaparecesse, para nunca mais ser vista, libertou-o da paralisia que o assolara. Ergueu um braço, indicando que deveriam parar. Não se ouviu falar, mas toda a gente se voltou bruscamente para o fitar e ele apercebeu-se do eco da voz de alguém a dizer algo.
Avançou dois passos.
- Lily? - sussurrou. Tentou regressar à realidade e passou a mão rapidamente pelos olhos, mas ela continuava ali, com um homem a prender-lhe cada braço e a olhar para ele, como que aguardando instruções. Sentiu um calafrio a percorrer-lhe a cabeça e as narinas.
- Lily? - repetiu, desta vez mais alto.
- Sim - respondeu ela na voz suave e melódica que assombrara os seus sonhos e a sua mente tantos meses depois de...
- Lily - disse ele, e sentiu-se estranhamente à parte de toda aquela cena. Escutou as suas próprias palavras como se fosse outra pessoa a proferi-las. - Lily, tu estás morta.
- Não - disse ela - Eu não morri.
Ele continuava a vê-la descer o túnel da sua alucinação. Só ela. Só Lily. Tinha esquecido a igreja, as pessoas agitadas nos bancos, o vigário a aclarar a garganta, Joseph a pousar-lhe uma mão no braço, Lauren parada junto à porta atrás de Lily, de olhos arregalados com a premonição iminente de um desastre. Ele agarrou-se à visão. Não iria deixá-la escapar. Outra vez não. Não a deixaria escapar de novo. Avançou mais um passo.
O vigário aclarou novamente a garganta e Neville por fim compreendeu que estava na Igreja de Todas as Almas, em Upper Newbury, no dia do seu casamento. Com Lily parada na nave lateral, entre ele e a sua noiva.
- Meu senhor - disse o vigário, dirigindo-se a ele -, conhece esta mulher? Deseja que seja retirada para que possamos dar seguimento ao matrimónio?
Se ele a conhecia?
Se ele a conhecia?
- Sim, conheço-a. - respondeu, numa voz tranquila, appesar de plenamente consciente de que cada um dos convidados do casamento estava suspenso das suas palavras e o ouvia atentamente - Ela é a minha esposa."
O vigário, esplendidamente vestido para a ocasião, estava logo atrás do ombro de Neville. Do outro lado, Joseph Fawcitt, marquês de Attingsborough, o primo varão mais próximo de si em idade e desde sempre um amigo chegado, aclarou a garganta. Todas as cabeças. percebeu Neville, se voltaram então para olhar para trás, ansiando pela entrada da noiva. Que importância tinha um mero noivo, afinal de contas, quando a noiva estava prestes a aparecer? Lauren chegou na hora certa, calculou, sorrindo dissimuladamente. Não teria sido próprio dela atrasar-se um minuto que fosse.
Ele mexeu nervosamente os pés quando os movimentos ao fundo da igreja se tornaram mais evidentes e havia até um som de vozes demasiado alto, inapropriado para o interior de uma igreja. Alguém se dirigia a outra pessoa, dizendo com uma insistência cortante que ele ou ela não podia ali entrar.
Mas ela entrou pela porta e ficou à vista dos que estavam reunidos no interior da igreja. Só que estava sozinha. E não se apresentava vestida como uma noiva, antes como uma mendiga. E não se tratava de Lauren. Avançou apressadamente uns passos pela nave antes de se deter.
Era uma alucinação provocada pela ocasião, indicou a Neville uma parte recônditada sua mente. Ela parecia-lhe chocante e penosamente familiar. Mas não se tratava de Lauren. A visão dele focou-se num único ponto. Olhou ao longo da nave da igreja, como se estivesse a fitar um longo túnel - ou através do olho de um telescópio -, para a ilusão que ali se plantara. A sua mente recusava-se a funcionar em pleno.
Alguém - dois homens, na verdade, reparou ele distraidamente - a agarrou pelos braços, levando-a para fora do alcance da vista. Mas o súbito terror de que ela desaparecesse, para nunca mais ser vista, libertou-o da paralisia que o assolara. Ergueu um braço, indicando que deveriam parar. Não se ouviu falar, mas toda a gente se voltou bruscamente para o fitar e ele apercebeu-se do eco da voz de alguém a dizer algo.
Avançou dois passos.
- Lily? - sussurrou. Tentou regressar à realidade e passou a mão rapidamente pelos olhos, mas ela continuava ali, com um homem a prender-lhe cada braço e a olhar para ele, como que aguardando instruções. Sentiu um calafrio a percorrer-lhe a cabeça e as narinas.
- Lily? - repetiu, desta vez mais alto.
- Sim - respondeu ela na voz suave e melódica que assombrara os seus sonhos e a sua mente tantos meses depois de...
- Lily - disse ele, e sentiu-se estranhamente à parte de toda aquela cena. Escutou as suas próprias palavras como se fosse outra pessoa a proferi-las. - Lily, tu estás morta.
- Não - disse ela - Eu não morri.
Ele continuava a vê-la descer o túnel da sua alucinação. Só ela. Só Lily. Tinha esquecido a igreja, as pessoas agitadas nos bancos, o vigário a aclarar a garganta, Joseph a pousar-lhe uma mão no braço, Lauren parada junto à porta atrás de Lily, de olhos arregalados com a premonição iminente de um desastre. Ele agarrou-se à visão. Não iria deixá-la escapar. Outra vez não. Não a deixaria escapar de novo. Avançou mais um passo.
O vigário aclarou novamente a garganta e Neville por fim compreendeu que estava na Igreja de Todas as Almas, em Upper Newbury, no dia do seu casamento. Com Lily parada na nave lateral, entre ele e a sua noiva.
- Meu senhor - disse o vigário, dirigindo-se a ele -, conhece esta mulher? Deseja que seja retirada para que possamos dar seguimento ao matrimónio?
Se ele a conhecia?
Se ele a conhecia?
- Sim, conheço-a. - respondeu, numa voz tranquila, appesar de plenamente consciente de que cada um dos convidados do casamento estava suspenso das suas palavras e o ouvia atentamente - Ela é a minha esposa."
quarta-feira, 5 de setembro de 2012
A grande Arte
A grande arte
de Rubem Fonseca
Editor: Sextante Editora
ISBN: 9789720071514
Sinopse
«O assassinato de duas prostitutas, no Rio de Janeiro, que, de início, parece obra de um maníaco sexual, abre uma caixa de Pandora de onde vão brotando, no decorrer de uma ação trepidante, as complexas ramificações de um tenebroso sindicato do crime. A história passa-se em boîtes e bares sórdidos, em sumptuosas mansões do Rio, em vilarejos da fronteira entre a Bolívia e o Brasil, onde reinam a cocaína e o crime, bem como na interminável viagem de um comboio que percorre metade do Brasil com couchettes que rangem sob o peso de casais fazendo sexo.»Do posfácio de Mario Vargas Llosa.
O início foi muito promissor... O ritmo, a sequência, o estilo da narrativa; tudo isso contribuiu para que, no princípio do livro, a sensação fosse quase a de se estar a assistir a um filme (tendo em conta que o personagem principal/narrador é um advogado com pretensões a detective, veio-me frequentemente à cabeça a imagem de Warren Beatty enquanto Dick Tracy e a minha mente reportava a acção para os anos 40/50 quando, na realidade, se passava nos anos 80).
Mas depois, com a entrada na segunda metade do livro, senti que a história perdeu muito... Perdeu aquela rapidez sequencial que lhe conferia o ritmo, perdeu o interesse que nos fazia ansiar pela página seguinte, perdeu, até, a alma da personagem principal que, a partir daí, nos falava enquanto espectador de outras personagens e não como parte integrante da acção.
Gostei do livro, mas senti que faltava continuidade ao estilo inicial e que a história ficaria a ganhar se, no final, houvesse uma surpresa que nos fisesse pensar que, afinal, as coisas não eram bem como pensávamos.
Gostei do livro, mas senti que faltava continuidade ao estilo inicial e que a história ficaria a ganhar se, no final, houvesse uma surpresa que nos fisesse pensar que, afinal, as coisas não eram bem como pensávamos.
Nota 3
terça-feira, 4 de setembro de 2012
O Inverno do Mundo (continuação de A Queda dos Gigantes)
Lançamento Previsto Para 18 de Setembro
O Inverno do Mundo
Trilogia O Século - Livro 2
de Ken Follett
Editor: Editorial Presença
ISBN: 9789722348768
Sinopse
Depois do extraordinário êxito de repercussão internacional alcançado pelo primeiro livro desta trilogia, A Queda dos Gigantes, retomamos a história no ponto onde a deixámos. A segunda geração das cinco famílias cujas vidas acompanhámos no primeiro volume assume pouco a pouco o protagonismo, a par de figuras históricas e no contexto das situações reais, desde a ascensão do Terceiro Reich, através da Guerra Civil de Espanha, durante a luta feroz entre os Aliados e as potências do Eixo, o Holocausto, o começo da era atómica inaugurada em Hiroxima e Nagasáqui, até ao início da Guerra Fria. Como no volume anterior, a totalidade do quadro é-nos oferecido como um vasto fresco que evolui a um ritmo de complexidade sempre crescente.
1Q84 - Volume 3
Lançamento Previsto Para 11 de Setembro
1Q84 - Volume 3
de Haruki Murakami
Editor: Casa das Letras
ISBN: 9789724621081
Sinopse
O Livro 3 revela o estilo forte e truculento de uma personagem única, Ushikawa de seu nome. A par de Tengo e Aomame, a voz da Ushikawa ecoa nas páginas do terceiro volume de 1Q84 e provoca as reações mais intensas. Amem-no ou detestem-no, mas deixem-no entregue à sua sorte. Tengo e Aomame continuam sem saber, mas aquele é o único lugar perfeito no mundo. Um lugar perfeitamente isolado e, ao mesmo tempo, o único que escapa às malhas da solidão.
Este mundo também deverá ter as suas ameaças, os seus perigos, claro, e estar cheio dos seus próprios enigmas e de contradições. Mas não faz mal. A páginas tantas, é preciso acreditar. Sob as duas luas de 1Q84, Aomame e Tengo deixam de estar sozinhos... Inspirado em parte no romance 1984, de George Orwell, 1Q84 é uma surpreendente obra de ficção, escrita de forma poderosa e imaginativa - a um tempo um thriller e uma tocante história de amor.
Murakami continua a provocar o espanto e a emoção, comunicando com milhões de pessoas de todas as idades, espalhadas pelo mundo inteiro. Ao pousar este livro, quantos leitores não se sentirão desafiados a ver o mundo com outros olhos?
Este mundo também deverá ter as suas ameaças, os seus perigos, claro, e estar cheio dos seus próprios enigmas e de contradições. Mas não faz mal. A páginas tantas, é preciso acreditar. Sob as duas luas de 1Q84, Aomame e Tengo deixam de estar sozinhos... Inspirado em parte no romance 1984, de George Orwell, 1Q84 é uma surpreendente obra de ficção, escrita de forma poderosa e imaginativa - a um tempo um thriller e uma tocante história de amor.
Murakami continua a provocar o espanto e a emoção, comunicando com milhões de pessoas de todas as idades, espalhadas pelo mundo inteiro. Ao pousar este livro, quantos leitores não se sentirão desafiados a ver o mundo com outros olhos?
segunda-feira, 3 de setembro de 2012
Banana Yoshimoto
Lua-de-mel
de Banana Yoshimoto
Editor: Cavalo de Ferro
ISBN: 9789896230456
Sinopse
Manaka e Hiroshi conhecem-se desde pequenos. Cresceram juntos, tornaram-se cúmplices, confidentes e casam-se ainda muito jovens. O seu amor foi construído sobre um passado em comum, mas as suas personalidades são muito diferentes. Manaka é serena e vive o seu jardim de forma profunda e meditativa, enquanto Hiroshi continua assombrado por traumas familiares. Hiroshi sofre a perda do avô e o casal decide então partir numa segunda lua-de-mel para a Austrália, uma viagem que lhes vai reservar surpresas, reencontros inesperados e a forte magia dos pequenos nadas. Banana Yoshimoto envolve o leitor no romance de dois jovens cujo amor e inocência vai chocar com as mais torpes manifestações do género humano.
Na verdade, gostaria de poder dar uma nota 3,5... A história deste pequeno livro, ainda que não sendo "estrondosa" é de uma meiguice e está escrita numa prosa poética que me embeveceram. Banana Yoshimoto fala-nos da relação de um jovem casal, Manaka (a narradora) e Hiroshi. Tendo-se conhecido na infância, à custa de serem vizinhos, cedo criaram uma empatia que os fez apreciar a companhia um do outro, incluindo aqueles momentos de silêncio que, quando juntos a alguém que não se ama, podem ser embaraçosos. Hiroshi, mais calmo e introvertido que Manaka, vive sozinho com o avô desde que os pais o abandonaram ainda pequeno para ingressarem numa seita religiosa nos EUA. Com receio de que os progenitores do jovem o possam mandar buscar, os dois arquitectam um plano: casar-se-ão e, desta forma, Hiroshi passará a fazer parte, formalmente, da família de Manaka. E o livro conta-nos como é este casamento, em que a noiva continua a viver com os pais e o noivo com o avô...
Ao ler o livro tive, frequentemente, a sensação de ler o relato de um primeiro amor inconsequente... Daqueles que, aos 4 anos, nos fazem corar ao dizer aos pais que "temos namorado". Parecia-me o relato inocente e assexuado de dois jovens amigos que se julgam apaixonados. Foi, por isso surpreendente, que Manaka revelasse que mantinham relações desde os tempos de escola...
Gostei bastante do livro e da escrita de Banana Yoshimoto... Só tive pena que a morte do avô de Hiroshi e a ida dos seus pais para os EUA (bem como as repercussões que essa deslocação teve) tomassem o lugar principal do romance, o qual seria, a meu ver, infinitamente mais rico se se explorasse mais a relação entre os dois.
Nota 3
Na verdade, gostaria de poder dar uma nota 3,5... A história deste pequeno livro, ainda que não sendo "estrondosa" é de uma meiguice e está escrita numa prosa poética que me embeveceram. Banana Yoshimoto fala-nos da relação de um jovem casal, Manaka (a narradora) e Hiroshi. Tendo-se conhecido na infância, à custa de serem vizinhos, cedo criaram uma empatia que os fez apreciar a companhia um do outro, incluindo aqueles momentos de silêncio que, quando juntos a alguém que não se ama, podem ser embaraçosos. Hiroshi, mais calmo e introvertido que Manaka, vive sozinho com o avô desde que os pais o abandonaram ainda pequeno para ingressarem numa seita religiosa nos EUA. Com receio de que os progenitores do jovem o possam mandar buscar, os dois arquitectam um plano: casar-se-ão e, desta forma, Hiroshi passará a fazer parte, formalmente, da família de Manaka. E o livro conta-nos como é este casamento, em que a noiva continua a viver com os pais e o noivo com o avô...
Ao ler o livro tive, frequentemente, a sensação de ler o relato de um primeiro amor inconsequente... Daqueles que, aos 4 anos, nos fazem corar ao dizer aos pais que "temos namorado". Parecia-me o relato inocente e assexuado de dois jovens amigos que se julgam apaixonados. Foi, por isso surpreendente, que Manaka revelasse que mantinham relações desde os tempos de escola...
Gostei bastante do livro e da escrita de Banana Yoshimoto... Só tive pena que a morte do avô de Hiroshi e a ida dos seus pais para os EUA (bem como as repercussões que essa deslocação teve) tomassem o lugar principal do romance, o qual seria, a meu ver, infinitamente mais rico se se explorasse mais a relação entre os dois.
Nota 3
quinta-feira, 30 de agosto de 2012
Louca Por Compras
Louca Por Compras
de Sophie Kinsella
Editor: Livros d'Hoje
ISBN: 9789722037471
Sinopse
Quando as coisas se descontrolam - os descontrolados vão às compras. Rebecca Bloomwood é louca por compras, está enterrada de dívidas até aos ossos e passa o tempo a tentar escapar ao seu gerente de conta. A sua única esperança é tentar ganhar mais e gastar menos. O seu único consolo é comprar alguma coisa - só mais uma coisinha…
Tenho uma amiga (a Andreia) que, quando me propuseram escrever críticas literárias no meu emprego, me disse "realmente és a pessoa certa... só lês livros que são uma seca!"
A Andreia não lia... até que eu a chateei, criticando-a enquanto livreira que não lê. Lá foi em busca do seu nicho literário e encontrou o nirvana: a saga "Louca Por Compras" da britânica Sophie Kinsella. Depois de ela ME chatear, capitulei e comprei 2 livros da saga (em saldos!!!) e prometi redimir-me da minha secante vida literária.
Este é o primeiro volume da colecção. Nele conhecemos Becky, uma rapariga de "coração puro" que não resiste a uma tabuleta de saldos. Cada vez mais endividada, vai arranjando estratagemas cada vez mais absurdos para escapar aos credores. Nisto, arranja um novo emprego e apaixona-se por um homem que é a sua antítese.
É um livro light, que se lê bem e que, ao contrário da crença da Andreia, pertence a um género do qual já li uns títulos, há mais de 15 anos, quando o boom da "chick-lit" chegou a Portugal, com os "diários de Bridget Jones".
A Andreia não lia... até que eu a chateei, criticando-a enquanto livreira que não lê. Lá foi em busca do seu nicho literário e encontrou o nirvana: a saga "Louca Por Compras" da britânica Sophie Kinsella. Depois de ela ME chatear, capitulei e comprei 2 livros da saga (em saldos!!!) e prometi redimir-me da minha secante vida literária.
Este é o primeiro volume da colecção. Nele conhecemos Becky, uma rapariga de "coração puro" que não resiste a uma tabuleta de saldos. Cada vez mais endividada, vai arranjando estratagemas cada vez mais absurdos para escapar aos credores. Nisto, arranja um novo emprego e apaixona-se por um homem que é a sua antítese.
É um livro light, que se lê bem e que, ao contrário da crença da Andreia, pertence a um género do qual já li uns títulos, há mais de 15 anos, quando o boom da "chick-lit" chegou a Portugal, com os "diários de Bridget Jones".
Nota: 3
Louca Por Compras dá o Nó
de Sophie Kinsella
Editor: Dom Quixote
ISBN: 9789722026956
Sinopse
Pela primeira vez na vida de Becky Bloomwood, as coisas estão
a correr de feição: tem um emprego de sonho, como personal shopper (gasta o
dinheiro dos outros e ainda lhe pagam para isso), vive com o namorado, Luke, num
apartamento fabuloso em Manhattan e abriram mesmo uma conta bancária conjunta,
apesar de não chegarem a acordo acerca de uma saia Miu Miu ser ou não
considerada despesa de manutenção da casa.
quarta-feira, 15 de agosto de 2012
As Cinquenta Sombras de Grey - Parte II
As Cinquenta Sombras de Grey - O início da trilogia de
que todas as mulheres estão a falar... discretamente.
de E. L.
JamesEditor: Lua de Papel
ISBN: 9789892319957
Sou sincera... Não gosto deste livro! Não acho que tenha qualidade literária, que esteja bem escrito, que seja inovador! Se o sucesso do livro se deve ao teor erótico, existem livros muito melhores no mercado, como os de Henry Miller... Se é pelo teor sado-maso, leia-se Marquês de Sade... Se é pela história de amor... leia-se qualquer outro! A revolta que sinto ao ver os exemplares voarem dos escaparates é idêntica à que senti quando a febre Twilight atingiu as adolescentes de todo o Mundo e eu via o Bram Stocker, esse sim um clássico do género, permanecer, empoeirado, nas estantes. Não percebo estes fenómenos... Se se interessam por um tema, porquê resignar-se com a versão "barata" quando a de qualidade está ali mesmo ao lado?
Por isso foi com bastante curiosidade que, após uma conversa com um colega livreiro, li esta crítica que saiu no suplemento "Actual" do jornal "Expresso". Já lera a crítica saída no suplemento "Tentações" da revista "Sábado", na qual o crítico lhe dera uns beneméritos 20% de nota. Esta não foi tão favorável... mas, a meu ver, foi bem mais contudente e divertida:
"Posto à venda em Portugal no dia 9 deste mês, "As Cinquentas Sombras de Grey", de E. L. James, o romance erótico que é já considerado o grande fenómeno editorial de 2012, esgotou a primeira edição (15 mil exemplares) em apenas cinco dias, entrando directamente para o primeiro lugar do top em quase todos os principais pontos de venda: FNAC, Sonae, Corte Inglés (e para o segundo lugar na rede de livrarias Bertrand). Um sucesso comercial que replica, sem surpresa, o que tem acontecido por todo o mundo. Lançada em Abril deste ano, a trilogia vendeu 20 milhões de exemplares nos EUA em apenas quatro meses e um total de 31 milhões só nos países anglófonos. Traduzida em 40 países, lidera os tops em muitos deles (Alemanha, Espanha, Holanda, Itália, Reino Unido, etc.). É um êxito à escala global, muito na linha do que aconteceu há uns anos com o feiticeiro Harry Potter, de J. K. Rowling, e com os vampiros assexuados de Stephenie Meyer. Desta vez, porém, o público-alvo não é composto por adolescentes ávidos de mundos fantásticos ou romantismo kitsch, mas por mulheres adultas, de todas as idades, atraídas pelas tórridas cenas de sexo. Houve quem lhe chamasse «pornografia para mamãs», sobretudo nos EUA, mas o epíteto peca por exagero. E. L. James limitou-se a materializar, tudo indica na medida certa, as fantasias de um número significativo de pessoas que estão habituadas às elipses do costume (a porta que se fecha, a luz que se apaga) e nunca devem ter lido na vida um livro de Henry Miller ou Anaïs Nin.
O mais espantoso neste fenómeno editorial é o modo como surgiu do nada. E. L. James, pseudónimo de Erika Leonard, uma produtora televisiva britânica de 49 anos, começou a escrever num site de fanfiction, género literário que consiste em copiar o estilo, o universo e as personagens de um determinado autor. No caso de James, a escritora imitada era Stephenie Meyer, a criadora da saga "Twilight". E se a fonte de inspiração já não augurava nada de bom, o nom de plume trazia, em si mesmo, uma antecipação do desastre: Snowqueens Icedragon (mais na linha do que se esperaria, por exemplo, de um imitador de George R. R. Martin). Ao contrário de Meyer, James introduzia muito sexo nas suas histórias, o que suscitou críticas e a levou a transferir o material para outro site. No processo de reescrita, deixados para trás os nomes originais das personagens, apareceram Anastasia Steele (ex-Isabella Swan) e Christian Grey (reconversão do vampiro Edward Cullen em milionário controlador), figuras centrais do que viria a ser "As Cinquenta Sombras de Grey". Estávamos em Maio de 2011 e o primeiro volume da trilogia foi posto à venda em versão e-book por uma modesta editora virtual, sediada na Austrália. A história podia acabar aqui, como acabam 99,99% dos livros escritos por pessoas com o perfil e o talento literário quase nulo de E. L. James. Acontece que o passa-palavra funcionou um pouco por todo o lado, com reflexo directo nas vendas, e foram surgindo cada vez mais referências, na Internet, ao livro que andava a deixar literalmente excitadas muitas leitoras. Quando o terceiro volume da trilogia foi lançado, em Janeiro deste ano, várias reportagens nos principais meios da comunicação social norte-americana destacaram o marketing viral espontâneo associado à série e o facto de muitas mulheres andarem nos transportes públicos a ler «o romance escaldante de que se fala», tranquilas porque os seus leitores de e-books as deixavam a salvo do escrutínio indiscreto que os outros passageiros fazem, quando podem olhar para a lombada. O resto – edições em papel, traduções para o mundo inteiro, venda dos direitos cinematográficos – aconteceu à velocidade da luz, deixando a autora num estado de compreensível incredulidade.
"Não consigo perceber como é que se tornou tão popular", disse E. L. James em entrevista ao "Expresso" (revista "Única", 30 de Junho), referindo-se à sua obra"As Cinquenta Sombras de Grey" é apenas a natureza das cenas de sexo, mais numerosas e descritas de forma mais explícita do que será habitual nas edições mainstream. Mas se a isto, mais às incursões pífias no domínio do sadomasoquismo, se resume o alvoroço provocado por estes livros, então é caso para concluir que não só o sexo continua a vender (como sempre vendeu) mas encontrou novos nichos de consumo, infelizmente menos abertos à experimentação erótica e libertos de condicionantes morais do que se poderia pensar. Na sua essência, a abordagem de E. L. James é profundamente conservadora. O tema central do livro não é o carácter negro de Christian Grey, personagem que noutras mãos poderia revelar alguma profundidade, mas o esforço hercúleo de Anastasia, a heroína inocente, para o resgatar aos seus demónios, à "sua própria escuridão", e "trazê-lo para a luz". Não se escapa aqui a um único dos estereótipos femininos: do fascínio pelo príncipe encantado ao impulso salvífico. E a suposta perversão de Grey – materializada em práticas sadomasoquistas que só podiam ser consequência, claro está, de traumas infantis profundos – também é um logro. Cedo compreendemos que o "dominador" vai sendo gradualmente dominado por quem era suposto dominar, incapaz de lhe fazer, chegada a hora decisiva, o que fez às quinze "submissas" precedentes. Por «amor», Anastasia sujeita-se a ser algemada, a levar açoites e a sentir no corpo o peso de uma chibata. Mas o «castigo» é sempre relativamente soft: sem sangue, sem dor extrema. Quando Anastasia desafia Grey a forçar os limites do contrato de submissão, várias vezes discutido (aliás, com excessiva minúcia) mas nunca assinado, tudo acaba.
Na prática, "As Cinquenta Sombras de Grey" não passa de um conto de fadas clássico, só que sem happy end (quase de certeza guardado para o final da série). Christian Grey é o príncipe encantado, misterioso e emocionalmente “volátil”, cuja obsessão pelo controlo trai a natureza sombria a que o título do romance alude. Aos 27 anos, é riquíssimo, poderoso, e uma idealização do homem de sucesso. Nas palavras da autora, muito dada às hipérboles, ele "não era só atraente – era o suprassumo da beleza masculina, deslumbrante". Os seus dotes são quase infinitos: toca ao piano peças melancólicas de Chopin e transcrições de Bach, colecciona arte contemporânea, sabe pilotar o seu helicóptero particular, voa em planadores e, mais importante do que tudo o resto, é um verdadeiro deus do sexo, sempre preocupado com a satisfação da sua companheira (nunca chega ao orgasmo antes dela) e aparentemente bafejado pela completa ausência de período refractário. Por seu lado, Anastasia, quando conhece Grey aos 21 anos, prestes a completar o ensino superior, é a própria imagem da inocência. Virgem, raras vezes foi beijada, nunca teve namorado, nunca se embebedou, nunca se masturbou. A partir da página 128, tudo isso muda drasticamente, mas o grau de inverosimilhança destas criaturas, e do que fazem e dizem, mantém-se até ao fim.
Na primeira visita a casa de Grey, Anastasia fica desde logo a conhecer a "sala de diversões" de Christian, com uma grelha de ferro suspensa do tecto, uma cruz presa à parede, cordas, correntes, algemas e um "sortido assombroso de palmatórias, chicotes, chibatas e instrumentos com penas de aspecto curioso". Aquele aparato todo parece destinado a infligir dor à pobre rapariga, mas na verdade ela só passa por ali duas vezes (e um pouco de fugida). Mais do que o antro de um torturador, a sala é uma metáfora do que E. L. James faz à literatura. Às mãos de Grey, Anastasia fica, no máximo, com o rabo vermelho e dorido. Às mãos de E. L. James, a literatura esvai-se em sangue até à morte.
Quase tudo na escrita desta autora é mau. O que não é mau, é péssimo. A "voz" de Anastasia, narradora na primeira pessoa, rapidamente se torna insuportável (sobretudo quando abusa de interjeições como "Uau!", "Bolas!" e "Oh não!"). Alvoroçada pela ideia que faz do amante, mesmo quando ele não está por perto, Anastasia sente o corpo como o palco de um "frenesim", de um "carnaval de emoções". Daí a repetição até à náusea dos sintomas clássicos do enlevo amoroso: joelhos a tremer, borboletas na barriga, pernas com "consistência de gelatina", o "sangue a zunir nas veias", o coração "a tentar fugir pela boca". A frequência cardíaca acelera sempre, a respiração suspende-se, há descargas eléctricas, há olhos revirados e lábios mordidos. Protagonista do livro não é Anastasia, é o seu corpo. É nele que se desenrolam os "avassaladores" orgasmos, que tanto alarido provocam nos grupos de discussão na Internet, é através dele que Anastasia diz o que as palavras não podem (ou não sabem). Corando, por exemplo. Nunca, na história da literatura universal, uma personagem terá corado tanto. E de tantas formas diferentes: "furiosamente", "ligeiramente", "violentamente". À sua melhor amiga, Anastasia diz a dada altura: "Oh, Kate, tu sabes que estou sempre a corar. É inevitável." Deve ser mesmo: no total, acontece 152 vezes em 547 páginas. Uma vez a cada três páginas e meia.
No fundo, quem devia corar a sério não era Anastasia, era quem a criou. Como se o relato pormenorizado de todas as alterações fisiológicas da heroína não fosse suficientemente penoso, James ainda nos oferece o espectáculo grotesco da cabeça confusa de Anastasia, onde se digladiam o "subconsciente" (sempre céptico) e uma "deusa interior" (sempre eufórica), ambos antropomorfizados e dispostos a opinar sobre cada escolha ou dilema da rapariga. Pior mesmo só os arremedos poéticos de E. L. James, que redundam em imagens extraordinárias como estas: "a voz dele era quente e sedutora como brigadeiro de caramelo derretido"; "estava de tronco nu e eu bebi-o com os olhos, como se estivesse doida de sede e ele fosse água fresca de uma nascente da montanha"; "a expectativa borbulhava-me nas veias como um refrigerante". Ao pé disto, Margarida Rebelo Pinto soa a Virginia Woolf.
A Lua de Papel prevê editar o segundo volume da trilogia ("As Cinquenta Sombras Mais Negras") em Outubro e o último ("As Cinquenta Sombras Livre") em Fevereiro de 2013. Não exijam é a este crítico o sacrifício de os ler. Como diria Grey, com este primeiro já foram ultrapassados todos os limites toleráveis de sofrimento.
Avaliação: 0,5/10"
[Texto publicado no suplemento "Actual", do semanário "Expresso"]
domingo, 12 de agosto de 2012
Não Nos Roubarão a Esperança
Não nos Roubarão a Esperança
de Júlio Magalhães
Editor: A Esfera dos Livros
ISBN: 9789896263997
Sinopse
Poderá o amor nascer em tempo de guerra? No Portugal de Salazar e nos tempos conturbados da guerra civil espanhola, Miguel Oliveira, voluntário português ao serviço das tropas nacionalistas de Franco, é feito prisioneiro pelos republicanos, depois de o seu avião ter caído nos arredores de Barcelona. Um feliz golpe de sorte salva-o de um julgamento sumário e de uma morte certa por fuzilamento. Será trocado por um oficial republicano, perto de Madrid. Miguel inicia uma longa viagem de automóvel que o vai levar de Barcelona a Madrid num território pejado de perigos. Será durante essa intensa viagem que ele conhecerá e se apaixonará por Dolores, a jovem republicana responsável por levá-lo à capital espanhola. Outrora uma defensora ardente da República, Dolores está nos finais da guerra, cansada de ver tanta morte e destruição. Para sua grande surpresa e sem nunca abandonar os seus ideais, a jovem republicana encontrará em Miguel um bom confidente e até um protetor. Tendo como pano de fundo a violenta paisagem desenhada pela guerra civil, Não nos roubarão a esperança, narra o nascimento de um grande amor que terá de provar ser mais forte do que o ódio.
Júlio Magalhães leva-nos até ao cenário da Guerra Civil Espanhola para nos
contar a história de dois portugueses, dois irmãos, sangue do mesmo sangue,
separados por convicções diferentes. Duarte e Pedro, que partem para o país
vizinho, para combater em diferentes lados da barricada. Um ao lado dos
nacionalistas e o outro dos republicanos. Contudo, para além da violência e do
drama do conflito, estes dois irmãos irão encontrar o amor.
"
Junho de 1938.
Arredores de Barcelona.
Duarte abriu os olhos e levou alguns segundos a distinguir o
que estava à sua volta. Um bando de
crianças sujas e mal vestidas olhava para ele tentando disfarçar o medo. O piloto levou a mão à testa e sentiu o
sangue antes de o ver. Uma dor terrível
apertava-lhe o pé esquerdo, ou talvez o direito. Tudo naqueles primeiros instantes lhe parecia
confuso. Na sua cabeça uma imagem
repetia-se. O fumo e as chamas que saiam
do grande motor do avião, o chão a aproximar-se e os gritos do seu copiloto. Depois de um violento embate contra um
terreno seco tudo ficou, subitamente, estranho.
Não conseguia lembrar-se de mais nada.
Até aquelas crianças ranhosas e desdentadas não faziam sentido para
Duarte. Que raio estavam ali a
fazer? Onde estava o seu avião? Olhou para trás e sentiu, mais do que viu, os
restos esventrados do seu aparelho italiano com o fogo a consumir a madeira que
lhe dava forma. Mais ao longe, ainda
altivo, o motor rodeado por chamas.
Quis levantar-se, mas o pé não o deixou. Soltou um grito de dor. As crianças assustaram-se com o grito e
recuaram uns passos tímidos. Aos poucos
foram perdendo o medo e voltaram a aproximar-se do piloto português. Duarte podia, agora, ver com um pouco mais de
detalhe as seis ou sete crianças que o rodeavam.
Porque tinham elas espingardas nas mãos? Duarte esforçou-se para focar a imagem tanto
quanto lhe deixava aquela maldita dor na cabeça mesmo por cima dos olhos. Sobressaltou-se. As crianças tinham mesmo armas e estavam
apontadas a ele? Bastaram mais uns
segundos para Duarte perceber que era tudo a brincar.
As espingardas eram de pau.
A fingir. Sem saber como, Duarte
encontrou forças para sorrir.
Uma das crianças, mais afoita, aproximou-se com a sua arma a
fingir em punho. Encurvou-se ligeiramente
para apontar a sua espingarda faz-de-conta ao corpo deitado do piloto. Não devia ter mais de 8 anos e uma cara
marcada por sardas. A criança fechou a
boca e franziu o sobrolho para tentar encontrar a cara mais terrível que
conseguisse. Se a espingarda era falsa,
a sua voz era verdadeira e o ódio com que disse aquela curta frase assustou
Duarte:
- Pum! Estás morto,
fascista dum filho da puta!"
(Pré-publicação de um excerto do primeiro capítulo do livro “Não
Nos Roubarão a Esperança”, de Júlio Magalhães, publicado na revista Tentações
na edição 430 da revista Sábado)
sábado, 28 de julho de 2012
Desistir Não é Opção
Desistir Não é Opção
de Paulo Sousa e Costa
Editor: Lua de Papel
ISBN: 9789892319544
Sinopse
Certo dia na praia, quando um casal de desconhecidos lhe perguntou a idade, o Paulinho disparou apressado: "Tenho sete anos." Mas não tinha, era uma mentira inocente de criança, que a um mês do aniversário queria impressionar... Ao lado, o pai fingiu não ouvir, com um sorriso nos lábios. Naquele momento, debaixo de um Sol radioso, ao ouvir o barulho das ondas, Paulo Sousa Costa desfrutava apenas do despreocupado amor pelo filho, no último dia de praia, no fim do último Verão que passariam juntos. O Paulo não sabia, nunca poderia imaginar, que o Paulinho não chegaria a fazer sete anos. Ao anjinho louro, de cabelo encaracolado, sobravam apenas 15 dias de vida. Num dia estava bom, no outro já não estava, levado por uma leucemia fulminante. Desistir Não é Opção é uma história de amor. De um menino que foi amado desde o dia em que foi concebido, a milhares de quilómetros de distância, numa Nova Iorque de sonho. É a aventura de um pai e de um filho que cresceram juntos, e se separaram abruptamente. O que o Paulo ensinou o filho a nunca desistir, e foi o que ele teve de aprender da pior maneira possível. E, em memória do anjinho louro, o pai prometeu a si próprio levantar-se e viver. Porque, como costumava dizer ao Paulinho sempre que ele enfrentava um obstáculo, Desistir não é Opção!
Nunca leio livros de Espiritualidades ou Auto-Ajuda. Não digo isto de forma orgulhosa... apenas não tenho o gene da crença, o que me leva a olhar cepticamente para todos os livros do género. Mas este foi lido! Assim que chegou à loja não consegui deixar de ler a sinopse ("defeito" de ser mãe?) e depois a minha mãe pediu-me para lho comprar. No dia em que o adquiri, "esqueci-me" de o dar quando passei em casa dos meus pais depois do trabalho e acabei por o levar comigo e o ler. Este não é um livro de Auto-Ajuda... É uma extensa e bela carta de amor de um pai para o filho. É raro ver um homem colocar assim o coração no papel e lançá-lo para o mundo para toda a gente ver. É, também, belíssimo. É a prova de que o verdadeiro amor não tem pré-conceitos... Um homem não chora? Chora, se assim tiver de ser! Apenas... Desistir é que não é opção!
sexta-feira, 20 de julho de 2012
A Pérola
A Pérola
de John Steinbeck
Editor: Livros do Brasil (Colecção Nobel)
ISBN: 9723827948
Sinopse:
Baseada num conto popular mexicano, A Pérola constitui uma inesquecível parábola poética sobre as grandezas e as misérias do mundo tão contraditório em que vivemos. É, assim, a história comovente de uma pérola enorme, de como foi descoberta e de como se perdeu… levando com ela os sonhos bons e maus que representava, mas é também a história de uma família e da solidariedade especial entre uma mulher, um pobre pescador índio e o filho de ambos.
Mais uma ideia retirada aos alunos que vão lá à loja à procura de mais um livro do Plano Nacional de Leitura. Este costuma granjear simpatias por ser tão fino...
Kino é um pobre pescador que nada tem de seu excepto uma canoa, o seu casebre e a família. Ele e a mulher, Juana, têm um bebé, Coyotito, que é peça fulcral em toda a acção. Quando Coyotito é mordido por um escorpião, os pais apressam-se a levá-lo à cidade, a casa do médico, mesmo sabendo que, como indigentes, dificilmente serão atendidos. Mas o desespero de ver o filho perto da morte faz com que ambos (se bem que principalmente Juana) esqueçam os obstáculos e acorram a casa do curandeiro. Mas a sua pobreza não lhes dá acesso para lá dos portões onde, perante o olhar da aldeia que os seguira, são enxotados. Kino é um homem orgulhoso, e a desfeita pública faz-lhe ferver o sangue. Quando, posteriormente, encontra uma pérola de grande tamanho, a "pérola do mundo" o seu coração rejubila com a ideia de vingança e de contas ajustadas. Ele não sonha em fazer sofrer quem o ofendeu... Não! Para ele a maior vingança será poder casar na igreja com Juana, poder andar vestido sem ser de forma andrajosa e, mais importante, poder colocar Coyotito na escola onde ele escapará a uma vida de analfabetismo e miséria como a dos seus pais. Claro que, assim que se espalha a notícia da existência de uma tal Pérola, os interesseiros chegam aos magotes... Sendo que o primeiro é o médico, lustroso, que vem ver a criança na esperança de riquezas futuras. Mas Kino está atento... Aos seus ouvidos soa, ininterruptamente, a "canção do inimigo", sinal supremo de traição e perigo. E assim, uma Pérola que se prometia benfeitora, torna-se a raiz de todos os males!
Gostei muito deste livro/conto. Acho que Steinbeck, de forma quase poética, conseguiu ilustrar o negrume e os limites (ou falta deles) da ambição humana. É um livro pequeno, mas com uma mensagem poderosíssima, que faz pensar!
Nota 4
sábado, 14 de julho de 2012
Afinal... não foi o mordomo!
Porque nem só de literatura light se fazem as leituras de
Verão, hoje trago algumas novidades do policial, outro género com bastante
saída na época balnear.
Os Diários Secretos
de Camilla Läckberg
Editor: Dom Quixote
ISBN: 9789722050470
Sinopse:
O verão está a chegar ao fim e a escritora Erica Falk regressa ao trabalho depois de gozar a licença de maternidade. Agora cabe ao marido, o inspetor Patrik Hedstr¿m, tratar da pequena Maja. Mas o crime não dá tréguas, nem sequer na tranquila cidade de Fjällbacka e, quando dois adolescentes descobrem o cadáver de Erik Frankel, Patrik terá de conciliar os cuidados à filha com a investigação do homicídio deste historiador especializado na Segunda Guerra Mundial. Recentemente, Erica fez uma surpreendente descoberta: encontrou os diários da mãe, com quem teve um relacionamento difícil, junto a uma antiga medalha nazi. Mas o mais inquietante é que, pouco antes da morte do historiador, Erica tinha ido a casa dele para obter informações sobre a medalha. Será que a sua visita desencadeou os acontecimentos que levaram à sua morte? E estará Erica preparada para conhecer os segredos dos diários da mãe? Camilla Läckberg combina com mestria uma história contemporânea com a vida de uma jovem na Suécia dos anos 1940. Com recurso a numerosos flashbacks, a autora leva-nos a descobrir o obscuro passado da família de Erica Falk.
Pena Capital
de Robert Wilson
Editor: Dom Quixote
ISBN: 9789722050517
Sinopse:
Alyshia D’Cruz, filha do magnata indiano Francisco «Frank» D’Cruz, cresceu entre Londres e Mumbai, num meio privilegiado. Mas uma noite, depois de uma festa com muito álcool, Alyshia entra no táxi errado...
Charles Boxer, ex-militar e ex-polícia, encontrou a sua vocação na segurança privada. A sua especialidade: raptos e resgates. Mas é uma vida sem raízes, que não impressiona a filha adolescente, Amy, nem a mãe desta, a sargento-detetive Mercy Danquah.
Quando D’Cruz contrata Boxer para encontrar Alyshia, este percebe que o complicado império empresarial de Frank lhe valeu muitos inimigos. Apesar da imensa fortuna de D’Cruz, os raptores não querem dinheiro - preferem um jogo cruel e letal. Mas o governo do Reino Unido não quer que o seu novo grande investidor perca a filha no centro da capital. Agentes do MI6 na Índia seguem as pistas de Boxer e, quando o rasto se cruza com uma conspiração terrorista em Londres, depressa se torna aparente que não é apenas a vida de Alyshia que está em causa.
Para salvar Alyshia, Boxer tem de fintar fanáticos religiosos, mafiosos indianos e senhores do crime londrinos. Pena Capital é uma viagem arrepiante ao lado negro de pessoas e lugares que estão escondidos, à espera do momento certo para destruir uma vida.
Charles Boxer, ex-militar e ex-polícia, encontrou a sua vocação na segurança privada. A sua especialidade: raptos e resgates. Mas é uma vida sem raízes, que não impressiona a filha adolescente, Amy, nem a mãe desta, a sargento-detetive Mercy Danquah.
Quando D’Cruz contrata Boxer para encontrar Alyshia, este percebe que o complicado império empresarial de Frank lhe valeu muitos inimigos. Apesar da imensa fortuna de D’Cruz, os raptores não querem dinheiro - preferem um jogo cruel e letal. Mas o governo do Reino Unido não quer que o seu novo grande investidor perca a filha no centro da capital. Agentes do MI6 na Índia seguem as pistas de Boxer e, quando o rasto se cruza com uma conspiração terrorista em Londres, depressa se torna aparente que não é apenas a vida de Alyshia que está em causa.
Para salvar Alyshia, Boxer tem de fintar fanáticos religiosos, mafiosos indianos e senhores do crime londrinos. Pena Capital é uma viagem arrepiante ao lado negro de pessoas e lugares que estão escondidos, à espera do momento certo para destruir uma vida.
A Relíquia
de Douglas Preston, Lincoln Child
Editor: Saída de Emergência
ISBN: 9789896374143
Sinopse:
Quando uma equipa de arqueólogos é selvaticamente massacrada na bacia do Amazonas, tudo o que resta da expedição são algumas caixas contendo amostras de plantas e a estátua de um deus misterioso.Viajando de barco em barco e de porto para porto, as caixas acabam por chegar ao Museu de História Natural de Nova Iorque, apenas para serem fechadas numa cave e esquecidas.
Mas o coração negro da Amazónia nunca esquece. Algum tempo depois, quando o museu decide expor a arrepiante estátua, alguém ou algo começa a vaguear pelos corredores e galerias poeirentas do museu. E é então que se dão as mortes brutais. Mas quem será o responsável? Um louco... ou algo muito mais inexplicável?
A Relíquia é um romance arrepiante onde se entrelaça o dia a dia de um enorme museu com factos científicos, personagens poderosas e um enredo que arrebata o leitor da primeira página até à reviravolta final.
Mas o coração negro da Amazónia nunca esquece. Algum tempo depois, quando o museu decide expor a arrepiante estátua, alguém ou algo começa a vaguear pelos corredores e galerias poeirentas do museu. E é então que se dão as mortes brutais. Mas quem será o responsável? Um louco... ou algo muito mais inexplicável?
A Relíquia é um romance arrepiante onde se entrelaça o dia a dia de um enorme museu com factos científicos, personagens poderosas e um enredo que arrebata o leitor da primeira página até à reviravolta final.
O Monstro de Florença - Uma História Verdadeira
de Douglas Preston, Mario Spezi
Editor: Editorial Presença
ISBN: 9789722348362
Sinopse:
Douglas Preston, ao mudar-se para Itália, ouve falar da história verídica do Monstro de Florença - o assassino que, entre 1974 e 1985 matou e mutilou catorze pessoas, sem nunca se ter descoberto a sua identidade, ainda que muitas tenham sido as detenções de inocentes e as teorias acerca do caso. O próprio FBI esteve envolvido nas investigações, e a violência dos crimes foi de tal ordem que existe o rumor de que a personagem Hannibal Lecter se baseia neste criminoso desconhecido.
A corrupção e a incompetência da polícia italiana são expostas por Preston e por Mário Spezi, jornalista italiano que desde o início acompanha obsessivamente o caso, de tal forma que acabam por ficar na mira das autoridades - que chegam a prender Spezi pelos crimes e a acusar Preston de cumplicidade.
A corrupção e a incompetência da polícia italiana são expostas por Preston e por Mário Spezi, jornalista italiano que desde o início acompanha obsessivamente o caso, de tal forma que acabam por ficar na mira das autoridades - que chegam a prender Spezi pelos crimes e a acusar Preston de cumplicidade.
Críticas de imprensa:
«Esta história baseada num caso real ocorrido em Florença cria uma tensão implacável que prende o leitor aos desafios do enredo.»
Publishers Weekly
«Esta fascinante colaboração, entre um autor de bestsellers americano e um repórter italiano, produziu um thriller extremamente invulgar em que os próprios autores se tornam suspeitos.»
CBS News
Publishers Weekly
«Esta fascinante colaboração, entre um autor de bestsellers americano e um repórter italiano, produziu um thriller extremamente invulgar em que os próprios autores se tornam suspeitos.»
CBS News
Flores Caídas no Jardim do Mal - Primavera
de Mons Kallentoft
Editor: Dom Quixote
ISBN: 9789722050333
Sinopse:
O sol primaveril brilha em Linköping, no centro da Suécia, e aquece os poucos habitantes, ainda pálidos da escuridão de um inverno prolongado, que ousaram sair para tomar café nas esplanadas da cidade. Já há andorinhas a voar em círculos no céu e as bancas de flores já exibem tulipas coloridas. Uma mulher passeia com as duas filhas pela Praça Grande da cidade e dirige-se à caixa automática de um banco para levantar dinheiro. E, subitamente, há um som aterrador que atravessa a cidade e faz estremecer as construções mais sólidas e os corações mais endurecidos. Momentos depois, Malin chega à praça e a visão que a atinge dificilmente poderá ser apagada. Num manto de flores despedaçadas e ramos espalhados há vidros partidos, o sapato de uma criança, um pombo a debicar o que aparenta ser um pedaço de carne e, a pairar sobre este cenário de tragédia, um silêncio absolutamente ensurdecedor. Alvo de um atentado, Linköping nunca mais será a mesma
O Oásis Escondido
de Paul Sussman
Editor: Bertrand Editora
ISBN: 9789722524643
Sinopse:
No ano de 2152 a.C., oitenta sacerdotes do Antigo Egipto usam a capa da noite para irem até ao deserto levando consigo um misterioso objeto envolto num pano. Quatro semanas mais tarde, ao chegarem ao seu destino, cortam em silêncio os pescoços uns dos outros.
Quatro mil anos mais tarde, no Egito dos nossos dias, Freya Hannen, alpinista profissional, chega para ir ao funeral da irmã, Alex, uma exploradora do Sara. Desde o início que Freya desconfia das alegações de que a irmã se terá suicidado e decide investigar as verdadeiras causas da sua morte. Recebe a ajuda de Flin Brodie, um académico britânico amigo da falecida irmã. Também Flin procura respostas: dedicou a vida inteira à procura de um mítico oásis escondido.
Num thriller de cortar a respiração — o próprio Sussman trabalhou como arqueólogo no Egito - seguimos a inesquecível aventura dos dois protagonistas. Em jogo não está apenas um grande mistério da arqueologia, a localização do lendário oásis de Zerzura, mas também a chave para um segredo terrível e surpreendente que reside no coração do oásis.
Quatro mil anos mais tarde, no Egito dos nossos dias, Freya Hannen, alpinista profissional, chega para ir ao funeral da irmã, Alex, uma exploradora do Sara. Desde o início que Freya desconfia das alegações de que a irmã se terá suicidado e decide investigar as verdadeiras causas da sua morte. Recebe a ajuda de Flin Brodie, um académico britânico amigo da falecida irmã. Também Flin procura respostas: dedicou a vida inteira à procura de um mítico oásis escondido.
Num thriller de cortar a respiração — o próprio Sussman trabalhou como arqueólogo no Egito - seguimos a inesquecível aventura dos dois protagonistas. Em jogo não está apenas um grande mistério da arqueologia, a localização do lendário oásis de Zerzura, mas também a chave para um segredo terrível e surpreendente que reside no coração do oásis.
«Um dos melhores autores de suspense internacional. Extraordinário.»
Steve Berry
Bom Verão e boas leituras!
Steve Berry
Bom Verão e boas leituras!
quinta-feira, 12 de julho de 2012
Casos do Beco das Sardinheiras
Casos do Beco das Sardinheiras
de Mário de Carvalho
Editor: Editorial Caminho
ISBN: 9789722105927
Sinopse
Plano Nacional de Leitura
Livro recomendado no programa de português do 9º ano de escolaridade, destinado a leitura orientada na sala de aula - Grau de Dificuldade II.
Excerto
"O Beco das Sardinheiras é um beco como outro qualquer, encafuado na parte velha de Lisboa. Uns dizem que é de Alfama, outros que é já de Mouraria e sustentam as suas opiniões com sólidos argumentos topográficos, abonados pela doutrina de olissiponenses egrégios. Eu, por mim, não me pronuncio. Tenho ideia de que ali é mais Alfama, mas não ficaria muito escarmentado se me provassem que afinal é Mouraria. Creio que o nome lhe vem das sardinheiras que exibem um carmesim vistoso durante todo o ano, plantadas num canteiro, que rompe logo à esquina, não longe da drogaria que já fica na Rua dos Eléctricos.
A gente que habita o Beco é como a demais. Nem boa nem má. Tem sobre os outros lisboetas um apego ainda maior ao seu sítio e às suas coisas. Desde há muito tempo que não há memória que algum dos do beco tenha emigrado de livre vontade."
A gente que habita o Beco é como a demais. Nem boa nem má. Tem sobre os outros lisboetas um apego ainda maior ao seu sítio e às suas coisas. Desde há muito tempo que não há memória que algum dos do beco tenha emigrado de livre vontade."
Quando se trabalha numa livraria e se tem a paixão pelos livros, é inevitável que os livros que mais nos pedem nos comecem a a atiçar a vontade de os folhear. Aconteceu-me já com o "História de uma gaivota e do gato que a ensinou a voar", e, agora, com este maravilhoso livro de contos. Já aqui disse que os contos não são o meu estilo literário de eleição. Por norma fico sempre com vontade de mais e pergunto-me por que motivo o/a autor/a não investiu um pouco mais de tempo e trabalho para transformar cada conto num romance. Costumo dizer que o conto é como a comida chinesa: sacia-nos no momento, mas meia-hora depois estamos cheios de fome.
Pois bem... Não há regra sem excepção!
Adorei este pequeno livro e os seus contos... A história do homem que engole a lua; a da pedra tão pesada que só uma criança lhe consegue pegar; o túnel que acaba no marco do correio; o instrumento musical que, quando tocado, faz desaparecer tudo em seu redor; a nuvem que não pára de chover, mesmo dentro de casa. Adorei! Não duvido que irei reler este livro!
A colocar defeito seria só no uso excessivo da palavra “escanifobético/a”, que surge em (quase) todos os contos. Mas como me trouxe reminiscências nostálgicas da infância (o livro é de ’82 e eu da colheita de ’79), numa altura em que toda a gente a usava, deixo passar!
Nota 4
segunda-feira, 9 de julho de 2012
Gabo
Todos sabemos que os livros imortalizam os seus autores... Que, se o autor for realmente bom, os seus livros mantém a sua importância e relevância muito depois do escritor ter desaparecido... Que as suas palavras, impressas no papel, o tornam imortal. É também verdade que, o egoísta que todos temos, em maior ou menor grau, dentro de nós faz-nos desejar a imortalidade física de todo aquele que nos toca os corações e parece iluminar a alma. Gabriel Garcia Marquez, o Gabo, é um desses autores para o meu pai. E foi com tristeza que ontem ouvimos a notícia de que não voltaria a escrever. E, desta vez, a morte nem precisou de reclamar o seu passageiro. A degradação mental roubou-lhe a memória... A idade reclamou a sua mente.
"O escritor colombiano Gabriel García Márquez não vai voltar a escrever, depois de ter sido diagnosticado com demência. O anúncio foi feito pelo irmão do escritor, Jaime García Márquez, numa conferência em Cartagena das Índias, Colômbia. Visivelmente emocionado contou que o Nobel da Literatura está bem em termos físicos, mas que perdeu a memória." era possível ler na notícia de ontem em Publico.pt "“Ele tem problemas de memória”, acrescentou, sem esconder a tristeza. “As vezes choro porque sinto que o estou a perder.” Jaime explicou que existem casos de demência na família, mas que com Gabriel a situação se complicou depois dos tratamentos ao cancro em 1999. “A quimioterapia salvou-lhe a vida mas também acabou com muitos dos neurónios, das defesas e células e acelerou o processo”, atestou. Ainda assim, o autor de “Cem Anos de Solidão” continua a “conservar o humor, a alegria e o entusiasmo”, garantiu Jaime, explicando que Gabriel teve de parar de escrever, não devendo sequer voltar a fazê-lo mais. “Infelizmente acho que não vai ser possível, mas oxalá esteja equivocado”, notou Jaime, lamentando que o irmão não possa escrever a segunda parte do seu livro de memórias, “Vivir para contarla”."
Fiquei bastante abalada pela notícia... Não só pela tristeza de ver o meu pai privado da qualidade das obras de Gabo, mas também porque acredito que o definhamento mental é mais cruel que o físico... e pensar que se pode ser o fenómeno literário que é Gabriel Garcia Marquez e deixar de se ter a noção de quem se é, parece-me de uma crueldade excessiva.
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